29 de fev. de 2008

Eclipse lunar

No último dia 20 ocorreu um eclipse lunar completo, evento que só se repetirá daqui a três anos. Se você, assim como eu, não conseguiu vê-lo, veja o vídeo abaixo, bem legal:



27 de fev. de 2008

Ha, ha!

Fazendo um acréscimo a esse post do André...



Já que estamos nesse assunto, não custa lembrar desse post...

A situação da educação (parte IV - o Estado)

Terminando a série que buscou estabelecer alguns problemas na educação pública do Estado do Rio Grande do Sul, a parcela dos governos. Espero que tenham gostado:

O Estado também tem grande parcela de culpa para a manutenção do caos no ensino. Salários baixos e políticas educacionais equivocadas são algumas das colaborações dos governos nesse sentido.

É público e notório que os salários dos professores na rede estadual do Rio Grande do Sul é baixo e não condizente com a sua profissão. Além de causar desestímulo coletivo, isso eventualmente se transforma em greves que paralisam o ensino e prejudicam o andamento das aulas. Profissionais mal pagos são, de modo geral, profissionais desmotivados, e um professor deveria sempre ser estimulado a manter a motivação, uma das únicas formas para tentar contornar a situação da educação.

Várias são as políticas educacionais que, mesmo que tenham as melhores das intenções, acabam por inviabilizar qualquer projeto de mudança educacional. Hoje em dia existe um estímulo à aprovação indiscriminada de alunos, por exemplo, motivada por algumas dessas políticas. Isso é extremamente prejudicial, pois ao fim do Ensino Fundamental e Médio as crianças e adolescentes não alcançam o mínimo de conhecimento necessário para nada, mas têm um diploma na mão. Uma das explicações para isso pode ser a pressão do mercado de trabalho, cada vez mais exigente em pedir diploma de conclusão escolar. Formam-se assim milhares de jovens com um canudo na mão, mas sem nada na cabeça, exatamente a mão de obra necessária na maioria das empresas. Existem também os estímulos financeiros para as escolas com maiores índices de aprovação, que por sua vez estimulam a aprovação indiscriminada. No fundo dessa prática estão tanto as metas educacionais do FMI quanto o interesse governamental em relação aos índices de aprovação passados para a Unesco e que elevam a posição do país. Além disso, a enorme maioria dos alunos sai do Ensino Médio como analfabetos funcionais. Pesquisas recentes apontaram que 68% da população brasileira está nessa situação, o que é extremamente preocupante em uma época em que a mídia, que se diz imparcial, enche as revistas e os noticiários de propaganda ideológica travestida de notícia.

Culinária

Uma das coisas que comecei a fazer bastante aqui em São Paulo é cozinhar. Após anos de um misto de medo, preguiça e comodidade, finalmente tomei coragem e decidi me arriscar mais no mundo maravilhoso da culinária, juntamente com a minha mulher  - devidamente encorajado por ela. E não é que, após uma pequena série de tentativas bem-sucedidas na cozinha, temos a nossa primeira receita exclusiva, assinada por ela? É com prazer que compartilho com vocês a receita de um delicioso frango. Bom apetite!

Frango à moda Mendes (Serve duas pessoas)

Ingredientes:
500 gramas de filé de frango
2 cebolas médias
1 dente de alho grande
1 tomate grande cortado em cubinhos
1 xícara de cebolinhas cortadas em pequeninos pedaços
5 fatias de presunto magro
5 fatias de queijo prato
100 gramas de creme de leite sem soro
2 colheres de leite
2 colheres de manteiga
3 colheres de azeite de oliva
Sal e chumi-churri a gosto

Modo de preparo:
Aqueça o azeite de oliva, acrescente o alho e a cebola e deixe dourar. Logo em seguida, coloque o frango cortado em cubos pequenos e deixe cozinhar até ficar bem douradinho e com o caldo natural da carne. Após, acrescente o tomate e deixe refogar por alguns minutos. Enquanto isso, aqueça a manteiga numa frigideira e acrescente a cebolinha (primeiro a parte branca para tirar o gosto acentuado, logo após a parte verde), depois despeje o leite, deixe por alguns segundos e sentirá o cheiro maravilhoso da combinação, logo após coloque o queijo e o presunto e mexa bem até o queijo começar a derreter. Acrescente o conteúdo da frigideira junto ao frango com o chumi-churri e ajuste o sal ao seu gosto. Espere uns dois minutinhos e logo após despeje o creme de leite, tampe a panela e em 3 minutos desligue o fogo. Servir com arroz e folhas verdes. 

21 de fev. de 2008

Chance

Seu nome é Ednaldo Pereira, a música é Chance. O resto... bem, o resto vocês conferem aqui em baixo (com legendas!): 


14 de fev. de 2008

A Bússola de Ouro


Na grande indústria de hoje em dia, quando algo faz sucesso várias pessoas tentam desesperadamente empurrar algo parecido para se aproveitar da situação favorável. É assim na música (quando uma banda de determinado estilo estoura, rapidamente surgem outras iguais), na literatura (vide os casos recentes de O Código Da Vinci e os "Desvendendando", "Descobrindo", "Acabando", etc., o tal Código, e de O Segredo e seus sucessores) e não poderia deixar de ser também na sétima arte. Com o sucesso estrondoso de O Senhor dos Anéis (17 Oscar, líder absoluto nas bilheterias de dezembro e janeiro de 2001, 2002 e 2003 e quase 3 bilhões de dólares de arrecadação), todos os estúdios correram atrás de adaptações fantásticas para encherem os bolsos. Para se ter uma idéia, até livro escrito por criança os caras adaptaram (Eragon). Não era surpresa que logo chegaria a vez de A Bússola de Ouro, best seller literário de Philip Pullman.

Antes dele, dois outros filmes-franquia tentaram ocupar o lugar de O Senhor dos Anéis: o mediano Crônicas de Nárnia e o fraco Eragon, que com arrecadações de respectivamente 730 milhões e 245 milhões de dólares em todo o mundo tiveram um sucesso relativo embalado pela trilogia de Peter Jackson. Enquanto Nárnia já tem continuação garantida, Eragon ainda espera o seu destino cinematográfico enquanto franquia. 

Quanto a Bússola de Ouro, seu destino é um paradoxo; talvez crentes do sucesso do filme, os realizadores fizeram um filme quase idêntico ao de SdA: A Sociedade do Anel, um final inacabado que diz para o espectador "até o ano que vem!". O problema é que o fiasco nas bilheterias pode fazer com que poucos apareçam no ano que vem, e a própria continuação da franquia pode estar sob ameaça. Mas o que pode ter feito com que esse longa, com US$ 180 milhões de orçamento, fizesse esse vexame retumbante até agora?

Em primeiro lugar, o óbvio: por melhor que fosse, Bússola de Ouro está ancorado num suposto nicho de mercado, o da fantasia. "Suposto" porque parece que há um certo tempo o público cansou desse tipo de fantasia - os próprios números descendentes de Nárnia e Eragon mostram isso. O Senhor dos Anéis representou um ápice no gênero não por ser qualquer fantasia, mas por ser a obra-prima do aclamado e lendário Tolkien e por ser uma trilogia realmente excelente do ponto de vista cinematográfico. Definitivamente, não é o caso de Bússola de Ouro.

O filme comete erros atrás de erros, do início ao fim. Os realizadores parecem não saber como contar uma história complexa (existem vários universos paralelos, no da história as pessoas têm suas almas separadas dos corpos e representadas por animais, e há muitos anos foram construídas bússolas de ouro para contar a verdade sobre o Pó que une todos esses universos... ???) de maneira clara e sucinta ao mesmo tempo; em vários momentos somos atirados de um tempo para outro, e em um momento a protagonista é tutelada pelo personagem de Daniel Kraig para um instante depois já estar sob a guarda de Nicole Kidman. O pior momento do corra-para-contar-toda-a-história-logo ocorre já no terço final, quando Kidman conta o destino de Craig, desaparecido do filme há uma meia hora, em meio minuto, seguido de flashes explicativos. Ridículo é um adjetivo fraco para esse subterfúgio. Aliás, o nome de Craig deveria ser tirado dos créditos, já que se bobear ele aparece menos do que os garotinhos que Lyra Belacqua vai resgatar. 

Os personagens também são mal desenvolvidos por conta dessa pressa em contar a história. As feiticeiras, por exemplo; não há tempo para estabelecer nenhuma relação com Serafina Pekkala, simplesmente porque ela aparece uns onze segundos na película. O ursão é, talvez, o personagem mais destacado na história, mas mesmo com ele a relação estabelecida é tênue. 

O roteiro não tem furos, tem rombos. A todo momento eu me perguntava "mas por que isso está acontecendo ASSIM?". Vejamos três exemplos (contém spoilers): 
- o ursão vence uma batalha contra determinado personagem (aliás, a resolução dessa batalha é a coisa mais Rocky dos últimos tempos - lamentável) e fica muito ferido, inclusive com uma pata que parece estar quebrada. No instante seguinte ele já está levando a menina na garupa através de quilômetros de um terreno inóspito e sob forte tempestade de neve! 
Lyra Belacqua e o ursão chegam a um precipício que só tem uma pequena ponte (clichezão). A menina passa e a ponte cai, deixando o seu companheiro do outro lado (clichezão). Ele diz pra ela ficar ali que ele vai buscar ajuda (clichezão), provavelmente se referindo ao amigo aeronauta. Pois bem, alguns minutos depois surgem da direção do precipício centenas de homens, sei lá de onde, para capturar as criancinhas. Então, quando tudo parece perdido, lá está o ursão, surgindo do nada, junto com mais umas centenas de pessoas - do "bem" - e o aeronauta lá em cima, na sua nave com capacidade para umas dez pessoas. Ah, e quando a luta termina as centenas de pessoas do bem simplesmente ignoram a protagonista, a quem estavam dando total importância até o momento. 
- Lyra entra num lugar extremamente vigiado, onde as crianças estão aprisionadas. Então ela fala para um deles - devidamente vigiado: "peça para as crianças vestirem roupa para o frio". Pouco tempo depois, um corte rápido para a menina explodindo uma máquina não sei como e outro corte, em seqüência, mostrando as crianças saindo do tal lugar super vigiado. Simplesmente não se conta como elas conseguiram fugir, numa demonstração gritante de preguiça por parte do diretor.

Em suma, Bússola de Ouro é uma aula de como não se adaptar um best-seller, de como não se aproveitar de um suposto nicho de mercado e, principalmente, de como desperdiçar 180 milhões de dólares - se bem que pelo menos os efeitos visuais foram bem elaborados, justiça seja feita. Esperemos a continuação, então (argh). 

FICHA TECNICA

A Bússola de Ouro - Nota D

Direção: Chris Weitz. Com: Nicole Kidman, Daniel Craig, Dakota Blue Richards, Eva Green.

11 de fev. de 2008

Coldplay - The Scientist

Lindo videoclipe da linda música retirada do segundo álbum dos caras, A Rush of Blood of the Head. Eu me lembro que já achava essa a melhor música do Coldplay antes de ver o vídeo, e quando o vi fiquei mais apaixonado ainda pela canção. Tratando do velho tema da separação de uma forma muito bonita, esse clipe é mais um daqueles que eu não tenho a mínima idéia de como foram feitos. Isso porque o vídeo todo é rodado de trás pra frente, mas a boca do vocalista Chris Martin canta a música normalmente, de "frente pra trás". Além disso, é digno de nota que o fato do clipe começar assim, do fim, não é só um exercício de estilo, mas tem tudo a ver com a narrativa do mesmo (assim como o filme Amnésia). Com vocês, The Scientist:


7 de fev. de 2008

A situação da educação (parte III - os pais)

Dando continuidade à série, agora parto para os pais:

Os alunos não têm toda a responsabilidade nessa história: os seus pais também colaboram para essa situação. Ao mandarem seus filhos para a escola tendo em mente que é dela a responsabilidade pela educação deles, os pais estão transferindo parte da sua obrigação a uma instituição que não tem condições de tal tarefa. Isso faz com que as crianças sejam “educadas” principalmente pela televisão e venham para as aulas sem qualquer senso de responsabilidade ou de respeito à autoridade dos professores. 

Isso sem falar na influência da televisão na sexualidade precoce dos alunos, transparente na minha sala de aula com alunas desde os 11 anos. Além disso, o fato de hoje em dia pai e mãe terem que trabalhar faz com que não haja nenhum acompanhamento em relação ao que o filho está aprendendo, ou aos temas que são dados e que deveriam ser respondidos. Nas vezes em que passei tema, apenas 4 alunos de uma turma de 33 faziam a lição.

É preciso que os pais vejam a escola como o que ela é: um local para seu filho aprender a conviver em sociedade e para ganhar conhecimentos que lhe serão fundamentais, de um jeito ou de outro, para uma vida mais cômoda e interessante. É preciso dar aos filhos a dimensão exata da escola como um local de oportunidades que lhe ajudarão, se não no momento, num futuro próximo. "Pra que servem os logaritmos?", perguntam alunos curiosos. Muitos pais não têm idéia do que responder. Infelizmente, esses comportamentos provavelmente serão repetidos na próxima geração com os filhos dos meus alunos. 

MD Recomenda: Milan Kundera

Aí está um escritor muito interessante. Autor de um best-seller que virou filme (A Insustentável Leveza do Ser) e de outros livros igualmente interessantes, Kundera estabeleceu grande fama através de duas fases, por assim dizer: uma, mais política, de intensa crítica ao comunismo como pano de fundo de seus romances (tcheco, ele testemunhou a invasão da União Soviética ao seu país em 1968 e teve que fugir de lá, onde teve suas obras censuradas) e outra mais filosófica, com temática e estilo inspirados em autores como Henry Fielding e Friedrich Nietzsche. 

Conheci seu trabalho através do seu best-seller e até agora nenhuma obra sua me decepcionou. Deixo com vocês um pequeno trecho do seu livro de contos, Risíveis Amores. Nesse conto em particular (Que os velhos mortos cedam lugar aos novos mortos), um homem reencontra um antigo affair de quinze anos antes. Os dois conversam um pouco sobre a única noite juntos que tiveram e ela percebe que ele lembra de cada detalhe com uma paixão comovente. Então, com 51 anos, ela o encara e reflete sobre algumas coisas sobre a natureza humana, a memória e a tentativa de fazer a vida ter valido a pena:

"Ah!, pensava ela, embora sendo o que sou agora, não vivi inutilmente se um pouco de minha juventude continua vivendo na memória desse homem; e ela pensou em seguida que ali estava uma nova confirmação de sua convicção: todo o valor do homem está ligado a essa faculdade de se superar, de existir além de si mesmo, de existir no outro para o outro." 

3 de fev. de 2008

São Paulo II

- Cinema: aqui tem muitos cinemas, muitos mesmos, a maioria em centros culturais e com os nomes dos patrocinadores (tem até um “Cine Bombril”). Os Multiplex têm muitas salas e não passam só blockbusters, há sempre pelo menos uma sala com um filme europeu ou mais “cult”. O problema é que pra qualquer sessão, a qualquer hora, é preciso chegar uma hora, quarenta e cinco minutos antes para não correr o risco de perder o filme. Pra vocês terem uma idéia, a sessão de Império dos Sonhos, do David Lynch, estava bem cheia! A sessão que eu fui de Meu Nome Não É Johnny, estrelado por Selton Melo, literalmente lotou. Em duas outras oportunidades eu não consegui assisitir a sessão.

- Clima: graças ao Papai do Céu aqui não faz o mesmo calor que em Porto Alegre no verão. Em São Paulo a temperatura não costuma passar muito de trinta graus e chove quase todo dia, uns cinco minutos que seja. Ainda sobre o clima, alguns paulistas perguntam se eu não estou sentindo muito o calor daqui. Eles acham que em Porto Alegre é frio o ano inteiro, chega até a ser engraçado.

- Jornais: o único jornal que eu li até agora, a Folha de São Paulo, não é muito diferente da Zero Hora em conteúdo, à exceção de umas revistas (literalmente) que saem encartadas em alguns dias da semana. Só que ler esse jornal, com o dobro do tamanho da ZH, não é tarefa das mais fáceis: eu imagino ser humanemente impossível ler no ônibus, por exemplo.

- Ônibus: eu ia falar de uma só vez de todos os meios de transporte, mas como existem grandes especificidades entre eles decidi separá-los. Os ônibus daqui não são muito diferentes dos de Poa: de modo geral, para os bairros de perfeiria são destinados os modelos mais antigos e, para os bairros de classe media e alta, os ônibus mais modernos. Peguei um que tinha quatro portas e dois lugares para cadeirantes, o que deixava o carro com uma lotação inferior aos dos de Porto Alegre. Como a população paulista é muito maior, se não houver ônibus com uma freqüência muito grande acho que deve haver superlotações nos coletivos. Ainda não vi nenhum com ar-condicionado.

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