Luckács
A princesa Gawa estava nos seus aposentos naquela manhã e uma sensação estranha lhe tomara o peito. Era uma espécie de insatisfação, um tédio com sua vida naquele dia, que praticamente lhe arrancara do castelo e a fizera ir naquela taverna. Não sabia porque havia sentido aquilo, visto que andava bem; sua vida estava tranqüila e não havia grandes incomodações lhe perturbando.
Entrou na taverna e sentou numa mesa bem ao fundo. Estava vestida como uma camponesa e, como nunca havia sido mostrada a ninguém de fora do castelo, sabia que não seria incomodada. Saía de vez em quando do castelo para dar voltas, isso já não era novidade para ela. Sentou, pediu uma graspa para que ninguém desconfiasse de nada - afinal, ir a uma taverna e não pedir graspa era muito suspeito. Recebeu a bebida de um homem com uma aparência muito suja, que contrastava com o ambiente do castelo de onde recém saíra.
Estava ali, pensando na vida, quando de repente um menino de uns sete anos veio em sua direção e ficou olhando para ela. "Oi", ela disse, com aquela expressão simpática típica de uma princesa. O menino correu para o lado oposto, como se estivesse com medo. "Crianças", pensou Gawa, enquanto sorvia um gole de sua bebida. Logo depois, ao olhar para frente, avistou o pequeno novamente encarando-a. Perguntou seu nome, ao que ouviu como resposta um "Não posso responder, não posso falar com estranhos". Achou aquilo tão bonitinho, tinha a naturalidade que só mesmo as crianças sabem ter. "Meu nome é Sybil", disse ela, usando o nome falso que sempre usava ao sair do castelo. "Hum, agora acho que posso falar com a senhorita. Meu nome é Luckács". A princesa perguntou com quem ele estava, ao que o menino respondeu que estava com a mãe e a avó, sentadas lá na frente da taverna.
Os dois conversaram então demoradamente. O menino parecia ser muito inteligente, pois falava sobre várias coisas que meninos de 7 anos não costumam saber - tempo das colheitas, cálculos complexos e outras coisas que deixavam Gawa muito curiosa para saber de onde ele tirava tantas informações. "Não sei, meu pai diz que tenho um dom especial", respondeu Luckács, sem nenhuma falsa modéstia. Em seguida, emendou: "na verdade, quero lhe dizer que vim aqui, no fundo dessa taverna, para lhe dizer uma coisa". A princesa já havia terminado a segunda graspa e olhava aquele pequeno garoto com uma curiosidade quase anormal, quando ele lhe falou: Ymrrebus adverssus amaverum sed vitai*. A falsa Sybil quase caiu para trás; afinal, aquilo era latim, língua que não era falada há gerações por ali! Como o menino sabia aquilo? Ela lhe perguntou e ele respondeu que havia lido em uma enciclopédia que havia ganho do seu pai. Porém, desta vez a princesa achou que a resposta do garoto soava como uma desculpa. Não tinha nenhum motivo para não acreditar nele; afinal, essa parecia a razão mais provável para ele conhecer aquela frase. Logo em seguida o menino disse que precisava ir e, quase sem se despedir, foi para a parte da frente da taverna.
Sybil foi embora minutos depois; achava que não tinha mais motivos para estar ali. Era estranho que não soubesse por que tinha querido estar ali e nem por que queria ir embora, mas obedeceu à sua vontade inconsciente, ainda com a frase de Luckács na cabeça. Achava-a bonita, mas sem muito significado. Mal sabia ela que cerca de dois anos mais tarde descobriria o seu sentido, um sentido pleno e completo, enquanto seu anjo da guarda, um menino de 7 anos, a observava do alto de uma nuvem.
*Em situações adversas o amor é a solução para a vida.
Entrou na taverna e sentou numa mesa bem ao fundo. Estava vestida como uma camponesa e, como nunca havia sido mostrada a ninguém de fora do castelo, sabia que não seria incomodada. Saía de vez em quando do castelo para dar voltas, isso já não era novidade para ela. Sentou, pediu uma graspa para que ninguém desconfiasse de nada - afinal, ir a uma taverna e não pedir graspa era muito suspeito. Recebeu a bebida de um homem com uma aparência muito suja, que contrastava com o ambiente do castelo de onde recém saíra.
Estava ali, pensando na vida, quando de repente um menino de uns sete anos veio em sua direção e ficou olhando para ela. "Oi", ela disse, com aquela expressão simpática típica de uma princesa. O menino correu para o lado oposto, como se estivesse com medo. "Crianças", pensou Gawa, enquanto sorvia um gole de sua bebida. Logo depois, ao olhar para frente, avistou o pequeno novamente encarando-a. Perguntou seu nome, ao que ouviu como resposta um "Não posso responder, não posso falar com estranhos". Achou aquilo tão bonitinho, tinha a naturalidade que só mesmo as crianças sabem ter. "Meu nome é Sybil", disse ela, usando o nome falso que sempre usava ao sair do castelo. "Hum, agora acho que posso falar com a senhorita. Meu nome é Luckács". A princesa perguntou com quem ele estava, ao que o menino respondeu que estava com a mãe e a avó, sentadas lá na frente da taverna.
Os dois conversaram então demoradamente. O menino parecia ser muito inteligente, pois falava sobre várias coisas que meninos de 7 anos não costumam saber - tempo das colheitas, cálculos complexos e outras coisas que deixavam Gawa muito curiosa para saber de onde ele tirava tantas informações. "Não sei, meu pai diz que tenho um dom especial", respondeu Luckács, sem nenhuma falsa modéstia. Em seguida, emendou: "na verdade, quero lhe dizer que vim aqui, no fundo dessa taverna, para lhe dizer uma coisa". A princesa já havia terminado a segunda graspa e olhava aquele pequeno garoto com uma curiosidade quase anormal, quando ele lhe falou: Ymrrebus adverssus amaverum sed vitai*. A falsa Sybil quase caiu para trás; afinal, aquilo era latim, língua que não era falada há gerações por ali! Como o menino sabia aquilo? Ela lhe perguntou e ele respondeu que havia lido em uma enciclopédia que havia ganho do seu pai. Porém, desta vez a princesa achou que a resposta do garoto soava como uma desculpa. Não tinha nenhum motivo para não acreditar nele; afinal, essa parecia a razão mais provável para ele conhecer aquela frase. Logo em seguida o menino disse que precisava ir e, quase sem se despedir, foi para a parte da frente da taverna.
Sybil foi embora minutos depois; achava que não tinha mais motivos para estar ali. Era estranho que não soubesse por que tinha querido estar ali e nem por que queria ir embora, mas obedeceu à sua vontade inconsciente, ainda com a frase de Luckács na cabeça. Achava-a bonita, mas sem muito significado. Mal sabia ela que cerca de dois anos mais tarde descobriria o seu sentido, um sentido pleno e completo, enquanto seu anjo da guarda, um menino de 7 anos, a observava do alto de uma nuvem.
7 comentários:
então tu concorda comigo no que toca a fazer vontades inconscientes, mesmo que pouco "racionais"?
então tu concorda comigo no que toca a fazer vontades inconscientes, mesmo que pouco "racionais"?
Concordo, desde que não fira a máxima "não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você".
Mas cada um sabe de si...
Abração!
olha, não é tão simples. pelo que vejo da situaçã, se eu fizer o que imagino que "ele" está fazendo, não esperaria outra coisa "contra" mim.
Ah, a imaginação humana, tão conveniente...
E por último, mas não menos importante, o que tu tem a ver com isso, se algo está mesmo acontecendo?
Abraço!
ah, velho, esse termo de "conveniência" é muito inconveniente. melhor: é cômodo. faz acreditar no utilitarismo das escolhas e sentimentos. não é assim. têm certas decisões bem "decididas" cheias de prejuízos esperados.
Há, na real, um conflito entre os meus eu's. são duas morais competindo uma com a outra, das quais apenas uma saiu vitoriosa. entra aí http://aduboderosas.blogspot.com/2007/12/eu-x-eu-x-eu.html depois a gente termina essa idéia.
O guri, obviamente, tirou todas as informações do Gúgol.
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