12 de fev. de 2007

Repostando...

Estava conversando esses dias com uma amiga sobre pré-conceitos e preconceitos relacionados a obras que vendem muito e mais uma vez pude perceber como há discriminação em relação a esse tipo de produção, que quase sempre não é considerada "arte". "Arte", para essas pessoas preconceituosas, só é aquilo que é obscuro, conhecido e/ou entendido por poucos, enfim, cult. Me lembrei então de um post antigo do meu velho blog, que cai como uma luva para essa questão. Como já faz tempo que foi postado, acho que vale a pena ver de novo:

Os Mais Vendidos

Existem muitas pessoas que acham que, no meio da arte, o que vende muito não é bom; bom mesmo é aquilo que é conhecido por poucas pessoas, apenas por aquelas que sabem apreciar e entender determinados artistas - que passam a ser chamados de "cult". Isso é uma bobagem tão grande que é difícil entender como pessoas que se consideram "inteligentes" ou "cultas" continuam a fazer disso uma regra nas suas vidas. Aliás, esse post é em homenagem a um professor de literatura da UFRGS que pediu aos seus alunos para fazerem uma resenha de algum livro que leram, mas que não poderia ser "desses que vendem muito, tipo o 'Código Da Vinci'", e sim um "tipo 'O Nome da Rosa'". Veja bem amigo, além de você ser um idiota, está ajudando a proliferar esse tipo de idiotice intelectualóde e elitista. Porque é isso que esse tipo de pensamento representa: uma tentativa de parecer intelectual e um esforço em tentar diferenciar-se da cultura "popular", colocando-a em um nível menor do que o "cult". O conceito de cult, como qualquer outro conceito, é uma construção. O cult é tão construído, tão não-natural quanto o que é "sucesso" ou "popular". Eu nem vou entrar no mérito de que gosto é relativo, apesar de isso já bastar para encerrar o assunto. Porém, a questão é mais embaixo: todo mundo tem o direito de achar algo bom ou ruim, mas não deveria usar a quantidade de vendas como parâmetro. Prefiro mostrar alguns exemplos de como nem sempre as coisas são como aparentam ser.

Começando pela música, qual é a banda considerada pelos "entendidos" como a melhor de todos os tempos? Os Beatles, né? Porém, nos anos 60 eles eram a coisa mais pop que existia na face da Terra, a ponto de alguém escrever que eles foram os Backstreet Boys da década de 60, o que não é tão exagerado assim... Além disso, são a única banda/artista da história da música que tem seis discos de diamante (mais de 10 milhões de cópias vendidas)! O duplo "The Beatles" (de 1968, conhecido também como "Álbum Branco") já vendeu mais de 19 milhões de cópias; as compilações "The Beatles 1967-1970" e "The Beatles 1962-1966" (ambas de 1973), venderam respectivamente 16 e 15 milhões de discos; "Abbey Road", de 1969, já passou dos 12 milhões; "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967, já vendeu mais de 11 milhões; a coletânea "1", de 2000, alcançou a impressionante marca de 10 milhões de discos em 2004. "Ah, mas Beatles é banda pop!", alguém pode pensar. "Quero ver um exemplo do rock'n roll!" O Led Zeppelin tem cinco discos de diamante...

Na literatura a coisa não é muito diferente. "Dom Quixote", de Cervantes, foi eleito por cem escritores de 54 países numa pesquisa do conceituado Clube do Livro da Noruega a melhor obra de ficção de todos os tempos. Porém, ele continua na lista dos mais vendidos em dezenas de países, sendo o segundo livro mais editado até hoje, perdendo só para a Bíblia. Mas justamente o melhor exemplo é sugestão do pseudo-mestre em Literatura da UFRGS: "O Nome da Rosa". Quando o livro foi publicado, em 1980, tornou-se rapidamente um dos maiores fenômenos editoriais das últimas décadas. Demorou apenas um ano para alcançar a marca de dois milhões de exemplares vendidos, somando hoje mais de 20 milhões em vendas. Recentemente a Folha de São Paulo colocou o livro na coleção da Biblioteca Folha, fazendo com que as vendas da edição daquele dia aumentassem em mais de 30%. Poderia ainda citar os exemplos da Lya Luft e dos Veríssimos (Érico e Luis Fernando), mas não vou me alongar muito.

Talvez no cinema seja mais difícil de achar exemplos, mas eles não faltam: entre os diretores mais aclamados, vários "blockbusters": Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Roman Polanski, até o David Lynch (com a série Twin Peaks) já foram vistos por milhões de pessoas.

Chega de dar exemplos. O que eu quero dizer é que podemos gostar do que nós quisermos, podemos achar ruim o que der na telha, mas temos que evitar sermos pedantes e/ou preconceituosos. Não se pode rechaçar uma obra simplesmente pela vendagem que ela alcançou, sem ao menos tê-la visto, ouvido ou provado; há muito se esqueceu que muitas vezes a vendagem é tão somente conseqüência da qualidade do produto. A grande maioria das pessoas que criticam o Paulo Coelho nunca leram sequer uma linha dele; alguns até já leram "Ulisses", de Joyce, e fingem que entenderam e gostaram para manterem-se no grupinho fechado dos cult. Não deveria ser por aí. Todos deveriam ter a liberdade de citar as coisas que gostam sem serem tachados de ignorantes ou similares e não terem de citar as mesmas obras sempre, com o intuito de parecerem inteligentes.

2 comentários:

André disse...

O Nome da Rosa vendeu tanto que logo foi adaptado para o cinema - e, até onde imagino, foi bem sucedido comercialmente nessa área também.

E O Código DaVinci tem um final ruim, mas eu gostei muito do resto do livro.

Anônimo disse...

Kra...sempre tive "problemas" em relação a alguns grupos pq sou um kra eclético...q apenas exalta o q é bom pra mim...o q eu ouço ou vejo ou leio...e me agrada...
é foda preconceito...isso eu tenho dificuldade de aceitar...


quanto ao final do código...eu achei muito bom..axo q se tivesse acontecido algo mais fantástico...tiraria a excência da obra...q é fantasiar em cima de um mundo real...
Abraço...Faloooooooooow.

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