7 de fev. de 2008

MD Recomenda: Milan Kundera

Aí está um escritor muito interessante. Autor de um best-seller que virou filme (A Insustentável Leveza do Ser) e de outros livros igualmente interessantes, Kundera estabeleceu grande fama através de duas fases, por assim dizer: uma, mais política, de intensa crítica ao comunismo como pano de fundo de seus romances (tcheco, ele testemunhou a invasão da União Soviética ao seu país em 1968 e teve que fugir de lá, onde teve suas obras censuradas) e outra mais filosófica, com temática e estilo inspirados em autores como Henry Fielding e Friedrich Nietzsche. 

Conheci seu trabalho através do seu best-seller e até agora nenhuma obra sua me decepcionou. Deixo com vocês um pequeno trecho do seu livro de contos, Risíveis Amores. Nesse conto em particular (Que os velhos mortos cedam lugar aos novos mortos), um homem reencontra um antigo affair de quinze anos antes. Os dois conversam um pouco sobre a única noite juntos que tiveram e ela percebe que ele lembra de cada detalhe com uma paixão comovente. Então, com 51 anos, ela o encara e reflete sobre algumas coisas sobre a natureza humana, a memória e a tentativa de fazer a vida ter valido a pena:

"Ah!, pensava ela, embora sendo o que sou agora, não vivi inutilmente se um pouco de minha juventude continua vivendo na memória desse homem; e ela pensou em seguida que ali estava uma nova confirmação de sua convicção: todo o valor do homem está ligado a essa faculdade de se superar, de existir além de si mesmo, de existir no outro para o outro." 

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