Criacionistas, agora eles estão vindo pegar suas crianças
Imagine que você é um professor de História Romana ou de Latim, ansioso para transmitir o seu entusiasmo pela Antiguidade Clássica – pelas elegias de Ovídio e pelas odes de Horácio, pela vigorosa economia da gramática latina como exibida na oratória de Cícero, as belezas estratégicas das Guerras Púnicas, o gênio estratégico de Júlio César e os excessos voluptuosos dos últimos imperadores.
Este seria um grande empreendimento que tomaria muito tempo, concentração e dedicação. Ainda assim você encontraria o seu tempo continuamente prejudicado, a atenção da sua classe distraída, pelos latidos de uma matilha de ignoramuses (que como professor de latim você entenderia que seria o jeito certo de declinar ignorami) [1] que, com apoio político e especialmente financeiro, espalham aos quatro ventos que os romanos nunca existiram. Que nunca houve um Império Romano. Que o mundo inteiro veio a existir apenas um pouco antes do tempo de que temos memória. Que o espanhol, o italiano, o francês, o português, o catalão, o ocittânico e o romanche, todas essas línguas e os dialetos que as constituem surgiram espontânea e separadamente, e que nada devem a um ancestral chamado latim.
Ao invés de devotar toda a sua atenção para a nobre vocação de ser um erudito e professor, você é obrigado a investir parte do seu tempo e energia para a retrógrada defesa do pressuposto de que os romanos realmente existiram: uma defesa contra a exibição de um preconceito ignóbil que poderia fazê-lo chorar caso você não estivesse tão ocupado lutando contra ele.
Se a minha analogia sobre o Professor de Latim lhe pareceu por demais irreal, aqui está um exemplo mais realista. Imagine-se um professor de história mais recente, e que as suas lições sobre a Europa do Século XX são boicotadas, impedidas ou interrompidas de outra forma por grupos bem organizados e bem financiados assim como grupos políticos musculosos de negadores do holocausto. Diferente dos meus improváveis negadores do Império Romano, os negadores do Holocausto realmente existem. Eles se expõem razoavelmente, são superficialmente preparados e adeptos do aprendizado aparente[2]. Eles recebem apoio do presidente de pelo menos um grande estado atual, e contam com o apoio de pelo menos um bispo da Igreja Católica. Imagine que, como professor de História da Europa, você é continuamente encarado com exigências beligerantes tais como a de “ensinar a controvérsia” e a dar “tempos iguais” para a “teoria alternativa” de que o Holocausto nunca aconteceu e que foi inventado por um bando de farsários sionistas.
Os adeptos da moda do relativismo intelectual seguem o rastro afirmando que não existe verdade absoluta: que acreditar que o Holocausto aconteceu ou não é uma questão de crença pessoal, que ambos os pontos de vista são igualmente válidos e, portanto, devem ser igualmente “respeitados”.
Este seria um grande empreendimento que tomaria muito tempo, concentração e dedicação. Ainda assim você encontraria o seu tempo continuamente prejudicado, a atenção da sua classe distraída, pelos latidos de uma matilha de ignoramuses (que como professor de latim você entenderia que seria o jeito certo de declinar ignorami) [1] que, com apoio político e especialmente financeiro, espalham aos quatro ventos que os romanos nunca existiram. Que nunca houve um Império Romano. Que o mundo inteiro veio a existir apenas um pouco antes do tempo de que temos memória. Que o espanhol, o italiano, o francês, o português, o catalão, o ocittânico e o romanche, todas essas línguas e os dialetos que as constituem surgiram espontânea e separadamente, e que nada devem a um ancestral chamado latim.
Ao invés de devotar toda a sua atenção para a nobre vocação de ser um erudito e professor, você é obrigado a investir parte do seu tempo e energia para a retrógrada defesa do pressuposto de que os romanos realmente existiram: uma defesa contra a exibição de um preconceito ignóbil que poderia fazê-lo chorar caso você não estivesse tão ocupado lutando contra ele.
Se a minha analogia sobre o Professor de Latim lhe pareceu por demais irreal, aqui está um exemplo mais realista. Imagine-se um professor de história mais recente, e que as suas lições sobre a Europa do Século XX são boicotadas, impedidas ou interrompidas de outra forma por grupos bem organizados e bem financiados assim como grupos políticos musculosos de negadores do holocausto. Diferente dos meus improváveis negadores do Império Romano, os negadores do Holocausto realmente existem. Eles se expõem razoavelmente, são superficialmente preparados e adeptos do aprendizado aparente[2]. Eles recebem apoio do presidente de pelo menos um grande estado atual, e contam com o apoio de pelo menos um bispo da Igreja Católica. Imagine que, como professor de História da Europa, você é continuamente encarado com exigências beligerantes tais como a de “ensinar a controvérsia” e a dar “tempos iguais” para a “teoria alternativa” de que o Holocausto nunca aconteceu e que foi inventado por um bando de farsários sionistas.
Os adeptos da moda do relativismo intelectual seguem o rastro afirmando que não existe verdade absoluta: que acreditar que o Holocausto aconteceu ou não é uma questão de crença pessoal, que ambos os pontos de vista são igualmente válidos e, portanto, devem ser igualmente “respeitados”.
Este é apenas o início de mais um grande texto de Richard Dawkins, sobre o mesmo assunto de duas postagens atrás. É grande, mas vale muito a pena ler tudo.
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