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Os Mais Vendidos
Existem muitas pessoas que acham que, no meio da arte, o que vende muito não é bom; bom mesmo é aquilo que é conhecido por poucas pessoas, apenas por aquelas que sabem apreciar e entender determinados artistas - que passam a ser chamados de "cult". Isso é uma bobagem tão grande que é difícil entender como pessoas que se consideram "inteligentes" ou "cultas" continuam a fazer disso uma regra nas suas vidas. Aliás, esse post é em homenagem a um professor de literatura da UFRGS que pediu aos seus alunos para fazerem uma resenha de algum livro que leram, mas que não poderia ser "desses que vendem muito, tipo o 'Código Da Vinci'", e sim um "tipo 'O Nome da Rosa'". Veja bem amigo, além de você ser um idiota, está ajudando a proliferar esse tipo de idiotice intelectualóde e elitista. Porque é isso que esse tipo de pensamento representa: uma tentativa de parecer intelectual e um esforço em tentar diferenciar-se da cultura "popular", colocando-a em um nível menor do que o "cult". O conceito de cult, como qualquer outro conceito, é uma construção. O cult é tão construído, tão não-natural quanto o que é "sucesso" ou "popular". Eu nem vou entrar no mérito de que gosto é relativo, apesar de isso já bastar para encerrar o assunto. Porém, a questão é mais embaixo: todo mundo tem o direito de achar algo bom ou ruim, mas não deveria usar a quantidade de vendas como parâmetro. Prefiro mostrar alguns exemplos de como nem sempre as coisas são como aparentam ser.
Começando pela música, qual é a banda considerada pelos "entendidos" como a melhor de todos os tempos? Os Beatles, né? Porém, nos anos 60 eles eram a coisa mais pop que existia na face da Terra, a ponto de alguém escrever que eles foram os Backstreet Boys da década de 60, o que não é tão exagerado assim... Além disso, são a única banda/artista da história da música que tem seis discos de diamante (mais de 10 milhões de cópias vendidas)! O duplo "The Beatles" (de 1968, conhecido também como "Álbum Branco") já vendeu mais de 19 milhões de cópias; as compilações "The Beatles 1967-1970" e "The Beatles 1962-1966" (ambas de 1973), venderam respectivamente 16 e 15 milhões de discos; "Abbey Road", de 1969, já passou dos 12 milhões; "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967, já vendeu mais de 11 milhões; a coletânea "1", de 2000, alcançou a impressionante marca de 10 milhões de discos em 2004. "Ah, mas Beatles é banda pop!", alguém pode pensar. "Quero ver um exemplo do rock'n roll!" O Led Zeppelin tem cinco discos de diamante...
Na literatura a coisa não é muito diferente. "Dom Quixote", de Cervantes, foi eleito por cem escritores de 54 países numa pesquisa do conceituado Clube do Livro da Noruega a melhor obra de ficção de todos os tempos. Porém, ele continua na lista dos mais vendidos em dezenas de países, sendo o segundo livro mais editado até hoje, perdendo só para a Bíblia. Mas justamente o melhor exemplo é sugestão do pseudo-mestre em Literatura da UFRGS: "O Nome da Rosa". Quando o livro foi publicado, em 1980, tornou-se rapidamente um dos maiores fenômenos editoriais das últimas décadas. Demorou apenas um ano para alcançar a marca de dois milhões de exemplares vendidos, somando hoje mais de 20 milhões em vendas. Recentemente a Folha de São Paulo colocou o livro na coleção da Biblioteca Folha, fazendo com que as vendas da edição daquele dia aumentassem em mais de 30%. Poderia ainda citar os exemplos da Lya Luft e dos Veríssimos (Érico e Luis Fernando), mas não vou me alongar muito.
Talvez no cinema seja mais difícil de achar exemplos, mas eles não faltam: entre os diretores mais aclamados, vários "blockbusters": Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Roman Polanski, até o David Lynch (com a série Twin Peaks) já foram vistos por milhões de pessoas.
Chega de dar exemplos. O que eu quero dizer é que podemos gostar do que nós quisermos, podemos achar ruim o que der na telha, mas temos que evitar sermos pedantes e/ou preconceituosos. Não se pode rechaçar uma obra simplesmente pela vendagem que ela alcançou, sem ao menos tê-la visto, ouvido ou provado; há muito se esqueceu que muitas vezes a vendagem é tão somente conseqüência da qualidade do produto. A grande maioria das pessoas que criticam o Paulo Coelho nunca leram sequer uma linha dele; alguns até já leram "Ulisses", de Joyce, e fingem que entenderam e gostaram para manterem-se no grupinho fechado dos cult. Não deveria ser por aí. Todos deveriam ter a liberdade de citar as coisas que gostam sem serem tachados de ignorantes ou similares e não terem de citar as mesmas obras sempre, com o intuito de parecerem inteligentes.
2 comentários:
O Nome da Rosa vendeu tanto que logo foi adaptado para o cinema - e, até onde imagino, foi bem sucedido comercialmente nessa área também.
E O Código DaVinci tem um final ruim, mas eu gostei muito do resto do livro.
Kra...sempre tive "problemas" em relação a alguns grupos pq sou um kra eclético...q apenas exalta o q é bom pra mim...o q eu ouço ou vejo ou leio...e me agrada...
é foda preconceito...isso eu tenho dificuldade de aceitar...
quanto ao final do código...eu achei muito bom..axo q se tivesse acontecido algo mais fantástico...tiraria a excência da obra...q é fantasiar em cima de um mundo real...
Abraço...Faloooooooooow.
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