Estava eu andando de ônibus dia desses, e o veículo foi parado por uma blitz. Entrou um policial pela porta da frente e outro pela de trás, olharam para todos os cantos e todas as pessoas. Tinha um emozinho sentado no banco em frente ao meu, com piercing no lábio e um rosto que não passava mais de dezesseis anos de vivência. O policial, preparado pelos estereótipos sociais, pediu para o guri levantar. Olhando nos seus olhos, perguntou se ele tinha carteira de identidade e, ao ouvir uma resposta positiva, a pediu. Pegou, olhou demoradamente para o cartão verde, virou, olhou de novo. Enquanto o policial examinava o documento, o menino estava com uma expressão claramente constrangida. Então, o agente da lei lhe devolveu a identidade e, sem dizer mais nada, saiu do ônibus juntamente com o seu parceiro que havia entrado pela porta da frente, liberando o ônibus para que continuasse o seu percurso.
Foram apenas alguns segundos sem diálogo, mas que disseram um monte.