23 de dez. de 2007

Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca.
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida
fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
quem passa os dias queixando-se de sua má sorte
ou da chuva incessante.

Morre lentamente
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

PABLO NERUDA

18 de dez. de 2007

Enquanto isso, no Uruguai...

E-mail que recebi hoje:

Não costumo mandar mensagens com este teor. Mas quero informar-lhes que em este exato momento MUITOS URUGUAIOS e MUITOS OUTROS QUE NÃO SÃO NECESSARIAMENTE URUGUAIOS estamos COMEMORANDO. Depois de 34 anos de golpe de Estado e 18 da Lei de Impunidade, acaba de ocorrer a PRISÃO, por Terrorismo de Estado, do militar e Ditador de 1980-1985, General-Repressor Gregorio "Goyo" Álvarez!!!

Independente dos desdobramentos imediatos, de possíveis liminares e de avanços e recuos, neste momento, no Uruguai, estão presos Bordaberry - a pata civil (da repressão interna e do Condor), golpista que comandou a ditadura entre 1973 e 1976 -, e agora, "el Goyo" - a pata militar (da repressão interna e do Condor).

Hoje comemoramos. Pelos que nunca deixaram de enfrentar as trovoadas, o medo, a impunidade e os Moinhos de Vento fardados e seus cúmplices, diretos e indiretos.

Hoje comemoramos por LAS VIEJAS (as Madres uruguaias)...

Hoje comemoramos POR TODOS OS QUE NÃO ESTÃO!!!

Hoje, às 19 horas, tem festa em Montevidéu, num lugar pequeninho mas carregado de Memória: a praça LIBERTAD.

E logo em seguida, a juntar forças para revogar a Ley de Caducidad - a lei da Impunidade que anistiou os criminosos de Estado.

17 de dez. de 2007

15 de dez. de 2007

Luckács

A princesa Gawa estava nos seus aposentos naquela manhã e uma sensação estranha lhe tomara o peito. Era uma espécie de insatisfação, um tédio com sua vida naquele dia, que praticamente lhe arrancara do castelo e a fizera ir naquela taverna. Não sabia porque havia sentido aquilo, visto que andava bem; sua vida estava tranqüila e não havia grandes incomodações lhe perturbando.

Entrou na taverna e sentou numa mesa bem ao fundo. Estava vestida como uma camponesa e, como nunca havia sido mostrada a ninguém de fora do castelo, sabia que não seria incomodada. Saía de vez em quando do castelo para dar voltas, isso já não era novidade para ela. Sentou, pediu uma graspa para que ninguém desconfiasse de nada - afinal, ir a uma taverna e não pedir graspa era muito suspeito. Recebeu a bebida de um homem com uma aparência muito suja, que contrastava com o ambiente do castelo de onde recém saíra.

Estava ali, pensando na vida, quando de repente um menino de uns sete anos veio em sua direção e ficou olhando para ela. "Oi", ela disse, com aquela expressão simpática típica de uma princesa. O menino correu para o lado oposto, como se estivesse com medo. "Crianças", pensou Gawa, enquanto sorvia um gole de sua bebida. Logo depois, ao olhar para frente, avistou o pequeno novamente encarando-a. Perguntou seu nome, ao que ouviu como resposta um "Não posso responder, não posso falar com estranhos". Achou aquilo tão bonitinho, tinha a naturalidade que só mesmo as crianças sabem ter. "Meu nome é Sybil", disse ela, usando o nome falso que sempre usava ao sair do castelo. "Hum, agora acho que posso falar com a senhorita. Meu nome é Luckács". A princesa perguntou com quem ele estava, ao que o menino respondeu que estava com a mãe e a avó, sentadas lá na frente da taverna.

Os dois conversaram então demoradamente. O menino parecia ser muito inteligente, pois falava sobre várias coisas que meninos de 7 anos não costumam saber - tempo das colheitas, cálculos complexos e outras coisas que deixavam Gawa muito curiosa para saber de onde ele tirava tantas informações. "Não sei, meu pai diz que tenho um dom especial", respondeu Luckács, sem nenhuma falsa modéstia. Em seguida, emendou: "na verdade, quero lhe dizer que vim aqui, no fundo dessa taverna, para lhe dizer uma coisa". A princesa já havia terminado a segunda graspa e olhava aquele pequeno garoto com uma curiosidade quase anormal, quando ele lhe falou: Ymrrebus adverssus amaverum sed vitai*. A falsa Sybil quase caiu para trás; afinal, aquilo era latim, língua que não era falada há gerações por ali! Como o menino sabia aquilo? Ela lhe perguntou e ele respondeu que havia lido em uma enciclopédia que havia ganho do seu pai. Porém, desta vez a princesa achou que a resposta do garoto soava como uma desculpa. Não tinha nenhum motivo para não acreditar nele; afinal, essa parecia a razão mais provável para ele conhecer aquela frase. Logo em seguida o menino disse que precisava ir e, quase sem se despedir, foi para a parte da frente da taverna.

Sybil foi embora minutos depois; achava que não tinha mais motivos para estar ali. Era estranho que não soubesse por que tinha querido estar ali e nem por que queria ir embora, mas obedeceu à sua vontade inconsciente, ainda com a frase de Luckács na cabeça. Achava-a bonita, mas sem muito significado. Mal sabia ela que cerca de dois anos mais tarde descobriria o seu sentido, um sentido pleno e completo, enquanto seu anjo da guarda, um menino de 7 anos, a observava do alto de uma nuvem.

*Em situações adversas o amor é a solução para a vida.

12 de dez. de 2007

Faça a evolução

Esse clipe é sensacional. Lançado em 1998, Do the Evolution representou o retorno do Pearl Jam ao mundo dos videoclipes, mas ainda demoraria alguns anos para que os seus integrantes aparecessem em um. Desenhado pelo Todd McFarlane (conhecido pelos seus desenhos históricos nos gibis do Homem-Aranha e por ter criado o Spawn), é daqueles clipes que não sobrevivem sem a música que ele representa, justamente por ilustrá-la de maneira genial. A letra fala sobre a natureza podre do ser humano, que se acha a última bolacha no pacote do planeta Terra e que, por isso, pode fazer o que quiser, seja com a Natureza ou com os outros humanos, em nome da "evolução".

O clipe conta rapidamente a história da vida no planeta, desde os primeiros seres vivos até a chegada do homem, que significou mudanças drásticas para todos os seres. Então o vídeo vai enumerando as várias barbaridades dos humanos, como guerra, escravidão, experiências com animais, massificação, hiperconsumismo, o Poder, campos de concentração, fanatismos, o orgulho pela prole e pelas tradições nojentas passadas de pai para filho e a força da religião. Do the Evolution é uma obra de arte: impossível não se emocionar com o macaco amarrado, numa seqüência que mostra um claro paralelo com um homem sendo executado em uma cadeira elétrica; a seqüência da menininha correndo em um campo, em que tudo parece tão pitoresco, e que de repente a mostra pisando em um formigueiro; a Morte, belíssima, dançando e mostrando sua verdadeira face em rápidos flashes; as seqüências dos homens ao redor da fogueira e sua "evolução".

Isso que eu nem estou falando da música propriamente dita, que é algo... Em suma, um vídeo para quem acha que não existe vida inteligente no rock, uma grande mensagem e um grande alerta, anos antes dessa moda de responsabilidade ambiental. Deixo aqui o clipe com tradução e também a letra original da música. Para ver duas, três, dez vezes:



DO THE EVOLUTION
I'm ahead, I'm a man
I'm the first mammal to wear pants, yeah
I'm at peace with my lust
I can kill 'cause in God I trust, yeah
It's evolution, baby

I'm at peace, I'm the man
Buying stocks on the day of the crash
On the loose, I'm a truck
All the rolling hills, I'll flatten 'em out, yeah
It's herd behavior, uh huh
It's evolution, baby

Admire me, admire my home
Admire my son, he's my clone
Yeah, yeah, yeah, yeah
This land is mine, this land is free
I'll do what I want but irresponsibly
It's evolution, baby

I'm a thief, I'm a liar
There's my church, I sing in the choir:
(hallelujah, hallelujah)

Admire me, admire my home
Admire my son, admire my clones
'Cause we know, appetite for a nightly feast
Those ignorant Indians got nothin' on me
Nothin', why?
Because... it's evolution, baby!

I am ahead, I am advanced
I am the first mammal to make plans, yeah
I crawled the earth, but now I'm higher
2010, watch it go to fire
It's evolution, baby
Do the evolution
Come on, come on, come on

C***lho!!!

Não havia título melhor pra essa postagem... Cliquem nesse link.

Agradecimentos ao Mário (conhece?).

Filmes para 2008

Dezembro está aí e, como sempre, eu começo uma lista de filmes que quero ver nos cinemas em 2008. Quase nunca chego a 50% da lista, mas espero que no ano que vem eu seja mais presente nas salas. Enfim, segue uma lista, bem pequena e sem ordem de preferência, dos meus desejos cinéfilos para o ano que vem (e, de certa forma, minhas sugestões pra vocês - caso não gostem, não me culpem!!). Detalhes sobre os filmes nos respectivos links:

- There Will Be Blood, de Paul Thomas Anderson;
- Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de Steven Spielberg;
- Cloverfield, de Matt Reeves;
- Onde os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Coen;
- A Bússola de Ouro, de Chris Weitz;
- The Mist, de Frank Darabont;
- Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, de Tim Burton;
- Persepolis, de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi;
- The Dark Knight, de Christopher Nolan;
- Arquivo X 2, de Chris Carter;
- The Happening, de M. Night Shyamalan;
- Na Natureza Selvagem, de Sean Penn;
- Lust, Caution, de Ang Lee;
- O Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel;
- À Prova de Morte, de Quentin Tarantino;
- Wall-E, de Andrew Stanton.

Juca Kfouri

Existem poucas pessoas que realmente admiro, e um deles é o Juca Kfouri. O cara há muitos anos luta quase que sozinho contra as barbaridades que acontecem no mundo do futebol no Brasil, seja entre os cartolas ou entre a relação promíscua de muitos jornalistas com entidades futebolísticas. Como ele mesmo diz nesse vídeo, o futebol imita a vida e, no Brasil, nada melhor do que as falcatruas do mundo da bola para ilustrar o pensamento da nação.



"Como diz o Eurico Miranda, 'a ética é coisa de filósofo'".

11 de dez. de 2007

Vida Real

Achei que tu não existisses, então te inventei.
Na minha ânsia por amor, te pintei com as cores mais belas.
Fiz-te perfeita demais, uma utopia de mulher.
E sonhei e imaginei e viajei e delirei
com a minha idealização.
Com aquela que eu sabia, só existia na minha cabeça.
Mas então te encontrei
e vi que era tu quem eu imaginava.
Quase não acreditei, e desde então abandonei
aquela que havia inventado,
pois te ter ao meu lado
vale mais do que a minha imaginação.

There Will Be Oscar

Com estréia prevista para o dia 26 de dezembro nos EUA e dia 15 de fevereiro no Brasil, There Will Be Blood, novo filme do genial Paul Thomas Anderson (Magnólia), tem tudo pra estourar no Oscar do ano que vem. Ainda nem foi lançado comercialmente e já está vencendo importantes festivais norte-americanos de crítica, como os de Nova Iorque e de Los Angeles. Mais um da série "Filmes que eu vou ver CERTO no cinema em 2008". A história se passa nos anos 1920, na Califórnia, e mostra o conflito entre um engenheiro da indústria petrolífera e seu filho, que têm idéias diferentes a respeito da classe operária e do socialismo. A partir daí tem início uma história de escândalos e intrigas políticas. Fiquem com o trailer:

7 de dez. de 2007

Always evil


Tirado de onde? Daqui, ora bolas!

Silêncio absoluto

Ediomar foi ao cinema. Tinha um dia de férias pela frente e queria ver uma comédia, nada melhor para o derradeiro dia de descanso. Escolheu o filme, o local e a sessão; seria no primeiro horário da tarde, logo após o almoço. E lá foi Ediomar, ansioso por mais um filme.

Chegou ao cinema e executou o velho ritual de sempre: comprou o ingresso (ia sempre sozinho) e o refrigerante (não gostava de pipoca), depois dirigiu-se diretamente até a poltrona mais ao centro possível. Nesse caso, era mesmo a cadeira mais central, porque além dele só havia mais uma pessoa sentada na sala. Ainda não haviam ligado o projetor e o silêncio ali imperava. Gostou do que via porque não suportava cinema cheio; para ele, quanto menos gente, melhor. Assim, diminuía a probabilidade de um celular tocar no meio do filme ou de algum chato de plantão sentar a seu lado para dizer "olha só, agora vem a parte boa".

Já devidamente acomodado no seu lugar, Ediomar foi sendo acometido por uma sensação estranha e logo percebeu o que era: havia, naquela sala de cinema, um silêncio penetrante. Desde que chegara ali não havia barulho, mas agora estava percebendo isso mais claramente. A menina que lhe fazia companhia ali não fazia barulho, e nenhum decibel podia ser ouvido. Ao perceber o silêncio, a primeira sensação que teve foi de incômodo. Afinal, como todo morador de uma grande cidade, Ediomar estava mais do que acostumado ao ritmo frenético e constante da sua metrópole, em que nem de madrugada fica-se livre de barulho. Lembrou imediatamente da noite anterior, quando um caminhão de lixo passou na frente da sua casa, em plena madrugada, fazendo um barulhão e acordando meio mundo. Agora, depois de não sabia quanto tempo, se encontrava ali, sem barulho algum, sem nada pra escutar. E percebeu, atônito, que não sabia o que fazer com aquilo.

O primeiro pensamento que passou pela sua cabeça foi o de fazer algum barulho e quebrar aquele incômodo silêncio. Depois pensou melhor e quis deixar essa honra ao destino, limitando-se apenas a assistir o espetáculo que aquela ausência de som lhe provocava. O que decidiu fazer, logo em seguida, foi algo que não fazia há tempos, nem lembrava há quanto: passou a sentir.

O primeiro sentimento que lhe tomou o corpo foi uma grande nostalgia de quando era criança quando, antes de dormir, sua mãe beijava-lhe o rosto e lhe acariciava a face, dando-lhe um boa noite carinhoso. Logo após essa rotina ela desligava a luz do quarto e o pequeno Ediomar ficava ali, no escuro e no silêncio, pensando em como queria ser logo um adulto e poder fazer o que quisesse. A criança pensava como deveria ser bom ser grande, ter o seu próprio dinheiro, trabalhar, enfim, viver como mamãe e papai viviam.

O pensamento de Ediomar retornou ao cinema. Percebeu que havia crescido e, naquela sala de cinema, no mesmo silêncio e escuridão de quando era criança, mas separados por anos dos daquele quarto em que o pequeno Ediomar dormia, pensou em como queria três coisas agora: novamente ganhar um boa noite carinhoso, ao ir dormir naquela noite; ficar mais vezes no silêncio absoluto, pensando na vida; e voltar a ser criança. De repente, uma luz invadiu a tela do cinema e o barulho retornou àquela sala. Em breve os trailers começariam.

Saiu do cinema sem assistir o filme, em busca de silêncio.

30 de nov. de 2007

Músicas do Mês

Foo Fighter - But Honestly - Baita música do baita último disco dos caras (Echoes, Silence, Patience and Grace, que em breve vai merecer uma postagem só pra ele). Começa com parecido com State of Love and Trust, do Pearl Jam, só com uma guitarrinha sem distorção, e vai crescendo até explodir, lá pela último terço, com guitarra distorcida e um riff poderoso. Junte isso a uma letra melancólica sobre perda (And all the words I gave to you / Something borrowed something blue / If you want them back / I'll give it to you) e terá um grande som.



Silverchair - Waiting All Day - Faixa no novo disco dos australianos, que é completamente diferente do que vinha sendo executado por eles. Quase sem ecos do grunge, o disco é feito com canções belas e trabalhadas como essa, em que a melodia se sobrepõe ao resto. Escutei-a poucas vezes, mas o refrão não saiu da minha cabeça.



Cássia Eller - No Recreio - Uma das melhores letras do Nando Reis numa das melhores músicas da Cássia, só podia dar nisso. Essa versão, aliás, é anos-luz melhor do que a pálida versão do Nando, aquela com violões. Essa, com guitarras distorcidas e o vozeirão da Cássia, mata a pau.


PJ

Há exatos dois anos e dois dias, tive a oportunidade de presenciar um dos maiores acontecimentos da minha curta existência: Pearl Jam em Porto Alegre. Foi uma experiência única assistir a banda que fez parte da minha vida desde a adolescência e que amadureceu junto comigo ali, na minha frente, tocando músicas que foram trilha sonora da minha vida, que foram músicas do mês, que são parte de mim. Foram duas horas em que milhares de pessoas cantavam e gritavam TODAS as músicas, em inglês, mesmo que fosse no enrolation, e em que todos os que estavam lá compartilhavam do mesmo sentimento, da mesma emoção, enquanto a banda mais interessante da atualidade (há quinze anos!) fazia o que sabia: nos emocionava com suas canções. Para os desafortunados que não estiveram lá - e para os mais desafortunados ainda que não conhecem Pearl Jam -, um trecho desse post do André, do Cataclisma 14, e três registros educativos do melhor show da minha vida, em que saí sem voz alguma:

"Soam os acordes, as notas, e a gente chega a explodir por dentro, pois a intensidade do momento é tanta que ele simplesmente te envolve e te transforma em emoção pura. E um dia, quando o pessimismo for a religião do mundo, eu poderei me levantar e dizer 'sonhar é uma coisa boa - se vocês duvidam, eu tenho a prova: dia vinte e oito de novembro do ano de dois mil e cinco'. Porque não existe sensação melhor no mundo do que cantar com o coração na boca."

Vídeo roubado do Cataclisma 14 (Yellow Ledbetter), que mostra a lotação do Gigantinho:



Durante Alive, catarse coletiva:



Jeremy, sem palavras. A música começa mesmo depois de 1:45. Destaque pro "uôôôôôôô" da platéia, aos 5:20, mais ou menos:


29 de nov. de 2007

Eu não acredito nisso...

É muita cara-de-pau! E pior é que já deve ter gente apoiando... ;)


Mais aqui.

Update: O Rodrigo, nos comentários, já matou a charada. Mas entre quem ainda não sabe da verdade, muita gente deve apoiar...

Aproveitando...

Fim de ano = correria. Monografia, artigo, relatório, mudança, etc., etc., etc.. Tudo isso pra justificar a falta de textos maiores por aqui, prontamente resolvidos por este que vos escreve a partir de quinta que vem - se tudo der certo...

Desde já, grato pela compreensão. ;)

Esporro na Veja

Do biógrafo de Che Guevara para o jornalista Diogo Schelp, da ilustre Revista Veja, traduzido do inglês:

"Caro Diogo,

Fiquei intrigado quando você não me procurou após eu responder seu email. Aí me passaram sua reportagem em Veja, que foi a mais parcial análise de uma figura política contemporânea que li em muito tempo. Foi justamente este tipo de reportagem hiper editorializada, ou uma hagiografia ou – como é o seu caso – uma demonização, que me fizeram escrever a biografia de Che. Tentei por pele e osso na figura super-mitificada de Che para compreender que tipo de pessoa ele foi. O que você escreveu foi um texto opinativo camuflado de jornalismo imparcial, coisa que evidentemente não é. Jornalismo honesto, pelos meus critérios, envolve fontes variadas e perspectivas múltiplas, uma tentativa de compreender a pessoa sobre quem se escreve no contexto em que viveu com o objetivo de educar seus leitores com ao menos um esforço de objetividade. O que você fez com Che é o equivalente a escrever sobre George W. Bush utilizando apenas o que lhe disseram Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad para sustentar seu ponto de vista. No fim das contas, estou feliz que você não tenha me entrevistado. Eu teria falado em boa fé imaginando, equivocadamente, que você se tratava de um jornalista sério, um companheiro de profissão honesto. Ao presumir isto, eu estaria errado. Esteja à vontade para publicar esta carta em Veja, se for seu desejo.

Cordialmente,

Jon Lee Anderson."


Detalhes aqui.

27 de nov. de 2007

C***lho!!!

200 por dia, que tal?

Crônica do Arnaldo Branco

Sobre o humor atual, altamente recomendada. Cliquem aqui.

21 de nov. de 2007

Teaser do Cloverfield

Confirmado o nome do filme, agora vem um teaser dele. Acompanhem em alta definição aqui.

20 de nov. de 2007

O Cérebro Humano

O cérebro humano é dotado de uma riqueza sem precedentes na Natureza: talvez nunca ninguém venha a conhecer exatamente sua real natureza e seus alcances e limites. Isso não deixa de ser paradoxal, visto que, além de o ser humano achar que é a última bolachinha do pacote e que sabe tudo, deveríamos saber pelo menos como o NOSSO cérebro funciona, não?

Vários problemas derivam daí. Um deles é o fato de que existem 212 mil explicações diferentes para o mesmo caso relacionado ao cérebro, de acordo com a linha em que se acredita. E não adianta fazer a velha e simplista dicotomia religião/ciência, pois vamos encontrar razões diferentes mesmo entre ramos diversos da ciência (mesmo entre um mesmo ramo, como no caso das várias correntes da Psicologia, por exemplo) ou as inúmeras religiões existentes, cada qual com a sua verdade.

Na dúvida, acredito que o melhor seja duvidar de tudo. Porém, dêem uma olhada nesse link muito interessante sobre um assunto relacionado a nossa cachola e tratem de colocá-la pra funcionar!

19 de nov. de 2007

Fingidos

Belíssima compilação de jogadores tentando - e às vezes conseguindo! - enganar o árbitro:

Tropa de Elite

Por problemas logísticos, demorei para assistir Tropa de Elite. Isso fez com que eu fosse previamente bombardeado por todos os lados com comentários e alusões a trechos do filme que, mesmo que eu quisesse evitar, não conseguiria. Toda a polêmica em torno do roubo do filme não finalizado e sua posterior distribuição pirata por tudo quando é camelô, aliada à discussão sobre a própria temática me fizeram acreditar que o filme estava sendo superestimado. Ledo engano, parceiro.

O filme conta a história do Capitão Nascimento (Moura), comandante de um esquadrão do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio de Janeiro) que, após um bom tempo à frente da sua equipe, começa a apresentar sinais de cansaço - incluindo síndrome do pânico - e precisa encontrar um substituto à altura antes de sair. Na PM "regular" ele encontra dois candidatos, Matias (Ramiro, o inteligente) e Neto (Junqueira, o determinado), e deve escolher logo, porque sua esposa, no final da gravidez, o pressiona para que ele saia o mais rápido possível da corporação.

Através dessa história, José Padilha (diretor do excelente documentário Ônibus 174) tece um retrato da tal "guerra particular" que João Moreira Salles e Katia Lund nos mostraram em Notícias de Uma Guerra Particular, outro documentário imperdível, através de uma ótica no mínimo corajosa: a de um policial. Com um roteiro escrito a seis mãos (Padilha, Braúlio Mantovani, do também ótimo Cidade de Deus, e Rodrigo Pimentel - ex-capitão do BOPE e um dos entrevistados no documentário de Salles e Lund), Tropa de Elite não faz nenhuma concessão ao mostrar a violência existente em ambos os lados dessa guerra, contando com a narração em off do Capitão Nascimento.

Com uma montagem desconcertante, que acerta ao dar um caráter rápido às cenas mais tensas e ao travar o ritmo quando precisa desenvolver os personagens, o filme é um desfile de boas atuações, dos personagens principais aos coadjuvantes. Wagner Moura, em especial, dá ao Capitão Nascimento o tom certo; apesar de ser talvez o personagem mais racional e que mais tem a noção geral dos acontecimentos por ali, parece estar cego diante do próprio potencial que tem nas mãos para usar de violência sem critérios para conseguir o que quer. Aliás, sua narração é mais uma decisão acertada do diretor, pois dá ao espectador a chance de ouvir as argumentações de Nascimento - e ao constatar que elas são, na sua maioria, absolutamente coerentes, o que fica é uma sensação de concordância com alguns de seus atos (voltarei a isso mais tarde). A maior parte do tempo o diretor deixa a câmera na mão, que transborda urgência ao que está acontecendo na tela, seja nas operações na favela, seja durante o pesado treinamento do BOPE. Além disso, o som é ótimo, e só ele já basta como argumento para não assistir Tropa de Elite numa cópia pirata, e sim no cinema; a montagem e o design de som estão sensacionais (percebam o funk no início, quando um trecho "à capela" é alternado com outro com as batidas), e a trilha sonora se encaixa perfeitamente com os momentos em que elas aparecem - e olha que eu nunca imaginei dizer isso de um filme que tem uma música do Tihuana na trilha...

Mas o principal em Tropa de Elite não parece ser o filme em si, mas sim as diferentes mensagens que ele sugere. Escrevo "sugere" porque Padilha não nos dá nenhuma resposta pronta, apesar de às vezes parecer o contrário: ele nos joga na cara as questões e deixa que tentemos respondê-las por nós mesmos (já volto a essa questão novamente). Isso desde já é de uma curiosidade problemática sem paralelos no Cinema brasileiro, visto que é um filme "cabeça" de "ação" que está sendo exibido em salas Multiplex do Brasil inteiro, enquanto que até então os filmes-cabeça nacionais costumavam passar em salas menores e em número bem reduzido. Aumenta-se o alcance, mas será que se aumenta o alcance? Entre as diversas questões, destaco as que penso serem as mais relevantes:

- em primeiro lugar, uma questão mais geral, que é a de que o problema da violência e das drogas no Rio é mais complexo do que se vê em conversa de boteco; são várias variáveis envolvidas, nenhuma está isolada da outra e todas se retroalimentam, crescendo de maneira conjunta e exponencial. Portanto, soluções unilaterais seriam simplistas e maniqueístas, esvaziando em muito a discussão em torno do tema - e a sua conseqüente solução.

- Os jovens universitários: quem faz algum curso universitário de Humanas sabe o quanto do que está ali é bem real. Quantos pseudo-comunistas, por exemplo, não discutem la revolución bebendo Coca-Cola e usando Nike? No caso do filme, alunos discutem a violência policial, a violência do tráfico, mas não enxergam o quanto aquela inocente maconha que fumam está no meio da questão, e conseqüentemente o quanto eles mesmos são, em certa medida, agentes desse processo. "Na prática a teoria é outra", já diria um estagiário de História dando aula, depois de várias cadeiras na Faced... A cena em que se discute Foucault, aliás, é uma das melhores, quando chovem reclamações sobre a truculência policial contra aqueles estudantes, todos esclarecidos, ricos e cidadãos honestos que não fazem nenhum mal a não ser usar drogas de vez em quando, sonegar impostos e furar a fila do RU - alguns ainda queimam mendigos e espancam prostitutas, mas não vamos generalizar aqui, né? Os policiais deveriam estar atrás dos criminosos, não deles, ora bolas! A recriação desse discurso no filme, tantas vezes repetido pela elite brasileira, tem um caráter de crítica fundamental no filme. Talvez Padilha quisesse tanto chamar a atenção com isso que incluiu cenas demais explicando essa história (como aquela em que Matias bate em um estudante em uma passeata pela "paz" - outra ótima crítica, aliás). Talvez nem com esse monte de explicações a elite entenda, já que a sua memória seletiva depois do filme só se lembra do BOPE matando os traficantes na favela. O que me leva a outro ponto.

- Tropa de Elite foi acusado por várias pessoas de ser fascista. Afinal, ele serviria como uma propaganda do BOPE, mostrando um capitão deles como herói, mostrando cada morte dos traficantes como mais uma, mas a de um dos seus integrantes com todos os detalhes e honrarias possíveis, etc. Discordo desse ponto de vista. Para mim, o filme de Padilha não é fascista, ele apenas expõe sentimentos em uma parcela do público que me fazem dizer, com certa tristeza, que uma boa parte da sociedade brasileira é fascista. Explico: a situação da violência no Brasil chegou a tal ponto que parece não haver muita solução a não ser a repressão pura mesmo. Isso quer dizer que poderíamos permitir que um policial, que nada mais é do que um policial, tenha poderes de um Estado de Exceção para, além de prender, julgar e condenar o réu, e o Poder Judiciário que se dane. A coisa é bem grave quando vemos várias pessoas comemorando as ações do BOPE no filme, ou dizendo que precisamos de mais Capitães Nascimento no Brasil (né, Luciano Huck?), com carta branca para subir o morro, invadir as casas e matar pobres. Um dos problemas é que ninguém quer o BOPE invadindo Copacabana. Esse tratamento diferenciado é típico de sociedades fascistas, e lamentavelmente a nossa - ou uma parcela importante dela - está caminhando, consciente ou não, para esse caminho. Isso é culpa de uma série de questões (como eu disse mais acima), mas o que importa aqui é que cada vez mais a sociedade brasileira faz vista grossa quando a violência policial atinge "os outros". O que me leva a uma outra questão.

- "Os outros": cada vez mais eu enxergo a sociedade brasileira das grandes cidades dividida entre os que têm e os que querem ter (isso é diferente da velha luta de classes do tio Marx - não comemorem, pseudocomunistas!). Isso quer dizer que entre os policiais e os moradores dos bairros nobres existe uma visão muito distanciada e estereotipada em relação aos moradores das favelas e das periferias, e vice-versa. Isso dá uma certa tranqüilidade na hora de torcer pra um dos lados nessa guerra; se eu tenho dinheiro, pra mim bandido bom é bandido morto. Se eu moro na favela, bom mesmo é o traficante, não os porcos ou os playboys. Na semana retrasada, por exemplo, depois do tiroteio na Vila Areia em que um policial foi morto e um traficante foragido foi preso, uma moradora da vila foi entrevistada e disse que o sujeito preso era "uma boa pessoa". Essa alteridade torta justifica que os dois lados enxerguem o outro com um desdém preocupante, visto que ambos são do mesmo país, do mesmo estado, da mesma cidade - nem estou argumentando que ambos são seres humanos, vejam bem.

- Por fim, parece que a situação brasileira chegou a tal ponto de violência que qualquer coisa que vise a acabar com ela torna-se aceitável - mesmo que também seja violência. O problema é que, quando a gente avança demais, depois é muito difícil de se voltar atrás, parceiro...

Por todos os seus méritos técnicos (com ajuda da Universal, é bom lembrar) e por seus méritos, digamos, sociológico-filosóficos, Tropa de Elite configura-se no melhor filme brasileiro que eu assisti nesse ano, disparado, surpreendentemente.

FICHA TÉCNICA

Tropa de Elite - 2007 - Nota A
Direção: José Padilha. Roteiro: José Padilha, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel. Com: Wagner Moura, Milhem Cortaz, Caio Junqueira e André Ramiro.

11 de nov. de 2007

Poetando

Poema porreta de uma poeta que, por acaso, me ensinou a poetar:

Escolha
A dúvida insiste em manter dois caminhos possíveis neste momento
Cada qual com seus altos e baixos
Meu pensamento voa longe pelas possibilidades das consequências dessa escolha
Há tantas coisas para serem feitas
Vividas e sentidas
De novo o incerto me arrepia e ao mesmo tempo me liberta, porque sei que estou tentando acertar
Não há destino
O caminho dessa escolha pode ser de uma só forma: sentindo o que há de mais verdadeiro e genuíno dentro de mim.

10 de nov. de 2007

Blur - Cofffe & TV

Ou "O clipe da caixinha da leite". Ou o meu cilpe favorito.

Skylab VII

Saiu o novo álbum de Rogério Skylab!! \o/

9 de nov. de 2007

Eu duvido...

...alguém assistir todo esse vídeo. Ou assistir todo sem rir. Ou não ficar uma semana com a maldita música na cabeça.

A situação da educação (parte II - os professores)

Continuando a série sobre as diversas variáveis existentes que prejudicam a educação brasileira, desta vez vamos aos mestres. Acho que todo mundo sabe que os professores da rede pública de ensino são, de modo geral, mal remunerados. Isso é a origem de uma série de problemas que afetam a educação e, apesar de explicar em parte o problema, não o justifica de forma alguma.

Um professor que já esteja há, digamos, mais de dez anos no ensino público provavelmente já tenha sido acometido do mal que as professoras da escola em que estou estagiando (que a partir de agora, para fins didáticos, vou chamar de "minhas professoras" - visto que não há homens dando aula lá) têm: a total apatia. Sei que a minha experiência nessa escola não pode ser considerada uma amostra suficientemente grande para servir de parâmetro global, mas os relatos que já juntei sobre o tema me dão um pouco de confiança para afirmar que essa situação não é exclusiva de lá. É impressionante como o lema "Eu finjo que dou aula e eles fingem que aprendem" tem peso de lei entre as minhas professoras, e mais impressionante ainda é o sentimento de rivalidade, irreversibilidade ou mesmo ódio que existe em relação aos alunos.

Quanto ao lema "Eu finjo que dou aula e eles fingem que aprendem", as minhas professoras dão exemplos diários disso. A professora que eu estou substituindo, por exemplo, tem o péssimo hábito de dar, uma semana antes da prova, um questionário de "revisão". Isso não seria um problema caso esse questionário não fosse EXATAMENTE as questões que cairão na prova. Como ainda por cima ela dá as respostas na aula posterior às questões, basta os alunos memorizarem-nas e transcreverem-nas na hora da prova, podendo esquecê-las minutos depois. Isso quando não se dão nem ao trabalho de estudarem, pois basta uma cola bem feita para evitar o enfadonho ato de estudar. Dessa forma, vários alunos totalmente inaptos são aprovados, ano a ano, até concluírem o ensino médio sem saber quase nada - em alguns casos, nada mesmo - sobre nada. Além disso, eles ficam mal-acostumados com esse método, que estimula a preguiça mental e o analfabetismo funcional - o que por sua vez cria um exército de cordeiros, mas isso é papo para outra postagem.

Em relação aos vários sentimentos existentes nos coraçãozinhos das professoras, exemplos pessoais do meu estágio também não faltam: certo dia, quando estava na Sala dos Professores, uma professora perguntou à outra se já havia batido, ao que duas outras responderam "ainda não, graças a Deus". Em outras palavras, há um sentimento de obrigação no ato de dar aula, e uma obrigação enfadonha, monótona e desestimulante. Isso sem contar o jeito como algumas professoras se referem a seus alunos na Sala dos Professores - sem a presença de nenhum aluno, é claro: algumas meninas são chamadas de putas, alunos de preguiçosos, etc. e tal. A carga de pessoalidade que provém daí é grande demais na hora de uma avaliação, por exemplo. Sem contar que isso cria pré-conceitos entre elas, o que não é muito saudável na relação aluno-professor. Um dos maiores exemplos desses pré-conceitos é a irreversibilidade existente em alguns alunos, como se estes fossem casos perdidos. Já cansei de ouvir a frase "Fulano não tem salvação", o que parece dar carta branca para que a professora não precise mais se preocupar com ele. Vejam bem, não digo que não haja casos perdidos, mas não há como negar que existem casos superestimados, quando na verdade eles apenas necessitariam uma maior atenção.

Existem vários problemas que concorrem para estimular esse tipo de comportamento nos professores, e que vão minando ao longo dos anos qualquer sinal de idealismo que poderia ter existido em algum momento. É certo que eles são mal remunerados - particularmente na esfera estadual - e que vários alunos não estão nem aí pra nada, mas simplesmente desistir de tentar mudar qualquer coisa ao mesmo tempo em que se continua ali, dando aula, me parece um erro. Trate de mudar de profissão, ora bolas! O problema aí talvez seja o fato de o professor ser concursado - o que significa estabilidade no emprego -, que de certa forma dá um comodismo a ele. Em todo o caso, dar mais atenção ao ato de ensinar, dedicar-se mais a sua profissão e esforçar-se para tentar mudar as coisas seria um belo pontapé inicial para iniciar o movimento das engrenagens que podem alterar esse caos educacional, e isso - para o bem ou para o mal - só pode partir dos mestres.

É Oscar!!

Tá, o Kibe Loco não é o máximo da originalidade, mas às vezes tem umas coisas engraçadas... Dêem uma olhada nisso aqui, por exemplo. E pasmem. Ou riam.

Poesia do caralho

Poesia em spam de penis enlargement:

At last you've got a gal that's hot
You wanna screw her juicy twat.
She's so attractive, she's so nice!
But would your penile size suffice?

Not sure she will wish for more?
You need a thing she would adore!
But how to get it long and thick?
Your only hope is MegaDik!

You'll get so wanted super-size
And see great pleasure in her eyes!
Your shaft will stuff her box so deep,
Tonight you'll hardly fall asleep!

So try today this magic pill
And change your life at your own will!


Não dá pra dizer que não é original...
Roubado do Surra.

7 de nov. de 2007

O por quê dos países em desenvolvimento

(Foto: Saurabh Das/AP)

Isso é notório, mas é sempre bom informar: boa parte das grandes empresas européias e norte-americanas faz uso de um expediente um tanto quanto desumano para poder lucrar mais: uma considerável parcela do trabalho manual para a confecção de seus produtos é terceirizada nos chamados "países em desenvolvimento", principalmente na Ásia. O principal argumento é a utilização de mão-de-obra mais barata, o que diminuiria os custos, mas existe um motivo maior escondido aí, que diminui os custos a um ponto totalmente excelente para as grandes marcas dos países desenvolvidos: o aproveitamento de crianças e o trabalho escravo. Nenhuma dessas empresas estimula esse tipo de atividade, mas também não faz a menor questão de saber de onde sai aquela produção extremamente barata que contratam. Isso, aliado a questões próprias dos locais que são contratados, faz com que esse tipo de prática prolifere-se a cada dia no mundo. A Nike já foi acusada disso, e agora a mais nova envolvida é a GAP, num episódio em que uma de suas fábricas na Índia sofreu uma batida e ficou comprovado o uso de crianças de até dez anos trabalhando na confecção de roupas. O melhor dessa estratégia das grandes corporações é que basta alegar que não sabiam de nada para que tudo fique por isso mesmo (aprendeu bem, né Lula?). O que fazer para solucionar o problema? Não sei, sinceramente. Só sei que é ingenuidade esperar que a solução venha das empresas. Alguém tem alguma sugestão?

Dia das tirinhas

Hoje é o dia delas - as tirinhas. Fiquem com uma do mestre Dahmer, sobre aqueles que, em uma reedição do Inferno de Dante Alighieri, acompanhariam os advogados no primeiro andar do lar do Capeta: os publicitários.

Heil Sieber

Grande tirinha (em todos os sentidos) do grande Allan, que saiu na Revista Zé Pereira nº2. Clique em cada parte para aumentar o tamanho (a tira está divida em quatro):

Eu Mesmo, criança

Dias atrás, minha mãe achou uma pasta com uma série de atividades de português que eu fiz na 4ª série. Dando uma lida nelas, não tem como não rir e se emocionar com alguns escritos, que contém expectativas, sonhos e esperanças de uma criança de 9 anos - que por coincidência sou Eu Mesmo! Segue abaixo um exemplo, em uma atividade que envolvia compor um texto de propaganda utilizando algumas palavras dadas pela professora e que pedisse aos homens que acabassem com a "violência, mortes, brigas e guerras". Ah, e no fim tinha que inventar um slogan que sintetizasse a mensagem do texto. Detalhe: está sem nenhuma correção, ou seja, é a escrita da época.

Senhores telespectadores:
Vamos acabar com isso! São guerras e mais guerras! Não podemos mais agüentar.
É ódio, é rivalidade, é desacordo, é discórdia, é rixa, é conflito, é, enfim, um mundo mortal.
Todas as pessoas do mundo brigam, lutam, matam e são más.
Não podemos permitir isso! Senão...
Mas uma coisa é certa: apesar disso tudo, de desunião, de morte, de inimizade, ainda existem pessoas com harmonia, com amor, com cooperação - que não são muitas -, com união e com entendimento. Acreditem! Você pode ser uma delas. Se você não é, tente ser.
Seja uma pessoa boa!!!

31 de out. de 2007

Músicas do Mês

Amy Winehouse - Rehab - pelo segundo mês consecutivo essa música não saiu da minha cabeça, e o pior: apareceu em tudo quanto é lugar diferente. Por onde eu passava, tocava Rehab. Eu ligava a TV ou o rádio, lá estava ela. E quando estava tudo quieto, ela insistia em tocar na minha cabeça...

Manic Street Preachers - Your Love Alone is Not Enough - novamente essa música aparece por aqui, em parte devido a um grande parceiro que comprou vários singles da banda e me mostrou. No single dessa música está incluído o clipe, que é bem legal, por sinal, com a Nina Persson linda como sempre.

Mundo(s)*

O mundo é um só;
as árvores, as montanhas,
as casas, as pessoas.
Porém, são infinitos os mundos que existem;
afinal, o mundo é para cada um
aquilo que cada um percebe,
aquilo que cada um acredita,
aquilo que cada um quer ver.
E é nesse mundo,
um apenas e múltiplos infinitos ao mesmo tempo,
que eu te conheci.
E é nesse mundo,
que é o mesmo para mim e para ti,
mas em que o teu é diferente do meu,
nesse mundo e em cada outro mundo
de cada outra pessoa,
no meu mundo e no teu,
enfim, em todos os mundos,
possíveis e impossíveis,
reais e utópicos,
que eu quero te ter,
pra mim,
assim,
sempre.


* Sim, antes que perguntem, eu estou apaixonado...

25 de out. de 2007

Entre Vistas II

Ainda sobre entrevistas e jornalistas, um trecho de um texto do Arnaldo Branco, publicado na revista Ze Pereira:

Quem já passou pela experiência quase lisérgica de ser entrevistado sabe do que estou falando. Não existe técnica em nenhum estúdio de gravação que consiga o efeito de distorção da fala de que um jornalista é capaz. Só o despreparo não pode explicar a total mudança de sentido de uma frase depois de processada pelo cérebro de um repórter - os caras devem captar outra frequência, como os cachorros.
A diversidade de idéias costuma confundir nossos bravos operários da palavra, que preferem suas próprias versões do fato não importa o quanto você tente oferecer a sua, e apesar do pequeno detalhe de ser você o entrevistado. Mas é recomendável não se queixar, porque se indispor com um deles é desafiar um esprit du corps só comparável ao que eles costumam denunciar no Senado e na Câmara.

24 de out. de 2007

The Mist

Se tem uma união que eu gosto muito em Hollywood é a entre o roteirista e diretor Frank Darabont e o mestre do terror Stephen King. Graças a eles, vieram ao mundo cinematográfico dois filmes sensacionais, Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994), baseado no conto Rita Hayworth and Shawshank Redemption, e À Espera de um Milagre (The Green Mile, 1999), baseado no livro homônimo. Além disso, a parceria também rendeu um filme menos conhecido - mas igualmente competente, baseado no conto A Mulher do Quarto (The Woman in the Room, 1983), talvez a história mais triste de King - mas igualmente horripilante. Sozinhos os dois também são competentes no cinema: vários livros e contos de King foram adaptados - muitos ruins, várias pérolas -, enquanto Darabont lançou o excelente Cine Majestic (The Majestic, 2001).

Porém, nenhum dessas parcerias eram de terror no sentido estrito da palavra até agora, apenas se aproveitando do realismo fantástico - e Um Sonho de Liberdade, nem isso. Agora, finalmente os dois se uniram para realizar um terror: The Mist, cujo lançamento está previsto para 21 de novembro nos EUA. Trata-se de um nevoeiro que tranca vários moradores de uma cidadezinha em um supermercado, iniciando uma série de eventos, hum, digamos, monstruosos.

Fiquem com o trailer e aguardem, como eu, ansiosos por esse lançamento que promete...


19 de out. de 2007

Entre vistas

Ser famoso tem suas desvantagens óbvias. Por exemplo, não deve ser fácil ir ao cinema ou mesmo à padaria - apesar que não vejo o Galvão Bueno (péssimo exemplo) comprando pão para o café da manhã. Talvez uma das maiores chatices seja aturar entrevistas monótonas feitas por jornalistas (jornalistas?) despreparados. A banda Los Hermanos tem pelo menos três ótimos exemplos de como uma entrevista banal pode ser um pé no saco - pra eles, porque pra mim elas são simplesmente sensacionais:

- Em primeiro lugar, a repórter chama Marcelo Camelo de Marcelo CAMPELO. Super informada... E o Rodrigo Amarante ainda vira uma hora pra ele e fala: "foram muito bons, não foram... Campelo?".




- Os dois repórteres dão uma aula de preparação prévia para uma entrevista. Uma sucessão de erros:
1- Marcelo CAMPELO (de novo!!);
2- Bate-boca ao invés de boca-boca;
3- 1% da população mundial não gosta de LH;
4- ela pergunta pq eles usaram tanto sopros no último disco, mas na verdade o "4" é o álbum que tem MENOS sopros...;
5- Pergunta: "- Como é que você compõe?" Resposta: "- Com violão e um caderno";
6- Ela pergunta se ele tem que estar apaixonado pra compor músicas como "O Último Romance". Detalhe: a música foi composta pelo Rodrigo Amarante...;
7- Daí entra um cara do nada e fala sobre o Charlie Brown Jr. (o Chorão e o Marcelo brigaram uma vez num aeroporto, e o vocalista do LH acabou com um olho roxo), e o Camelo fala "Tô nem aí, cara";
8- Após uma pergunta sobre Anna Júlia, o repórter fala, de mansinho: "numa boa". Haha;
9- O Marcelo Camelo pegando o cigarro e a cerveja, tipo "tá, agora chega", foi algo...;
10- "Eu sou sua fã". Tá bom...




- Genial resposta do Rodrigo Amarante a um repórter muito chato. Destaques:
1- "Hã?!";
2- "É, é uma música nossa, né por isso tem a relação";
3- "Você queria saber o que mesmo?";
4- "Você já foi a algum show do Los Hermanos? Não? E esse sempre vem da onde?";
5- "O que incomoda é o jornalismo preguiçoso";
6- "Esse tipo de pergunta, assim, leviana...";
7- "Eu acho que você leu pouco. Desculpe a sinceridade".


Frase do dia

"Fazemos nossos caminhos e lhes chamamos destino."
Benjamin Disraeli

17 de out. de 2007

Conversa sobre distâncias por e-mail

O marido de uma amiga teve que viajar a trabalho e vai ficar fora por uns dias. Então, ela manda um e-mail para um amigo dizendo que vai aproveitar o momento sozinha para pensar o por quê de estar tão incomodada em ficar só por um tempinho. Ele responde para ela alguns minutos depois, com base na sua própria experiência. Abaixo, a transcrição do "diálogo", com omissões naturais a nomes:

Hoje curtirei meu dia "meu" e, psicanaliticamente falando, acho importante eu aproveitar esse dia do impacto para entender melhor os meus sentimentos nesse momento.Ao longo do dia estou me dando conta de que fui exageradamente atingida pela idéia de ficar só. Talvez existe algo mais além do fato de que eu gosto de ficar com o [...]. Estou pensando que é um momento de refletir sobre como a solidão se tornou esse bicho papão.

É, na verdade só tu tem a resposta de tamanha inquietação. Porém, te adianto que isso não deve ser tratado por ti como uma coisa estranha ou anormal. Isso é absolutamente compreensível. Explico:
Quando a gente ama alguém, não quer ficar longe dessa pessoa. A gente sabe que tem uma vida própria e que o outro também tem, mas muitas vezes os melhores momentos do dia são justamente aqueles em que vocês estão juntos. Toscamente comparando, é como quando a gente é criança/adolescente e tem um videogame legal com um jogo muito afudê. A gente vai pra aula/trabalho/sei lá onde, mas sabe que se pudesse subornava o tempo para ele passar mais rápido para a gente poder chegar logo na melhor parte do dia, aquela em que a gente vai jogar o tal jogo. Não que as outras partes do dia sejam ruins, é só que aquela é melhor.
Voltando ao teu caso, tu quer ficar com o [...], ora bolas. Isso não é, de maneira alguma, um caso de dependência ou de fragilidade individual da tua parte. Não. É só que tu sabe que a melhor parte do teu dia, aquela pela qual tu estava juntando o dinheirinho para subornar o tempo, não vai acontecer. Portanto, as outras partes do dia, que seriam a ante-sala desse grandioso momento, são agora peças vazias. Isso é normal, não é uma reação exagerada. Apenas não deixa isso contaminar os teus dias; encha essas peças vazias de móveis, sejam eles feitos por ti, sejam quadros com fotos de vocês dois! :)
Isso não quer dizer que tu não tenha que refletir sobre isso; afinal, auto-conhecimento é sempre muito útil. Só acho que a questão aqui não é que tu está fazendo da solidão um bicho-papão, mas sim da falta do [...] um bicho-papão, o que é perfeitamente compreensível.

16 de out. de 2007

A situação da educação (parte I - os alunos)

Depois de iniciar meu estágio de licenciatura, no início do mês passado, pude não só comprovar o estado calamitoso da educação pública no Brasil como também concluí que a minha percepção prévia sobre o tema era até otimista perto da realidade encontrada. Os problemas que encontrei em sala de aula até agora são muitos e de muitas naturezas. Todo mundo tem uma parcela de culpa nessa situação e tudo parece sem solução rápida aparente.

Nessa pequena série de textos, tentarei expor, com alguns exemplos, onde cada setor envolvido tem culpa no cartório para o estado lamentável da educação no Brasil.

Em primeiro lugar, a culpa dos alunos.

Por parte dos alunos existe uma óbvia falta de interesse. Para além do fato de as aulas serem, no imaginário das crianças e dos adolescentes, chatas e desnecessárias (e algumas de fato são), não há o menor esforço por parte da maioria deles em tentar pelo menos demonstrar algum interesse. Existe, por exemplo, uma cultura muito forte entre os estudantes que supõe que nota baixa é sinal de brincadeira e que quem tira nota boa deve ser zoado. Portanto, ao tirar uma nota 3, Zezinho se vira e diz para o seu colega Luizinho: "ganhei de ti, que tirou 4!". Chega então o Huguinho, que tirou 10 na prova, mas este é rapidamente ignorado pelos coleguinhas. Essa total inversão de valores - muito conveniente, por sinal - é um dos responsáveis por notas baixas e conseqüente desinteresse nas aulas.

Além disso parece existir, entre a maioria dos alunos, dois tipos principais e opostos: os hiperativos e os absolutamente desinteressados.

Sobre os primeiros, lembro que quando ainda estava buscando uma escola para o estágio presenciei uma cena que parecia saída de uma obra de ficção: um aluno atirava uma bolinha de papel para outro, que tentava acertá-la COM UM TACO DE BASEBALL, enquanto a professora tentava dar aula. Está certo que na minha sala de aula isso não acontece, mas a tônica das aulas é sempre de que isso pode ocorrer. Fazendo um breve resumo do comportamento dos alunos em aula, a coisa é mais ou menos assim: enquanto eu estou explicando a matéria, SEMPRE tem alguém conversando com outro aluno ou jogando uma bolinha de papel em outro ou se levantando e indo até a classe do colega ou dando um soco no braço de alguém. Sempre. Então é preciso interromper a aula, pedir para o Fulano sentar/parar de socar o colega/juntar o papel do chão/parar de falar, ou então tirar o aluno de sala de aula, e depois tentar continuar. Isso irrita, isso é chato, isso atrapalha o andamento das aulas.

Já os desinteressados são mais interessantes, pois não atrapalham tanto as aulas, mas igualmente contraproducentes. A minha turma é uma 6ª série, na qual deveria haver alunos de 11 e 12 anos. Porém, lá tem alguns com 15 e 16 anos, todos re-repetentes, e todos eles são desse tipo. Se eu proponho uma atividade posso ter a certeza prévia de que eles não vão executá-la, mesmo que eu os ameaçasse de morte. Um dia, abordei um deles e perguntei por que ele não fazia a tarefa. Ele me respondeu que no ano que vem vai fazer um supletivo. Ah, tá. Outro dia, a atividade era escrever uma carta para o ex-presidente do Brasil entre os anos de 1922 e 1926 (final do período da Política do Café-com-Leite), Arthur Bernardes. O objetivo era expor pra ele a situação ruim do Brasil e sugerir mudanças, com base no que eles haviam aprendido em sala de aula. Pra variar, a turma mais velha não estava fazendo nada - e valia nota, só pra constar. Então, de tanto insistir com um deles, ele finalmente tirou uma folha do caderno, anotou algumas coisas e me entregou. Emocionado com a atitude do jovem, deixei aquela folha como a última da pilha para saber que era dele e poder conferir o resultado do meu esforço. Ao começar a corrigir os trabalhos, fui direto para o do menino, que tinha a seguinte redação:

"Arthur Bernardes
Um abraço do seu amigo [fulano] para o senhor presidente. Seja feliz aí no céu!!! Fim."

Não riam, por favor.

Na seqüência da série, a culpa dos professores.

11 de out. de 2007

C***lho!!!

Sem comentários...

10 de out. de 2007

O Grito Wilhelm

Não sei se vocês já ouviram falar dele, mas com certeza já o ouviram. Trata-se do Wilhelm Scream (Grito Wilhelm), talvez o mais clichê dos efeitos sonoros da história do cinema. Utilizado pela primeira vez em 1951, no filme Distant Drums, ele é um grito que certo personagem dava em um momento da projeção. Até aí, tudo bem. Só que esse som já foi utilizado umas 212 mil vezes em tudo que é tipo de projeto, de desenhos animados a filmes vencedores do Oscar. O IMDB lista 112 filmes com esse efeito sonoro, mas de tão popular que ele se tornou deve haver muitos outros. A seguir, alguns exemplos do uso do Grito Wilhelm:

9 de out. de 2007

Bienal

Tá, eu fui na Bienal nesse final de semana. Vou em todas as edições e parece que só faço isso para reclamar delas. Na verdade, acho que vou porque ainda sou um sujeito que acredita nas coisas. Nesse caso, ainda acredito que um dia vou sair de uma mostra de arte contemporânea com a sensação de que aquilo faz sentido, de que aquilo é realmente a expressão de algo em si, para si e fora de si - porque nesse domingo só a última opção passou pela minha cabeça. Já postei, em uma outra oportunidade em que falei sobre esse assunto, uma ótima tira dos Malvados. Portanto, para não perder o costume, mais uma do Dahmer, desta vez ensinando um pouco sobre o processo artístico criativo para os leigos:

5 de out. de 2007

And the Oscar goes to...

Eu já tinha postado um vídeo sobre esse assunto, mas volto a ele agora depois do que aconteceu no jogo Celtic e Milan, pela Liga dos Campeões. O jogo estava 1 a 1 quando o Celtic, que jogava em casa, fez o gol da vitória. Então, um torcedor invadiu o campo e passou a mão no pescoço do goleiro Dida, do Milan. O brasileiro então até fez menção de correr atrás do invasor, mas então teve uma idéia melhor: se atirou no chão, simulando ter sido agredido. Marlon Brando é para os fracos, ator mesmo é Dida!!



Vejam mais dois indicados ao Oscar:


4 de out. de 2007

Monastérios

Olhem que legais esses monastérios, propositadamente construídos para ficarem longe de quaisquer humanos.

Acaso

O nosso encontro parece obra do Acaso;
mas se por um acaso alguém analisar
que de tão perfeito ficou nosso caso
Não foi será o Acaso a nos predestinar?

1 de out. de 2007

Lembranças e Fantasmas

Todo mundo tem coisas guardadas em casa. Papéis, brinquedos, generalidades, algo arquivado e esquecido nas gavetas, enfim, que sempre evocam nosso passado de uma maneira ou de outra. Em grande parte dos casos, elas se referem a algum momento que já é tão distante que não merece nem ao menos uma visita, mas insistimos em mantê-las guardadas. Porém, existem momentos em que chega a hora de fazer uma limpeza.

Deixamos aqueles depósitos de memória ali, sobre aquela mesa, dentro daquela gaveta, naquela prateleira – e hoje em dia também na nossa caixa de mensagens – primeiro como uma tentativa de não esquecer, como uma recordação. Às vezes, à medida que o tempo corre, passamos a desenvolver uma outra relação com eles, passando a enxergá-los com um estranhamento inconveniente. Eles deixam de ser longínquos conhecidos e tornam-se estranhos inoportunos. Todo o sentimento que lá se fixava e que de lá poderia nos contaminar já não existe mais; aquelas coisas agora já são só coisas, às vezes não mais desejadas. Tornaram-se fantasmas. Para eles, um destino: a eliminação.

Mas por que aqueles objetos, tão caros um dia, hoje já não significam nada ou tiveram seu significado tão alterado que nem parecem mais vindos da nossa própria vida? Ora, porque nós mudamos. Estamos constantemente nos esquecendo disso, às vezes por pura conveniência, mas o fato é que nunca mais seremos os mesmos que fomos hoje; seja pelas experiências próprias ou pelas testemunhadas, seja pela maturidade ou por qualquer outro motivo, vivemos em constante mudança. Esta pode ser imperceptível se vista de um dia para o outro, mas como um processo de longa duração ela é bem fácil de ser reparada. Já no século IV a.C. Heráclito de Éfeso, filósofo grego, dizia: “Um homem nunca se banha duas vezes no mesmo rio. Na segunda vez, as águas já são outras e ele está mais velho”. Nós mudamos, mas as coisas guardadas não. E elas passam a ser, ao invés de lembranças, fantasmas a nos assombrar, a nos incomodar. Então, é hora de nos livrarmos delas, sem remorso.

Pode acontecer também de precisarmos nos desfazer desses vestígios materiais das nossas lembranças porque muitas vezes eles são empecilhos para continuarmos seguindo em frente. Eles tentam nos manter em um momento que já não existe mais a não ser ali, naqueles objetos. Isso pode ser prejudicial, principalmente se tentamos seguir em frente com a nossa vida e mais ainda se estamos começando a tentar trilhar novos caminhos. Nesse caso, não só é importante o descarte, mas indispensável.

Minha mãe, após a morte de meu pai, foi aos poucos se desfazendo de uma série de objetos relacionados a ele. Hoje em dia pouco sobrou. Ela consegue recuperar as recordações que quer sobre seu marido facilmente puxando tudo pela memória. Muito mais prático, não ocupa espaço e nem assombra. Se ela foi muito extremista? Para alguns, pode ser. Mas para ela serviu exatamente para o que queria no momento.

Essa é a tônica do processo: cada um sabe melhor do que ninguém a hora certa de limpar o seu armário, arrumar a sua mesa, esvaziar as suas gavetas. Ou pelo menos deveria saber. Porque nada melhor para seguir, recomeçar ou reiniciar a vida do que um caminho sem fantasmas.

30 de set. de 2007

Músicas do Mês

Amy Winehouse - Rehab - Chega de falar dela só por causa das encrencas que ela causa devido às drogas - até a Courtney Love disse dias atrás que Amy é a maior drogada que ela conhece! Vamos falar de música, o que ela faz bem. Rehab faz parte do segundo álbum da moça, Back to Black, e fala - adivinhem - sobre seus vícios: ela recusou um conselho dos seus produtores para se internar numa clínica de reabilitação para alcoólatras. Mas o que me conquistou esse mês foi a melodia e o balanço da música; muito bem produzida, Rehab consegue tirar um ótimo proveito da excelente voz de Amy, que aqui parece irritada como em nenhuma outra canção sua.

Legião Urbana - Sete Cidades - Música não tão conhecida do megaconhecido disco As Quatro Estações, essa é uma das poucas músicas de amor felizes da Legião Urbana. Se ao longo de sua discografia existem canções de amor, quase todas têm um viés ou um trecho negativo - vide TODAS as músicas do Descobrimento do Brasil, por exemplo. Porém, Sete Cidades é uma declaração de amor que, se tem momentos mais pra baixo em sua letra ("Meu coração é tão tosco e tão pobre/Não sabe ainda os caminhos do mundo"), esses servem exatamente para exaltar a paixão, o amor. Junto com o instrumental feijão-com-arroz da Legião e a potente voz de Renato Russo, essa letra é testemunha de um dos raros momentos de otimismo na obra dos caras.

26 de set. de 2007

De Belo Horizonte a Miami no Google Maps

1 - Clique aqui e acesse a página inicial do Google Maps.
2 - Em baixo do campo de busca, clique em "Como Chegar".
3 - No Endereço de partida coloque
"Belo Horizonte".
4 - No Endereço de destino coloque
"Miami".
5 -
Clique em
"Como Chegar".
6 - Vá até a sugestão
43.
7 - Surpresaaaaaaaaa!!

Visto no Jacaré Banguela.

24 de set. de 2007

Normose

Mensagem que chegou a mim por e-mail, atribuída à Martha Medeiros. Independente do autor, mais um da série "textos que eu gostaria de ter escrito":

NORMOSE

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.

A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Eu não sou filiada, seguidora, file, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.

Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Simpsons cita o Cinema

Os Simpsons é um desenho imperdível por vários aspectos. Dentre eles, as inúmeras citações - sejam a respeito de literatura, cinema, pintura, etc. - presentes ao longo dos seus episódios são um destaque à parte. Se é verdade que ao longo das últimas temporadas a qualidade da série caiu, também o é que as referências externas continuam de muito bom gosto. E é com muita técnica que os seus roteiristas as incluem, visto que elas são colocadas de maneira que quem não as entende não se sente perdido - já que as citações são integradas à história, sem forçar a barra -, e quem as entende fica com uma sensação agradável por dois motivos: o primeiro por se auto-vangloriar intelectualmente por ter encontrado dentro do seu próprio cérebro a referência utilizada pelo roteiro, e o segundo por a partir daí se sentir mais integrado, mais cúmplice do episódio e da sua estória. Vejam alguns exemplos de referências e homenagens a filmes nesse site aqui.

23 de set. de 2007

Tempo

Esse post do Cataclisma 14 me fez pensar...

Realmente, o que mais falta na vida de uma pessoa é tempo; por mais que a gente o tenha, sempre fica a sensação de que ele é insuficiente para tudo o que queremos fazer. Eu vejo os cientistas gastando milhões de dólares para nos fazer morrer cada vez mais tarde - o que é uma saída possível para essa falta de tempo, viver mais -, mas penso que esse dinheiro todo poderia ser revertido para que fosse inventado algo para não dormirmos mais. Isso porque se o ser humano hoje em dia consegue passar dos 100 anos, ao chegar a uma certa idade já não consegue fazer as mesmas coisas da sua juventude, principalmente no que diz respeito a atividades físicas.

Tá, eu também adoro dormir. Poucas coisas se comparam à sensação de estar completamente destruído e com muito sono e poder encostar a cabeça no seu travesseiro, fechar os olhos e curtir o sono dos justos. Melhor ainda é poder dormir abraçado ao lado de alguém de quem se gosta. Porém, pensem comigo: se nós nunca dormíssemos e vivêssemos, sei lá, 60 anos, considerando que uma pessoa média dorme cerca de 8 horas - e considerando aqui, só pra ilustrar o exemplo, o sono como perda de tempo -, ganharíamos mais de 131 mil horas para aproveitar a vida. Isso dá 15 anos a mais, e sem os malefícios da velhice - 212 mil problemas de saúde, limitações físicas, preconceito, abandono, etc. Portanto, o ideal seria que inventassem algo que não nos fizesse dormir. Perderíamos essa sensação maravilhosa, mas ganharíamos um tempo extra no qual poderíamos desfrutar livremente.

Hum, mas pensando bem, sendo o ser humano o animal mais insatisfeito da face da Terra, mesmo esse tempo a mais não seria suficiente para ele aproveitar a vida. Ainda viveríamos achando que o tempo que temos não é o bastante para viver e repetiríamos a mesma choradeira que fazemos atualmente. Talvez o ideal seja adotarmos o já tão batido carpe diem e aproveitarmos as nossas vidas do melhor jeito possível, independente de quanto tempo ainda nos resta...

19 de set. de 2007

Programas ao vivo

Qualquer programa ao vivo é um programa de humor em potencial. Afinal, teoricamente tudo pode acontecer enquanto as câmeras estão ligadas. Vejam alguns exemplos divertidos no vídeo a seguir:

18 de set. de 2007

The Infinite Cat Project

A Internet tem cada coisa louca... Dá uma olhada nesse site. Nele, uma pessoa tirou uma foto de um gato, depois alguém tirou uma foto de outro gato olhando pra essa foto. Depois, alguém tirou uma foto de um terceiro gato olhando pra essa última foto. E assim por diante. Esse é o The Infinite Cat Project. Clica no link e depois fica clicando na seta do "next cat". Uma viagem...

Link

Sugestão de postagem interessante no Cataclisma 14. Vai lá!

17 de set. de 2007

Madrugada

Recebeu uma cartinha singela, com tantas palavras bonitas... Dentre elas, uma frase lhe chamou a atenção: "A madrugada me diz tanta coisa!"

Ele tratou de respondê-la, assim, de bate-pronto: "Uma madrugada dessas quero ficar acordado contigo pra ouvir tudo o que ela te diz... E ficar conversando, eu, tu e a madrugada, até o sol raiar, sobre qualquer coisa, sobre tudo e sobre nada, sobre nós. E de repente chegarmos à conclusão que a vida é realmente estranha, curta e injusta; mas que quando encontramos alguém especial, esquecemos de tudo isso e ela passa a ser uma viagem maravilhosa, cheia de luz e no tempo que tem que ser. E enquanto o sol for raiando e a madrugada lentamente for se despedindo da gente, nos deixando com aquela sensação de nostagia, nos abraçarmos um ao outro sem pressa alguma, como se o tempo não mais nos importasse, mas apenas as nossas palavras trocadas com a madrugada".

MD Recomenda

Recebi na sexta-feira um e-mail de um grande amigo, Marcel Bittencourt (com quem tive a honra de tocar na banda Eu, o Zé e os Cara), com um texto de sua autoria a respeito de um assunto que ainda não havia sido abordado por aqui. Gostei tanto do escrito que resolvi compartilhá-lo com vocês, com a devida autorização do seu criador:

Será?

Ontem sofri um choque. Aconteceu uma daquelas clássicas cenas de cinema, onde um personagem fica parado, boquiaberto, chocado com uma cena trágica. Infelizmente existiam duas diferenças ali: a notícia era real e o personagem era eu. E você. E todos os brasileiros.

Entrei no supermercado e passei o olho no jornal, que estampava em letras garrafais: "CALHEIROS ABSOLVIDO". Não pude acreditar. Tentei ler de novo. E de novo. E mais uma vez, num último e inútil fio de esperança. Mas não, estava ali, estampado na capa de um jornal popular e escancaradamente exposto pra quem quisesse ver.

Isso me levou a fazer uma pergunta: Será?

Será que temos que passar por esse tipo de constrangimento? Primeiro, revistas de grande circulação denunciam o que todos já sabiam, só não tinham como provar. Depois, o Senado tem a capacidade de questionar se a seção deveria ser aberta. Lógico!!! Óbvio que tinha que ser aberta! Nós, eleitores, que teclamos "confirma" e botamos os senadores lá temos o direito de saber como se posicionam nossos senadores numa situação crítica e importante como essa. Depois decidem pela seção fechada, pela cortininha que esconde a obscenidade, pelo pano debaixo do qual são tomadas as decisões políticas desse país. E, por fim, resta a notícia a qual ninguém gostaria de ser obrigado a ler, ouvir, assistir, comentar e, principalmente, ser submetido: Ele foi absolvido.

Será que os senhores que compõem o senado federal acham mesmo normal uma pensão alimentícia de quase R$20.000,00?

Será que os senhores que compõem o senado federal acreditam que ele é mesmo inocente?

Será que os senhores que compõem o senado federal não vêem nada de anormal no crescimento do patrimônio pessoal do senhor Renan Calheiros?

Será que os senhores que compõem o senado federal pensam que daqui para frente aquela instituição terá algum respeito do cidadão brasileiro?

A resposta para todas as perguntas até aqui expostas é NÃO!

O que aconteceu naquela seção fechada, gravada para arquivo histórico, mas que ninguém tem acesso, foi a celebração da corrupção, do jeitinho brasileiro, da total desconsideração pelas palavras "respeito" e "ética". Imperou o poder velado de uma imensa rede de rabos presos.

A seção fechada foi para que os eleitores não pudessem reconhecer os cúmplices de Renan. E essa decisão foi talvez a que mais machucou o povo brasileiro. Povo honesto e lutador, mas hoje indignado com a decisão, impotente diante do absurdo e humilhado pelas mesmas pessoas a quem confiou um mandato de oito anos.

E, não bastasse tudo isso, veio o "grand finale", a cereja do bolo, a humilhação-mor: o próprio Renan, em pura ironia e escárnio, se pronunciando sobre a absolvição classificando o ocorrido como "uma vitória da democracia".

Será que será sempre assim? Gosto de ser otimista, mas confesso que depois desse episódio ficou bastante difícil.

E quanto às próximas eleições, lembrem de, por segurança, não votar em NENHUM dos senadores que estão lá. Afinal, se não nos deixam ver quem é honesto e quem é pilantra, não temos escolha, senão julgar todos da mesma forma: cúmplices do presidente da Casa.

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Marcel Bittencourt
Músico

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