15 de ago. de 2007

Blogs vs. mídia impressa: menos informação?

Há muito já se vem discutindo a relevância dos blogs como difusores de informação (o Cataclisma 14, por exemplo, tem textos sobre isso aqui e aqui). Afinal, a sua profusão tem causado vários fenômenos nunca antes vistos na Comunicação - pluralidade, parcialidade, multiplicidade e tantas outras "ades" de informação.

É claro que há vantagens e desvantagens nos "blogs de informação". Se por um lado temos rapidez nas informações, análises mais pessoais e uma gama muito maior de pontos de vista sobre um mesmo assunto, por outro contamos com uma quantidade absurda de pessoas que não tem muito sobre o que escrever, o que acaba reduzindo a qualidade da postagem.

Se antigamente blogs eram quase só meros diários virtuais visitados por três ou quatro amigos do cara, a verdade é que hoje muitos blogs cada vez mais atraem leitores interessados em um conteúdo específico, que acessam determinadas páginas pessoais por dia como se estivessem olhando determinadas sessões de um jornal impresso. Eu Mesmo, por exemplo, quando acesso a Internet, tenho meus favoritos aí ao lado e mais uma meia dúzia de outros blogs que religiosamente visito, assim como há alguns anos atrás eu abria a Zero Hora e olhava as colunas do Luís Fernando Veríssimo, da Martha Medeiros, as tirinhas do Dilbert, o Segundo Caderno e as palavras cruzadas.

É claro que essa "invasão" dos blogs no território jornalístico incomoda os jornalistas. Mas a campanha publicitária que o Estadão veiculou na semana passada passou dos limites. Trata-se de uma campanha aberta contra os blogs, na qual para mostrar sua suposta credibilidade eles colocam todos esses sites no mesmo saco, diferenciando um "refinamento profissional" dos jornalistas de uma "aventura amadorística e sem fundamentação" dos blogueiros.

Esse tipo de abordagem reflete, infelizmente, o pensamento que o grande público tem do jornalismo brasileiro. Para ele, se uma notícia saiu em algum grande meio de comunicação, então é verdade. Tem que ser. Afinal, são profissionais formados, treinados, imparciais e comprometidos com "a" verdade - como se ela existisse. Nenhum grande jornal, revista ou programa de TV se assume como sendo de direita, de esquerda ou de centro - nenhum. Tampouco nenhum jornalista se assume politicamente. Então temos muitos "formadores de opinião" que na verdade fazem uso de um espaço teoricamente dedicado à informação como horário eleitoral gratuito - e quase ninguém vê isso. Ou então, temos notícias deliciosamente adulteradas ou malabaristicamente encaixadas umas nas outras para fazer o espectador sentir determinada emoção sobre elas - os casos recentes do fechamento da RCTV na Venezuela, do acidente da TAM e do Pan 2007 são ótimos exemplos de manipulação de emoções, coisa de publicitário.

O caso é que fontes de informação podem ser boas ou ruins em qualquer nível e em qualquer lugar, independente do formato ou de quem está por trás delas. E mais, é preciso sempre buscar o maior número de diferentes pontos de vista sobre os temas, para que saibamos todos os lados e, com base nisso, TIREMOS NOSSAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES. Afinal, a informação não deveria vir mastigada, mas sim passada de forma que se pudesse discutir e criar um entendimento próprio sobre o tema. Ah, eu ando tão utópico ultimamente...

Enfim, fiquem com a infeliz campanha do Estadão, feita pela agência Talent (palmas para a má publicidade, construindo um mundo melhor), composta de um vídeo e três imagens. Mais abaixo, a resposta de alguns blogueiros - muito boa, por sinal - ao Estadão, na mesma moeda.








4 comentários:

Thiago F.B disse...

Cara...achei que eles pegaram pesado...afinal, quem escreve os blogs são muitas vezes as mesmas pessoas que compram ou acessam aquela merda de jornal...!!!!!!
E muitos grandes meios de comunicação, ao invés de seus profissionais terem colunas, agora eles tem blogs na internet...
achei akilo ridiculo...um tiro no próprio pé!!!
abraço...Faloooooow.

Rodrigo disse...

Os jornalistas vêem os blogueiros como seus "adversários", enquanto eu não penso o mesmo dos jornalistas. Visito muitos blogs, mas não deixei de ler jornal por isso. Até porque, por mais que se distorçam as informações publicadas nos jornais, elas não deixam de ser referência para os blogueiros - mesmo que seja para criticar.
Ah, e essa campanha contra o Estadão tá muito boa! O feitiço voltou-se contra o feiticeiro...

Kleiton disse...

"Tudo o que acontece no Litoral Norte tá na página do Guto."

- O Guto pode ser muito bem informado, mas não curtir festas e eventos. Alguém liga, por exemplo, se uma matéria sobre o Inter for escrita por um gremista - ou vice-versa?

"E se aquele site que dá dicas de como agradar as mulheres for do Fredão aqui?"

- Em termos práticos, se as tais "dicas" funcionarem, não faz diferença se são do Fredão, do Tom Cruise ou da filha da Gretchen.

"Moacir escreve num blog sobre comportamento e psicologia."

- NINGUÉM lê blogues sobre comportamente e psicologia. Logo, não há problema

Campanha extremamente preconceituosa essa.

André disse...

Pode-se dizer que essa campanha do Estadão complementa bem a decisão do COB - aquela de proibir os atletas brasileiros de atualizarem seus blogs e sites pessoais durante o pan, pois concorreria com a mídia tradicional.

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