31 de out. de 2007
Mundo(s)*
O mundo é um só;
as árvores, as montanhas,
as casas, as pessoas.
Porém, são infinitos os mundos que existem;
afinal, o mundo é para cada um
aquilo que cada um percebe,
aquilo que cada um acredita,
aquilo que cada um quer ver.
E é nesse mundo,
um apenas e múltiplos infinitos ao mesmo tempo,
que eu te conheci.
E é nesse mundo,
que é o mesmo para mim e para ti,
mas em que o teu é diferente do meu,
nesse mundo e em cada outro mundo
de cada outra pessoa,
no meu mundo e no teu,
enfim, em todos os mundos,
possíveis e impossíveis,
reais e utópicos,
que eu quero te ter,
pra mim,
assim,
sempre.
* Sim, antes que perguntem, eu estou apaixonado...
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25 de out. de 2007
Entre Vistas II
Quem já passou pela experiência quase lisérgica de ser entrevistado sabe do que estou falando. Não existe técnica em nenhum estúdio de gravação que consiga o efeito de distorção da fala de que um jornalista é capaz. Só o despreparo não pode explicar a total mudança de sentido de uma frase depois de processada pelo cérebro de um repórter - os caras devem captar outra frequência, como os cachorros.
A diversidade de idéias costuma confundir nossos bravos operários da palavra, que preferem suas próprias versões do fato não importa o quanto você tente oferecer a sua, e apesar do pequeno detalhe de ser você o entrevistado. Mas é recomendável não se queixar, porque se indispor com um deles é desafiar um esprit du corps só comparável ao que eles costumam denunciar no Senado e na Câmara.
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24 de out. de 2007
The Mist
Porém, nenhum dessas parcerias eram de terror no sentido estrito da palavra até agora, apenas se aproveitando do realismo fantástico - e Um Sonho de Liberdade, nem isso. Agora, finalmente os dois se uniram para realizar um terror: The Mist, cujo lançamento está previsto para 21 de novembro nos EUA. Trata-se de um nevoeiro que tranca vários moradores de uma cidadezinha em um supermercado, iniciando uma série de eventos, hum, digamos, monstruosos.
Fiquem com o trailer e aguardem, como eu, ansiosos por esse lançamento que promete...
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19 de out. de 2007
Entre vistas
- Em primeiro lugar, a repórter chama Marcelo Camelo de Marcelo CAMPELO. Super informada... E o Rodrigo Amarante ainda vira uma hora pra ele e fala: "foram muito bons, não foram... Campelo?".
- Os dois repórteres dão uma aula de preparação prévia para uma entrevista. Uma sucessão de erros:
1- Marcelo CAMPELO (de novo!!);
2- Bate-boca ao invés de boca-boca;
3- 1% da população mundial não gosta de LH;
4- ela pergunta pq eles usaram tanto sopros no último disco, mas na verdade o "4" é o álbum que tem MENOS sopros...;
5- Pergunta: "- Como é que você compõe?" Resposta: "- Com violão e um caderno";
6- Ela pergunta se ele tem que estar apaixonado pra compor músicas como "O Último Romance". Detalhe: a música foi composta pelo Rodrigo Amarante...;
7- Daí entra um cara do nada e fala sobre o Charlie Brown Jr. (o Chorão e o Marcelo brigaram uma vez num aeroporto, e o vocalista do LH acabou com um olho roxo), e o Camelo fala "Tô nem aí, cara";
8- Após uma pergunta sobre Anna Júlia, o repórter fala, de mansinho: "numa boa". Haha;
9- O Marcelo Camelo pegando o cigarro e a cerveja, tipo "tá, agora chega", foi algo...;
10- "Eu sou sua fã". Tá bom...
- Genial resposta do Rodrigo Amarante a um repórter muito chato. Destaques:
1- "Hã?!";
2- "É, é uma música nossa, né por isso tem a relação";
3- "Você queria saber o que mesmo?";
4- "Você já foi a algum show do Los Hermanos? Não? E esse sempre vem da onde?";
5- "O que incomoda é o jornalismo preguiçoso";
6- "Esse tipo de pergunta, assim, leviana...";
7- "Eu acho que você leu pouco. Desculpe a sinceridade".
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Frase do dia
"Fazemos nossos caminhos e lhes chamamos destino."
Benjamin Disraeli
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17 de out. de 2007
Conversa sobre distâncias por e-mail
O marido de uma amiga teve que viajar a trabalho e vai ficar fora por uns dias. Então, ela manda um e-mail para um amigo dizendo que vai aproveitar o momento sozinha para pensar o por quê de estar tão incomodada em ficar só por um tempinho. Ele responde para ela alguns minutos depois, com base na sua própria experiência. Abaixo, a transcrição do "diálogo", com omissões naturais a nomes:
Hoje curtirei meu dia "meu" e, psicanaliticamente falando, acho importante eu aproveitar esse dia do impacto para entender melhor os meus sentimentos nesse momento.
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16 de out. de 2007
A situação da educação (parte I - os alunos)
Nessa pequena série de textos, tentarei expor, com alguns exemplos, onde cada setor envolvido tem culpa no cartório para o estado lamentável da educação no Brasil.
Em primeiro lugar, a culpa dos alunos.
Por parte dos alunos existe uma óbvia falta de interesse. Para além do fato de as aulas serem, no imaginário das crianças e dos adolescentes, chatas e desnecessárias (e algumas de fato são), não há o menor esforço por parte da maioria deles em tentar pelo menos demonstrar algum interesse. Existe, por exemplo, uma cultura muito forte entre os estudantes que supõe que nota baixa é sinal de brincadeira e que quem tira nota boa deve ser zoado. Portanto, ao tirar uma nota 3, Zezinho se vira e diz para o seu colega Luizinho: "ganhei de ti, que tirou 4!". Chega então o Huguinho, que tirou 10 na prova, mas este é rapidamente ignorado pelos coleguinhas. Essa total inversão de valores - muito conveniente, por sinal - é um dos responsáveis por notas baixas e conseqüente desinteresse nas aulas.
Além disso parece existir, entre a maioria dos alunos, dois tipos principais e opostos: os hiperativos e os absolutamente desinteressados.
Sobre os primeiros, lembro que quando ainda estava buscando uma escola para o estágio presenciei uma cena que parecia saída de uma obra de ficção: um aluno atirava uma bolinha de papel para outro, que tentava acertá-la COM UM TACO DE BASEBALL, enquanto a professora tentava dar aula. Está certo que na minha sala de aula isso não acontece, mas a tônica das aulas é sempre de que isso pode ocorrer. Fazendo um breve resumo do comportamento dos alunos em aula, a coisa é mais ou menos assim: enquanto eu estou explicando a matéria, SEMPRE tem alguém conversando com outro aluno ou jogando uma bolinha de papel em outro ou se levantando e indo até a classe do colega ou dando um soco no braço de alguém. Sempre. Então é preciso interromper a aula, pedir para o Fulano sentar/parar de socar o colega/juntar o papel do chão/parar de falar, ou então tirar o aluno de sala de aula, e depois tentar continuar. Isso irrita, isso é chato, isso atrapalha o andamento das aulas.
Já os desinteressados são mais interessantes, pois não atrapalham tanto as aulas, mas igualmente contraproducentes. A minha turma é uma 6ª série, na qual deveria haver alunos de 11 e 12 anos. Porém, lá tem alguns com 15 e 16 anos, todos re-repetentes, e todos eles são desse tipo. Se eu proponho uma atividade posso ter a certeza prévia de que eles não vão executá-la, mesmo que eu os ameaçasse de morte. Um dia, abordei um deles e perguntei por que ele não fazia a tarefa. Ele me respondeu que no ano que vem vai fazer um supletivo. Ah, tá. Outro dia, a atividade era escrever uma carta para o ex-presidente do Brasil entre os anos de 1922 e 1926 (final do período da Política do Café-com-Leite), Arthur Bernardes. O objetivo era expor pra ele a situação ruim do Brasil e sugerir mudanças, com base no que eles haviam aprendido em sala de aula. Pra variar, a turma mais velha não estava fazendo nada - e valia nota, só pra constar. Então, de tanto insistir com um deles, ele finalmente tirou uma folha do caderno, anotou algumas coisas e me entregou. Emocionado com a atitude do jovem, deixei aquela folha como a última da pilha para saber que era dele e poder conferir o resultado do meu esforço. Ao começar a corrigir os trabalhos, fui direto para o do menino, que tinha a seguinte redação:
"Arthur Bernardes
Um abraço do seu amigo [fulano] para o senhor presidente. Seja feliz aí no céu!!! Fim."
Não riam, por favor.
Na seqüência da série, a culpa dos professores.
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11 de out. de 2007
10 de out. de 2007
O Grito Wilhelm
Não sei se vocês já ouviram falar dele, mas com certeza já o ouviram. Trata-se do Wilhelm Scream (Grito Wilhelm), talvez o mais clichê dos efeitos sonoros da história do cinema. Utilizado pela primeira vez em 1951, no filme Distant Drums, ele é um grito que certo personagem dava em um momento da projeção. Até aí, tudo bem. Só que esse som já foi utilizado umas 212 mil vezes em tudo que é tipo de projeto, de desenhos animados a filmes vencedores do Oscar. O IMDB lista 112 filmes com esse efeito sonoro, mas de tão popular que ele se tornou deve haver muitos outros. A seguir, alguns exemplos do uso do Grito Wilhelm:
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9 de out. de 2007
Bienal
Tá, eu fui na Bienal nesse final de semana. Vou em todas as edições e parece que só faço isso para reclamar delas. Na verdade, acho que vou porque ainda sou um sujeito que acredita nas coisas. Nesse caso, ainda acredito que um dia vou sair de uma mostra de arte contemporânea com a sensação de que aquilo faz sentido, de que aquilo é realmente a expressão de algo em si, para si e fora de si - porque nesse domingo só a última opção passou pela minha cabeça. Já postei, em uma outra oportunidade em que falei sobre esse assunto, uma ótima tira dos Malvados. Portanto, para não perder o costume, mais uma do Dahmer, desta vez ensinando um pouco sobre o processo artístico criativo para os leigos:
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5 de out. de 2007
And the Oscar goes to...
Vejam mais dois indicados ao Oscar:
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4 de out. de 2007
Monastérios
Olhem que legais esses monastérios, propositadamente construídos para ficarem longe de quaisquer humanos.
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Acaso
O nosso encontro parece obra do Acaso;
mas se por um acaso alguém analisar
que de tão perfeito ficou nosso caso
Não foi será o Acaso a nos predestinar?
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1 de out. de 2007
Lembranças e Fantasmas
Todo mundo tem coisas guardadas em casa. Papéis, brinquedos, generalidades, algo arquivado e esquecido nas gavetas, enfim, que sempre evocam nosso passado de uma maneira ou de outra. Em grande parte dos casos, elas se referem a algum momento que já é tão distante que não merece nem ao menos uma visita, mas insistimos em mantê-las guardadas. Porém, existem momentos em que chega a hora de fazer uma limpeza.
Deixamos aqueles depósitos de memória ali, sobre aquela mesa, dentro daquela gaveta, naquela prateleira – e hoje em dia também na nossa caixa de mensagens – primeiro como uma tentativa de não esquecer, como uma recordação. Às vezes, à medida que o tempo corre, passamos a desenvolver uma outra relação com eles, passando a enxergá-los com um estranhamento inconveniente. Eles deixam de ser longínquos conhecidos e tornam-se estranhos inoportunos. Todo o sentimento que lá se fixava e que de lá poderia nos contaminar já não existe mais; aquelas coisas agora já são só coisas, às vezes não mais desejadas. Tornaram-se fantasmas. Para eles, um destino: a eliminação.
Mas por que aqueles objetos, tão caros um dia, hoje já não significam nada ou tiveram seu significado tão alterado que nem parecem mais vindos da nossa própria vida? Ora, porque nós mudamos. Estamos constantemente nos esquecendo disso, às vezes por pura conveniência, mas o fato é que nunca mais seremos os mesmos que fomos hoje; seja pelas experiências próprias ou pelas testemunhadas, seja pela maturidade ou por qualquer outro motivo, vivemos em constante mudança. Esta pode ser imperceptível se vista de um dia para o outro, mas como um processo de longa duração ela é bem fácil de ser reparada. Já no século IV a.C. Heráclito de Éfeso, filósofo grego, dizia: “Um homem nunca se banha duas vezes no mesmo rio. Na segunda vez, as águas já são outras e ele está mais velho”. Nós mudamos, mas as coisas guardadas não. E elas passam a ser, ao invés de lembranças, fantasmas a nos assombrar, a nos incomodar. Então, é hora de nos livrarmos delas, sem remorso.
Pode acontecer também de precisarmos nos desfazer desses vestígios materiais das nossas lembranças porque muitas vezes eles são empecilhos para continuarmos seguindo em frente. Eles tentam nos manter em um momento que já não existe mais a não ser ali, naqueles objetos. Isso pode ser prejudicial, principalmente se tentamos seguir em frente com a nossa vida e mais ainda se estamos começando a tentar trilhar novos caminhos. Nesse caso, não só é importante o descarte, mas indispensável.
Minha mãe, após a morte de meu pai, foi aos poucos se desfazendo de uma série de objetos relacionados a ele. Hoje em dia pouco sobrou. Ela consegue recuperar as recordações que quer sobre seu marido facilmente puxando tudo pela memória. Muito mais prático, não ocupa espaço e nem assombra. Se ela foi muito extremista? Para alguns, pode ser. Mas para ela serviu exatamente para o que queria no momento.
Essa é a tônica do processo: cada um sabe melhor do que ninguém a hora certa de limpar o seu armário, arrumar a sua mesa, esvaziar as suas gavetas. Ou pelo menos deveria saber. Porque nada melhor para seguir, recomeçar ou reiniciar a vida do que um caminho sem fantasmas.
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