24 de ago. de 2007

Planos-seqüência

Plano-seqüência: É a filmagem de toda uma ação contínua através de um único plano (sem cortes).

Pois bem, planos-seqüência são coisas legais de se ver num filme. Quando eu olho um, fico pensando imediatamente em todo o trabalho que deve ter dado fazer tal cena. Existem vários planos geniais na história do Cinema (bons exemplos aqui), mas eu selecionei quatro para exemplificar o quão legal pode ser utilizar esse recurso em um filme. Percebam a complexidade deles...

Arca Russa, de Alexandr Sukurov. O filme todo, pasmem, é um único plano-seqüência! São 96 minutos filmados sem cortes e com mais de 2 mil figurantes, que conta a história da Rússia do século XVIII até hoje. Apesar do ritmo lento, cadenciado, da narrativa, a execução do filme todo é de um trabalho magnífico. Vejam dez minutos do filme:



The Protector, de Prachya Pinkaew. Apesar de ser um filme de luta, tem pretensões artísticas - aliás, uma coisa não anula a outra, que fique bem claro - a ponto de ter esse longo plano seqüência. Esse foi o 6º take.



Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón. Filme sensacional, tanto do ponto de vista artístico quanto do narrativo. Tem vários planos-seqüência - Cuarón é fã desse recurso -, mas esses dois aí embaixo são demais. O primeiro só pode ser assistido por quem já viu o filme ou por quem não se importa de ver spoilers, e eu só achei essa versão, com There, There, do Radiohead, de fundo - considerem um brinde! O plano vai até os 3:58, depois tem um corte.



Já esse aí é mais longo que o primeiro e envolve muitos figurantes, sendo de uma complexidade tremenda. Deve ter um corte aí no meio, mas ele é imperceptível:

2 comentários:

Kleiton disse...

Planos-seqüência são realmente encantadores. Apesar de às vezes soarem um pouco entediantes, só de imaginar o mega-planejamento por trás deles a coisa já muda de figura.

Tu citou o "Arca Russa" como exemplo. Pelo que eu ouvi falar, ele é feito todo em digital, então pôde realmente fazer 96 minutos sem cortes. Nesse caso, a técnica conduz à arte.

Agora imagina o que não passou na cabeça do Hitchcock quando ele resolveu filmar o "Festim Diabólico" (Rope, 1948) sem cortes, numa época em que os cineastas estavam limitados a rolos de filme que podiam filmar no máximo uns 20min cada. Cortes invisíveis durante o filme tornam a coisa toda mais interessante.

Hitchcock estava anos-luz à frente do seu tempo.

André disse...

Planos-sequência ruleiam. Eu citaria ainda:

- Os Intocáveis: a cena em que Sean Connery é atacado (absurdamente tensa);

- Corpo Fechado: a cena no início, que se passa dentro de um trem;

- Quarto do Pânico: um determinado momento que a câmera passeia por toda a casa.

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