28 de abr. de 2009

Fenômeno

Ronaldo, o Fenômeno. Quando recebeu esse apelido, ainda com 21 anos, ele referia-se à qualidade diferenciada do cara, à forma como ele partia para o gol, a como ele era um jogador fenomenal, principalmente para a sua idade. Pois bem, mais de quinze anos depois, o cara ainda merece esse apelido - Fenômeno. É impressionante a capacidade que ele tem de ressucitar, tal qual Jason da série Sexta-Feira 13, apesar de todas as adversidades possíveis. Vai ter força de vontade assim na p$%#@.

Como exercício de raciocínio, gostaria de pedir que vocês imaginassem, por um segundo que seja, que são o Fenômeno, com toda a sua trajetória, os êxitos, as cagadas, etc. Tá imaginando? Então vamos lá.

Lembro-me de comprar uma Placar com ele na capa, em 1995, dizendo que a sua ida para o PSV da Holanda era a negociação mais cara da história até então. E ele tinha recém dezoito anos e uma Copa do Mundo nas costas. Rapidamente virou artilheiro e ídolo na Holanda, sendo transferido em 1996 para o Barcelona, onde ganhou pela primeira vez o título de melhor jogador do mundo. Em 1997, já na Internazionale de Milão, ganhou pela segunda vez o prêmio máximo que um jogador de futebol pode conquistar. Tudo isso com apenas 21 anos.

Chegou a Copa do Mundo de 1998, Ronaldo continuava no auge e a Seleção era a grande favorita ao título. Chegou à final, mas na véspera o Fenômeno teve uma convulsão que até hoje não foi muito bem explicada - exatamente por isso, abriu brechas para várias teorias da conspiração envolvendo a CBF, a Nike e provavelmente a CIA e extraterrestres -, mas resolveu jogar mesmo assim e viu a Seleção tomar uma goleada da França na final. Viu literalmente, porque não jogou porra nenhuma naquele jogo. Depois da Copa, começou a viver um declínio; já não era mais o mesmo, era muito criticado - justamente por ter sido o que foi tão cedo, e por ter sido tão rapidamente badalado pela imprensa do mundo inteiro, e não só a imprensa esportiva. Para se ter uma idéia do sucesso mundial do Fenômeno, Ronaldo chegou a ser a personalidade mais reconhecida do mundo, ganhando até do Papa João Paulo II.

Então, em 2000, a primeira lesão séria - quando eu vejo aquela imagem, a da contusão, eu SEMPRE faço um "argh" e viro o rosto -, que o afastou dos gramados por quase um ano. Quando ele voltou, estava mal e acima do peso - é importante lembrar que ele já vinha em franca decadência pouco antes de se machucar. Foi mal na Inter, mal nas Olimpíadas de 2000 e na Copa América de 2001. Ninguém queria saber dele. A sua carreira parecia ter ido pra banha. Artigos como esse pipocavam pelo mundo inteiro. Ronaldo estava derrotado. Desacreditado. Morto.

Nessa época, pouco antes da Copa do Mundo de 2002, ele já era multiziliardário. As suas negociações, sempre bem-sucedidas, aliadas aos ótimos contratos que fez ao longo dos anos - particularmente um muito lucrativo de exclusividade com a Nike - deram-lhe todo o dinheiro que umas quatro gerações de sua família não conseguiriam gastar. Ele poderia muito bem parar por ali. Mas o cara é chato - ou, como diria uma recente propaganda ufanista, ele é brasileiro e não desiste nunca - e não parou. Luis Felipe Scolari, técnico da Seleção na época, apostou no Fenômeno em detrimento a Romário, que na época estava voando, mas aprontou umas numa concentração na Bolívia, e levou Ronaldo à sua terceira Copa - e como titular. Ninguém acreditava nele, eu torcia contra ele e contra a Seleção, de tanta raiva do esquema paternalista que parecia existir ali. E eu não era o único.

Aí o cara vai e faz oito gols em sete jogos na Copa, dois na final, vira o artilheiro daquela Copa e de lambuja ainda ajuda o Brasil a conseguir o pentacampeonato mundial, mesmo com o cabelo de Cascão que ele exibiu naquela final. Enfim, o cara dava a volta por cima. Foi o melhor do mundo naquele ano, de novo, e se transferiu para o Real Madrid, que na época estava montando uma espécie de seleção mundial - o que se convencionaria chamar de "Os Galáticos".

Na primeira temporada na Espanha, foi campeão nacional e artilheiro da competição. Porém, a partir da segunda metade de 2003, começou a alternar boas e más atuações e a se contundir seguidamente. Com essas contusões e várias noitadas, começou a engordar muito. Foi convocado para a Copa de 2006, mas com o clima de oba-oba da seleção do Parreira, chegou lá com quase 100 quilos. Mesmo assim, conseguiu fazer três gols na Copa, conseguiu não ser um péssimo jogador, comparado ao fiasco de vários outros da equipe, e ainda sagrou-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo. Entretanto, foi duramente criticado, principalmente por estar nessa seleção lamentável de 2006, em que tudo foi feito, menos jogar bola, e por seu peso muito, mas muito acima da média.

A partir daí, repetiu-se o que havia acontecido em 2001; Ronaldo virou alvo de muitas críticas e de piadas por causa da sua gordura, e acabou trocando o Real Madrid pelo Milan. Lá, conseguiu ajudar a equipe a se classificar para a Champions League de 2007-2008, mesmo com o Milan tendo tomado uma punição de dez pontos no início do campeonato. Além disso, descobriu-se que Ronaldo tinha um problema na glândula tireóide que o fazia aumentar de peso. Depois disso, ele novamente se reergueu, conseguindo diminuir de peso e iniciar um processo de volta ao bom futebol. Porém, ele ainda se contundia com facilidade e tinha que lutar muito contra a balança, o que o deixou afastado de muitos jogos do Milan - ele jogou apenas cerca de 25% de todos as partidas do time italiano enquanto esteve lá, mas quando jogou o fez com resultados acima da média. Enfim, ele estava lutando e parecia estar vencendo a luta, novamente, com muito esforço.

Aí, no início de 2008, Ronaldo teve mais uma lesão gravíssima no joelho, parecida com a de 2000. O Milan rescindiu o contrato com ele e Ronaldo voltou ao Brasil, desempregado, para se tratar. Parecia que agora já era. Não tinha mais jeito. Os Deuses do Futebol estavam conspirando contra o cara: "Chega, Ronaldo. Tu já tem dinheiro e fama, já escreveu teu nome na história do futebol. Não precisa fazer mais nada, não precisa provar mais nada pra ninguém". Mas, novamente, ele tentou. E, tal qual Jason Voorhees, tentava ressucitar para mais um capítulo da série de sua vida.

Foi para o Flamengo, não como jogador, mas para treinar e se recuperar da cirurgia. Mais uma vez, ficou muito acima do peso e, para piorar, se envolveu em muitos escândalos do tipo "WTF??" em questão de poucos meses: engravidou e noivou com uma modelo, para em seguida ser flagrado com três travestis (?) no Rio de Janeiro (ele alegou ter "se enganado", achando que eram mulheres) e terminar com a noiva, não sem antes ter se envolvido em uma briga com o cunhado em uma festa de aniversário. Enfim, elementos que são o prelúdio de fim de carreira mesmo, e daquelas que o cara tenta manter mas que só vai se atrofiando cada vez mais. Para piorar, foram publicadas umas fotos no final do ano mostrando Ronaldo muito, mas muito gordo mesmo, quase um Maradona. Mas Ronaldo é brasileiro, não desiste nunca.

Em 9 de dezembro de 2008, o Corinthians surpreendou a todos - principalmente o Flamengo, que queria ter ficado com o craque - anunciando que Ronaldo era jogador do clube. Todo mundo desconfiou que o Timão estava fazendo merda. Afinal, era um contrato de risco, com dinheiro que o clube não tinha, mas dizia que iria buscar por meio de patrocínios que viriam por conta da imagem do Fenômeno. Resumindo, parecia uma idéia muito idiota. O ano começou, o Corinthians começou a jogar e nada de Ronaldo nem de patrocínio. Três meses (?) se passaram sem Ronaldo ou patrocínio, e parecia que a idéia de jerico dos caras ia mesmo afundar, quando Mano Menezes decide colocar o homem pra jogar. Na sua segunda partida, contra o maior rival - o Palmeiras - Ronaldo salva seu time da derrota no último minuto, com um gol de cabeça. A partir daí, os patrocinadores aparecem, Ronaldo começa a jogar partidas inteiras, perder peso e fazer muitos gols. Isso tudo até chegarmos à partida do último fim de semana, quando ele acabou com o jogo tocando meia dúzia de vezes na bola e marcando dois golaços, o primeiro com uma matada de bola improvável e o segundo com uma bola por cima do goleiro, de esquerda e depois de ter fintado o marcador com uma facilidade impressionante.

Depois de imaginar ser Ronaldo e passar por tudo isso, me responda: você continuaria tentando, depois de tudo o que aconteceu? Escrevo isso pra dizer que a história de Ronaldo é digna de um filme - ou de um livro de auto-ajuda, depende do público. Eu, que nunca fui muito fã dele, que sempre fui incrédulo a respeito das suas recuperações, tenho que admitir: o cara me emocionou. Mesmo que ele não faça mais nada no futebol, ele já escreveu seu nome na história não só como o ótimo jogador que é, mas como um ser humano com uma capacidade de recuperação e uma força de vontade impressionantes. Porque, além das dificuldades físicas de ter passado por várias cirurgias complicadas no joelho - só para mal comparar, recentemente eu rompi um ligamento do joelho e tive que operá-lo, então posso dizer que é MESMO uma merda todo esse processo, a cirurgia, a recuperação, etc. -, Ronaldo foi exposto ao ridículo várias vezes (muitas vezes por culpa dele mesmo), foi alvo de fofocas, de artigos que o humilharam, de interesseiros, de comentaristas esportivos de nível duvidoso... Enfim, ele tinha todos os motivos para desistir de jogar; afinal, como falei antes, já tinha dinheiro, fama e nome suficientes para tal. Mas não. Ele lutou, ele foi atrás - e conseguiu. Nem as propagandas de cerveja que ele insiste em fazer ou outras eventuais merdas vão apagar isso. Ele ultrapassou os limites do futebol, ele virou um exemplo de superação, um exemplo de vida.

Depois de tudo, esse ano vou torcer para o Colorado em primeiro lugar - claro -, e depois para o Ronaldo. Ele merece. Ele é um fenômeno.

27 de abr. de 2009

Comentários Maiores - Cagadas gremistas

Com vocês, um comentário que eu fiz no Cão Uivador a respeito desta postagem, sobre a "novela tricolor" para conseguir um novo técnico:

Cara, na minha modesta opinião, várias foram as cagadas da direção gremista. Começou lá atrás, quando demitiram o Mancini do nada. Olha onde ele está agora - depois de ter sido campeão da Copa do Brasil com o Paulista, o que para o Grêmio parecia ter sido um lance de sorte, pegou um Santos desacreditado e o colocou na final do Campeonato Paulista, o estadual mais difícil do Brasil.

Depois, renovaram com o Roth por essa pequena fortuna que tu citou - não digo que o técnico deveria ser trocado, apenas que a direção não deveria ter dado um aumento tão significativo pra ele. Por último, a demissão do Roth, por causa da campanha no Gaúchão - que parece ter importância apenas conveniente para o Grêmio -, sendo que ele deixou o Grêmio quando o time estava em primeiro na Libertadores. Agora, o time provavelmente vai terminar o primeiro turno em primeiro na classificação geral (por conta muito mais do grupeco em que entrou do que por mérito do técnico interino) e vai parecer que a direção fez a coisa certa.

Não sei não, mas o tempo vai cobrar essas - e outras - cagadas da direção gremista…

Sinédoque, Nova Iorque

Adoro filmes bobos. Adoro me divertir com algo que diz exatamente o que quer dizer. Mas também não resisto a uma obra que possui várias camadas, que a cada revisitada vai se abrindo e se revelando cada vez mais, e cada vez de forma mais complexa e genial. Eu sei o quanto é difícil indicar um tipo de filme assim, do tipo que o espectador tenha que ver de forma bem atenta e, provavelmente, mais de uma vez - afinal, já é difícil fazer alguém assisitir um filme UMA vez... Mesmo assim, sou obrigado a indicar essa obra-prima.

Assisti, no último fim de semana, Sinédoque, Nova Iorque. Uau. Sério, fazia muito tempo que não via algo tão grandioso, tão precioso. Antes de mais nada, quero dizer que sou meio suspeito para falar, pois adoro o Charlie Kaufman, diretor e roteirista do filme, e todos os roteiros que ele escreveu (Natureza Quase Humana, Quero Ser John Malkovich, Adaptação, Confissões de uma Mente Perigosa e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças). Mas nessa sua estréia como diretor ele se superou; fez um filme que talvez daqui a alguns anos torne-se o que 2001 foi para os anos 70 ou o que Magnólia foi para os anos 90 (ou mesmo o que Cidade dos Sonhos foi para a nossa década atual). O que todos esses filmes compartilham, em suas essências, é o fato de serem exercícios intelectuais de qualidade extremamente humanista e de investigação da mente humana. E isso Kaufman faz muito bem.

Eu ia escrever um monte sobre o filme. Ia mostrar o quão denso ele é, mesmo nas partes menos óbvias, o quão bem amarrado ele foi, o quanto ele te atira para fora do cinema pensando em coisas da vida. Ia mostrar como ele perderia a força se tivesse sido dirigido por outra pessoa, pois a direção de Kaufman é importante para o próprio entendimento do filme - assim como seu título -, ia dedicar uma série de frases para exaltar o cara e sua obra. Em vez disso, vou deixar três citações de críticas que, de uma forma ou de outra, sintetizam tudo o que eu ia dizer.

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A estréia de Charlie Kaufman na direção sugeria que ele elevaria a maiores potências seu gosto pelo incomum. O que não poderíamos prever é que ela criaria uma obra-prima instantânea, tão repleta de significados, fúria, solidão, complexidade, dor, perdão, paixão, poesia e tanto amor. Esses termos podem parecer clichê, palavras gastas, mas cada um deve ser entendido na acepção real da palavra. Dissecando a vida e a arte de Caden Cotard, Kaufman fala de si, de todos os artistas, de todos nós, da vida no cinema e fora dele. Fala de uma intrincada e ao mesmo tempo simples rede de relações, medos, frustrações, descaminhos, devoções e sentimentos conflituosos chamada vida.
Fábio Dantas. Crítica completa, aqui.

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E é neste aspecto que Charlie Kaufman mais uma vez comprova seu absurdo talento: embora nossa eterna busca pelo “sentido da vida” tenha originado milhares de obras na Literatura, no Teatro, na Música e no Cinema, o roteirista adota uma estrutura narrativa ímpar e mais do que apropriada à sua função como contador de histórias para investigar a questão: premiado com uma verba inesgotável para criar o espetáculo que desejar, Caden resolve conceber um simulacro de seu mundo em um galpão, contratando dezenas (talvez centenas) de atores que, todos os dias, recebem instruções específicas sobre como deverão interagir com os demais intérpretes. Uma espécie de performance da Vida, a montagem de Caden o transforma, na prática, num Deus de seu próprio universo, permitindo que ele explore a própria psique enquanto busca encontrar, através da experimentação constante, o grande Significado de Tudo (Douglas Adams diria “42”; Kaufman provavelmente responderia “Caos e Desespero”). Com isso, o título do filme se justifica ao transformar Caden e suas angústias num símbolo da Humanidade e a própria Humanidade, em suas contradições e seus esforços de compreender o Universo, num resumo da jornada do próprio Caden. Assim, Sinédoque, New York gradualmente se transforma num exercício narrativo fascinante, construindo uma estrutura complexa que revela novas e surpreendentes camadas sob aquelas que já conhecíamos – e logo Caden constrói um galpão dentro do galpão a fim de representar o simulacro do simulacro (que, claro, ganha seu próprio mini-simulacro). Esta viagem interna se torna tão intrincada que, em certo instante, acompanhamos um enterro que, minutos depois, é representado no espetáculo de Caden apenas para, mais adiante, ser revisto como uma montagem teatral da montagem teatral – e, neste momento, os atores que interpretam outros atores são ladeados por uma tela na qual mais pessoas são projetadas, completando um círculo enlouquecedor de inúmeras representações dramáticas numa ficção da ficção da ficção. (É preciso dizer, aliás, que o design de produção de Mark Friedberg é absolutamente espetacular.) E é neste ponto, diga-se de passagem, que compreendemos a inteligência de Kaufman ao retratar Adele como uma pintora que cria retratos minúsculos que exigem lentes de aumento para serem apreciados, já que, de certa forma, é exatamente isso que Caden faz com sua megalomaníaca produção, jogando luz sobre cada um de nós ao compreender que, por mais que sejamos meros figurantes no que diz respeito à Humanidade, somos, claro, todos protagonistas de nossas próprias vidas.
Pablo Villaça. Crítica completa, aqui.

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[...] não é que você tenha que retornar ao filme para poder entendê-lo. Você tem que retornar ao filme para compreender o quão bom ele realmente é. A superfície pode te intimidar. As profundezas te envolvem. O todo revela-se, e então você pode retornar a ele como um talismã. [...] O assunto de "Sinédoque, Nova Iorque" nada mais é que a vida humana e como ela funciona. Utilizando um diretor de teatro novaiorquino neurótico, ele abarca cada vida e como ela enfrenta as dificuldades e falha. Pense só um pouco e, meu Deus, isso é sobre você. Seja lá quem você for.
[...]
"Sinédoque, Nova Iorque" não é um filme sobre o teatro, apesar de parecer. Um diretor de teatro é um personagem ideal para representar o papel que Kaufman pensa que todos nós desempenhamos. [...] Os atores são as pessoas nos papéis que nós damos a elas a partir do nosso ponto de vista. Algumas delas interpretam papéis designados para fazer o que não têm tempo nem condição de fazer. Elas têm um jeito de atuar que é independente, infringindo as instruções. Elas tentam controlar suas próprias projeções. Enquanto isso, a fonte de toda essa atividade fica velha e cansada, doente e desesperada. Isso é real ou é um sonho? O mundo não é nada além de um palco, e nós somos meros atores dentro dele. Tudo é uma peça. A peça é real.

Roger Ebert, traduzido por mim. Crítica completa, aqui (em inglês).

22 de abr. de 2009

Para pensar

Da última vez que o "povo" achou que ia mudar o "sistema" era 1968. O "mundo livre" não fez por menos: baixou o cacete.

Em pouco tempo a Internet deu essa sensação de que "finalmente vamos tomar o controle - ou fugir dele". Os governos passaram a última década estudando como fazer para retomar esse controle. Não se engane, é muito mais provável que eles consigam do que nós.

O texto completo, aqui no Surra.

Inter e os falsos favoritismos

Parabéns Internacional de Porto Alegre, campeão gaúcho invicto, mesmo com três Gre-Nais. Dito isso, vamos aos fatos:

Pena os estaduais não serem parâmetro para coisa alguma. É sempre assim: um time de algum estado destaca-se no seu respectivo campeonato estadual, enchendo os olhos dos comentaristas e da torcida. Aí, chega o Brasileirão, a Copa do Brasil, a Libertadores ou qualquer torneio que tenha pelo menos algum nível decente de competitividade para a realidade vir à tona: em uma escala estadual, aquela equipe era o máximo. Porém, ao se ver junto com equipes um pouco mais qualificadas, vê-se que ela não jogava aquela bola toda.

Exemplos não faltam, mesmo nesse ano: o Palmeiras era apontado, no início do Campeonato Paulista, como uma máquina, um time muito bem encaixado que maravilhava quem o assistia. Pois bem, nem bem começou a Libertadores e o time tomou saraivada atrás de saraivada, até acordar e começar a tentar lutar pela vaga no seu grupo - de forma muito tosca, nem de longe lembrando a ilusão coletiva que causou no início do ano.

O Grêmio, ao contrário, vai de vento em popa na Libertadores, apesar de ter tomado seguidas tundas no Gauchão. Porém, aí o efeito ilusório também se faz presente: o seu grupo na Libertadores é, pra dizer pouco, medonho, e o fato é que apenas quando o Grêmio pegar um time mais ou menos na competição é que poderemos ver até onde pode chegar - porque, nunca é demais lembrar, não ganhou nenhum jogo que disputou no ano contra o único time de ponta que enfrentou: o Colorado, vejam só.

Nem vou falar do Cruzeiro, Sport, Flamengo, etc., promessas que há alguns anos vêm apenas servindo para serem... promessas, ganhando apenas títulos estaduais. Ou de jogadores como Diego Tardelli, Keirrisson, Obina, Maicossuel e outros que, além de compartilharem nomes horrorosos partilham da mesma expectativa dos seus torcedores de que podem chegar facilmente à Seleção Brasileira.

E é com o Inter que terminarei essa postagem; no ano passado, vencemos o Gaúchão com uma goleada vistosa sobre uma equipe ainda na série A do Brasileiro (Inter 8 x 1 Juventude). Pois bem, ficamos só nesse título até o último quarto do ano, quando o time finalmente se encaixou e conseguiu vencer a Copa Sul-Americana - ótimo título, aquele de deu ao Inter a alcunha de "Campeão de tudo", mas que eu trocaria fácil fácil pelo título brasileiro. E, em 2009, a história se repete, de forma até melhor - a mesma goleada na final (8 x 1, desta vez contra uma equipe da Série C). Porém, a única derrota da equipe no ano se deu contra uma equipe quase inexistente na Copa do Brasil, que garantiu o segundo jogo - em que o Inter passou com as calças na mão, é bom que se lembre disso. Além disso, não conseguiu ganhar por mais de dois gols do fortíssimo Guarani, recém rebaixado para a 2ª divisão do Paulista.

Não estou dizendo com isso que o Inter é fraco, não vai vencer nada, etc. Apenas gostaria de ver mais resultados e menos empolgação entre os clubes e as torcidas. Até é possível que o Grêmio vença a Libertadores, o Inter vença a Copa do Brasil e o Brasileirão (báááá) e o Diego Tardelli seja o artilheiro disparado do Campeonato Brasileiro. Mas, até chegar esse momento, o tudo terá de ser provado dentro das quatro linhas. Até porque, por exemplo, o São Paulo não ganhou o Paulista nos últimos três anos, exatamente o período em que foi tricampeão brasileiro.

16 de abr. de 2009

White Arnald

Arnaldo Branco desta semana. Imperdível.

Frase do dia

“Uma mente crédula encontra satisfação ao acreditar em coisas estranhas, e quanto mais estranhas, mais facilmente são aceitas; mas ela não dá importância às coisas comuns e possíveis, pois nestas qualquer um pode acreditar.”
Samuel Butler

15 de abr. de 2009

Gêmeos, mórbida semelhança

Os dois irmãos foram separados logo que nasceram e cada um foi adotado por uma família de estados diferentes. As famílias não se conheciam, mas numa estranha coincidência, cada um recebeu o nome de Jim. E foi aí que as grandes coincidências começaram. Os dois tinham talentos para desenhos mecânicos e carpintaria. Cada um casou com uma mulher chamada Linda. Cada um deles teve um filho menino e batizou com o mesmo nome, sendo um James Alan e o outro (bizarro!) James Allan!

Os dois irmãos se divorciaram e casaram novamente. Sim, meu amigo. Acredite se puder, eles casaram DE NOVO com mulheres com o mesmo nome. Ambas chamadas Betty!

Acabou? Não! Ambos compraram cachorros e deram a eles o mesmo nome: Toy.

Jim Lewis e Jim Springer finalmente descobriram um ao outro em 9 de fevereiro de 1979, após 37 anos separados e desconhecido a existência um do outro. Foi uma surpresa enorme quando perceberam que tiveram vidas praticamente iguais sem saber.

Mais casos bizarros de gêmeos aqui.

14 de abr. de 2009

Carlos Simon x Eduardo "Peninha" Bueno

Texto que eu extraí integralmente do excelente Blog do Juca, e de onde pode-se tirar uma série de discussões a respeito de arbitragens e sua aura imaculada, liberdade de expressão, erros humanos ou falhas propositais, enfim, muita conversa de bar:

Em seu livro "Grêmio: Nada pode ser maior", o escritor Eduardo Bueno, o Peninha, escreveu, no tom jocoso que caracteriza quase todo o livro, que tem até uma homenagem aos brucutus, em sua primeira linha, que "Futebol-arte, todo mundo sabe, é coisa de veado".


Escreveu, também, que o assoprador de apito Carlos Eugênio Simon fazia parte da "infame estirpe dos juízes que surrupiaram o Grêmio". Por isso foi processado. E perdeu. O que o levou a distribuir o texto abaixo:

Por EDUARDO "PENINHA" BUENO

Depois de quase dois anos de trâmites, o processo que o apitador Carlos Simon moveu contra mim encerrou-se, em primeira instância, nessa última "quinta-feira santa".

Fomos, a editora Ediouro, que publicou o livro "Grêmio: Nada pode ser maior", de minha autoria, e eu próprio, condenados a pagar cerca de R$ 15 mil ao referido apitador.

Não sei ainda qual a opinião da editora, mas estou enviando esse email para revelar, de público, que, embora ainda caiba recurso, faço questão de "desembolsar" a supracitada quantia, já que considero quase um galhardão, um prêmio, um presente ser processado por alguém da estatura e do currículo de Carlos Simon.

Por vários motivos:

1) Porque tenho a esperança de que o referido profissional use o dinheiro para fazer cursinhos de atualização em arbitragem, de forma que passe a errar menos, em especial contra o Grêmio;

2) Porque me inspirou para escrever o livro "Os erros de Carlos Simon", que será lançado em breve, com a disposição altruísta de que a rememoração do extenso rol de suas falhas o leve aprimorar-se em sua profissão e não marcar mais impedimento em cobrança de lateral;

3) Porque descobri que Ricardo Teixeira e a Comissão de Arbitragem da CBF– que eu desconhecia serem letrados – leram (oh, espanto!) meu livro "Grêmio: Nada pode ser maior".
Como costumo tratar bem meus leitores, vou enviar-lhes um exemplar da nova obra . Enviarei um também para a Confederação de Futebol de Gana, onde Simon é muito admirado;

4) Porque o caso me inspirou a criar um site, errosdesimon.com. aberto à atualizações do público em geral, já que o livro não conseguirá acompanhar a rapidez com que o panorama se modifica;

5) Porque vou reescrever o livro "Grêmio: Nada pode ser maior", extraindo a frase capada pela justiça e, no lugar dela, acrescentar um apêndice com todos os erros do supracitado árbitro contra o Grêmio – sempre na tentativa de que ele se aprimore. O livro já vendeu 23 mil exemplares, mas sei que a torcida do Grêmio comprará muito mais da nova edição;

6) Porque disposto a ajudá-lo a se aprimorar também na profissão de jornalista – que diz exercer, embora eu nunca tenha lido nem mesmo a frase "Ivo viu a uva" escrita por ele -, venho lançar de público um desafio: ele escreve um livro e eu apito um Grenal e veremos quem erra menos. (Desde criança, meu sonho sempre foi apitar um Grenal...). Se o desafio for considerado despropositado, sugiro então um debate público sobre o tema: "O que leva uma criança a decidir ser juiz de futebol?" Ou então sobre a inquietante questão "Quem somos, de onde viemos e para onde vamos".

7) Por fim, porque tal processo com certeza unirá nossas trajetórias profissionais por um bom tempo e haverá de servir de estímulo para nos aprimorarmos mutuamente no exercício de nossas atividades – levando ainda mais longe o nome do nosso amado Rio Grande.

E, se, porventura, as obras que pretendo escrever sobre o referido árbitro – sempre, repito, no intuito de aprimorá-lo no exercício de sua dura faina – vierem, por algum motivo, a ser censuradas, os processos daí decorrentes certamente irão deflagrar estimulante debate sobre os limites da liberdade de expressão e de opinião.

Tenho certeza de que esse será um tema instigante, cujo desenrolar haverá de colaborar para amadurecimento da nação.

13 de abr. de 2009

Mais sobre esquerda e direita

Arnaldo Branco, meninos e meninas. Assino embaixo.

5 de abr. de 2009

Tem coisa melhor...

...do que comemorar, no fim de semana do centenário, mais uma vitória em um Gre-Nal no ano (o terceiro, ainda no primeiro semestre) e ainda escutar o Celso Roth dizendo que o Grêmio jogou melhor e que a culpa é do calendário (imagina se os times que jogam na Libertadores ainda jogassem a Copa do Brasil...)?

Ah, e um bônus: a torcida do Inter gritando "Fica, Roth!"...

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