30 de jul. de 2008

Explicações

Tá, eu nunca mais prometo atualizar o blog. Ele será atualizado - e espero que com uma certa freqüência, mas sem promessas. Me sinto culpado em não conseguir atualizá-lo, juro. Porém, estou com pouco tempo útil para isso... Estou pensando em algum jeito de resolver isso, então aguardem!


Ah, e sobre os comentários do [REC], baixei o filme via Torrent. Nada mais justo, visto que ele não saiu no Brasil. Caso alguém tenha dificuldades em conseguir baixá-lo, deixe um comentário que eu vejo o que dá pra fazer. Esse filme merece ser visto...

11 de jul. de 2008

[REC]

Para ter uma idéia do que tu vai ler nos próximos parágrafos, veja esse vídeo:




Trata-se do trailer de [REC], que não mostra uma cena sequer do filme, apenas as reações das pessoas a sua pré-estréia na Espanha.


Se tu gosta de filme de terror/suspense, tem que ver esse filme. Se tu gosta de cinema, também. [REC] é a mais recente surpresa do cinema espanhol, que nos últimos anos vem se destacando principalmente nesse gênero, desde Guillermo del Toro e seu A Espinha do Diabo, passando por O Labirinto do Fauno e O Orfanato (de J. A. Bayona), além de outros. Definitivamente a Espanha desbancou o Japão como principal Cinema do gênero, apostando em qualidade técnica e inovações em temas que aparentemente já estavam batidos. Vamos ao caso específico de [REC] e seus méritos em relação a inovar o já batido.


Resumidamente, dá pra dizer que o filme é uma mistura de Dawn of the Dead (e todos os filmes de mortos-vivos que vieram na seqüência) com A Bruxa de Blair. Ou seja, um filme de zumbi com uma câmera na mão. Nada original, né? Aí que está um dos méritos do filme: a falta de originalidade é magistralmente driblada com um elenco de primeira, aliado a um roteiro inteligente e à competência da direção, que precisou ensaiar muito bem algumas cenas em que simplesmente tudo tem que dar certo em planos-seqüência de alguns minutos, no escuro e em corredores apertados. Ou, como diria Stephen King: “não importa a história, mas sim o narrador”.


[REC] mostra uma tentativa de reportagem de um programa de TV espanhol, que acompanha por uma noite o trabalho dos bombeiros. Um câmera e uma repórter vão passar a noite num quartel de bombeiros e mostrar um pouco da rotina de trabalho deles. O início do filme é propositalmente monótono, visto que mostra apenas cenas dos bombeiros ali, parados, dando entrevista, comendo, jogando basquete, e nada acontece. A repórter chega a dizer para Pablo, o cameraman, que deseja que aconteça alguma coisa para que a matéria se torne mais interessante. Pouco depois, um chamado leva uma equipe de bombeiros (sempre acompanhada pela de TV) a um prédio de seis apartamentos mais uma cobertura no qual os vizinhos não conseguem dormir graças aos gritos histéricos de uma moradora. Até aí, nada de mais, a não ser depois que essa moradora quase mata um policial e um bombeiro e que, ao tentarem sair do prédio com os feridos, todos dentro do prédio descobrem que este foi recém lacrado pela vigilância sanitária, que pede calma a todos e diz que aguardem ali dentro enquanto ela executa alguns procedimentos.


Obviamente, a partir daí temos grandes momentos de tensão, que vão aumentando gradativamente. Funciona mais ou menos assim: início do filme, monotonia; depois, um momento tenso, seguido de outro; depois, mais uma calmaria; por fim, tensão subindo gradativamente até chegar ao ponto de tu querer parar de assistir por não agüentar o suspense. Sério, fazia muitos anos que um filme não me assustava tanto - aliás, não sei se algum jamais me assustou a esse ponto. O diretor faz grande uso da perspectiva da câmera na mão: Pablo filma tudo que pode, tanto por curiosidade (mórbida) quanto por “amor” à profissão e também como uma tentativa de sobrevivência naquele terror. Sua câmera, após várias pancadas, começa às vezes a ter o som falhado, o que torna a ação extremamente incômoda em alguns momentos, tornando o suspense mais acentuado. Em outro momento, as luzes se apagam e o único recurso para enxergarmos é a luz da câmera de Pablo, tornando o clima ainda mais claustrofóbico. E quando a luz da câmera começa a falhar, então? A câmera de Pablo torna o filme muito mais próximo ao espectador, que se sente mais dentro do filme, o que obviamente aumenta - e muito - a tensão.


Outro fator que eleva a carga de tensão é saber, desde o início da apresentação aos “zumbis”, que esses lembram muito mais aqueles de Extermínio do que do já citado filme de George Romero: aqui eles correm, arrombam portas, enfim, agem com inteligência quase humana (com o perdão do trocadilho) para conseguir o que querem: atacar os não-infectados. Além de dar mais realismo, esse recurso é muito, mas muito mais assustador.


O roteiro é magistralmente construído para alternar momentos completamente sem ação com outros absolutamente angustiantes que os seguem imediatamente e sem transições graduais, fazendo com que o seu coração entre em uma montanha-russa dos infernos, e ainda nos entregar aos poucos o que está acontecendo. Isso sem contar nos momentos que o espectador acha que vai levar um daqueles sustos batidos e nada acontece, apenas para que um momento depois ele seja levado a pular da cadeira com o que aparece na tela. Os últimos dez minutos do filme, aliás, são absolutamente assustadores; se você for assistir [REC], prepare o seu coração (como diria Galvão Bueno), porque ele vai tentar saltar pra fora do seu corpo nesses minutos finais, que entram pros anais do Cinema assim como os vinte primeiros minutos de O Resgate do Soldado Ryan.


Infelizmente o filme, que saiu em novembro na Europa, não chegou aqui no Brasil – nem sei se vai chegar. Portanto, pode baixá-lo sem culpa.


Hollywood, preguiçosa que só ela, já está providenciando um remake de [REC]. Chama-se Quarantine e deve estrear por lá no fim do ano.


FICHA TECNICA


[REC] - Nota A


Direção e roteiro: Jaume Balageró e Paco Plaza. Com: Manuela Velasco.

Ode aos Ratos na Terra dos Mortos

São Paulo é uma cidade estranha, às vezes. Socialmente falando, é o reflexo da desigualdade existente no Brasil, país com uma das menores distribuições de renda do mundo. Favelas e periferia rivalizam com os condomínios mais luxuosos, fazendo da cidade um estranho mosaico social. Aqui se pode comprar de tudo, do mais barato ao mais caro; do R$ 1,99 a Daslu, tem de tudo em São Paulo. O exemplo mais recente disso tudo é esse condomínio que está sendo construído por aqui, de onde os seus moradores supostamente não precisarão sair quase nunca, se quiserem. Afinal, ele contará com parque, shopping (o mais luxuoso do Brasil, diga-se de passagem), enfim, toda a infra-estrutura necessária para manter o conforto de seus caros habitantes (trocadilho proposital). Ah, e tem a segurança, também: será de primeiro mundo (ou seria de terceiro mundo, visto que no primeiro não há tamanha necessidade de segurança privada?), tão segura que os seus moradores só saberão do que se trata depois de já estarem lá.


Enfim, esse condomínio me lembrou Terra dos Mortos, que é muito mais do que um apenas um filme de zumbis; trata-se de uma metáfora precisa do que acontece por aqui, no Brasil – e do que pode vir a acontecer. Ou, como diria Chico Buarque em “Ode aos Ratos”, Dos canos de esgoto pro topo do arranha-céu. 

10 de jul. de 2008

Músicas do Mês

Como essa sessão não apareceu mês passado (foi mal...), vou postar duas vezes em julho. Aí vai a primeira:


Kleiton e Kledir – Capaz – Eu nunca gostei de Deu Pra Ti, principalmente por causa do “tchu tchu” que tem na versão original. Isso foi o suficiente para eu nunca me aprofundar muito na obra dessa dupla gaúcha de muitos anos de estrada. Mas eis que assisto o DVD Kleiton e Kledir Ao Vivo e me vejo encantado pelas suas músicas, inclusive por Deu Pra Ti (que não tem “tchu tchu” nessa versão). Capaz é uma música com uma melodia muito boa (como todas as deles) e uma letra que, resumidamente, fala que, com todos os problemas mais prosaicos que temos, não dá muita vontade de pensar em outras coisas, digamos, “menos importantes”, como por exemplo se ETs existem ou se o mundo vai acabar. Tudo isso utilizando fartamente o “capaz”, o termo mais rico em significados da língua gaúcha. Para se ter uma idéia do quão difícil é explicá-lo para pessoas de outros estados, na tradução em inglês do DVD (sim, eu assisti tanto esse show que até prestei atenção nas legendas em outra língua) o “capaz” está como “maybe”, o que é absolutamente errado. Enfim, capaz de um dia eu escrever uma postagem só sobre o capaz. Capaz...

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Snoppy Dogg – Sensual Seduction – Eu confesso, gostei dessa música. O motivo é um só: o videoclipe, absolutamente fantástico, que faz uma homenagem aos clipes toscos meio blackspotation do fim dos anos 70 e início dos anos 80, com direito a teclado-de-mão (sei lá o nome desse negócio, só sei que o Polegar tinha um) e chroma-key mal feito pra dedéu. Simplesmente demais, já está pra mim no mesmo nível de paródia/homenagem do clipe embaixo desse, que é do Backstreet Boys(?) e se chama Just Want You To Know




7 de jul. de 2008

Mais uma lista...

Tá, prometo que essa vai ser a última lista de 100 melhores filmes de todos os tempos por algum tempo... Aliás, muito nada a ver, serve só como sugestão de filmes para ver.

3 de jul. de 2008

Poupar ou não poupar?

Ainda não foi desta vez. O Fluminense não conseguiu vencer a Libertadores e entrar no seleto clube dos times brasileiros que conquistaram a América. Não vou escrever aqui sobre a raça que o Flu teve, o baita jogador que é aquele ponta da LDU (que inclusive já foi vendido pra Europa) ou a ironia que é ser o autor dos três gols que salvam o teu time e o levam à prorrogação e aos pênaltis, mas também ser o cara que perdeu uma das cobranças e que é ao mesmo tempo um dos responsáveis pelo fracasso da noite. Vou, na verdade, utilizar o Fluminense como exemplo para refletir sobre uma ação cada vez mais cotidiana no futebol brasileiro: poupar jogadores em certas competições, visando a ganhar outra.


O Fluminense é um ótimo exemplo por dois motivos: primeiro, é o mais atual. Segundo, é o que melhor corrobora a minha tese. E qual é a minha tese mesmo? É de que poupar jogadores é arriscado e desnecessário. Vamos aos argumentos.


É claro que já houve épocas em que poupar jogadores era necessário. Basta lembrar do dia em que o Grêmio jogou TRÊS jogos no mesmo dia. Todavia, hoje em dia isso já não acontece mais; temos no máximo dois jogos por semana para cada time. A CBF chegou a tirar da Copa do Brasil os clubes que disputam a Libertadores para evitar maiores estresses. É perfeitamente possível jogar duas vezes por semana E ainda por cima ir bem. Vejam só: jogando assim, o time pega ritmo e entrosamento e dá ao treinador a oportunidade de testar na prática todas as possibilidades que ele quer. 


Quanto ao argumento de que não poupar o time é arriscado porque pode gerar lesões nos jogadores, ah, por favor... O futebol atual, de fato, é mais competitivo que antigamente, tem mais força física, blá, blá, blá. Porém, a preparação física e a medicina esportiva também tiveram avanços fantásticos, a ponto de deixar as coisas mais ou menos empatadas. Por mais que se diga que um jogador hoje em dia sofre mais do que antigamente, um dado prático que enterra esse argumento é a idade média com que os jogadores se aposentam: se, antes, aos trinta anos os atletas já estavam se aposentando, agora temos Romários, Edmundos, Marcelinhos Cariocas, Jardels, etc., todos provando que dá pra chegar aos quarenta jogando bola profissionalmente.


Todo mundo sabe que a nossa sociedade tem o que eu vou chamar de “síndrome do único vencedor”. Isso quer dizer que apenas o primeiro lugar entrará para os anais da História e será lembrado. Como diria Nelson Piquet, “o segundo lugar é o melhor último colocado”. Como diria Quincas Borba, “ao vencedor, as batatas”. No futebol, isso se reflete basicamente no final das temporadas. Quando termina o ano e os torcedores, dirigentes e jogadores fazem o balanço da temporada, fica muito chato se um time grande não venceu nada. Nessa hora, qualquer torneiozinho tá valendo, até aquele estadual que no início do ano ninguém dava muita bola. Por isso, ao priorizar um torneio grande em detrimento a outro, menor, o time corre o risco de não conquistar o maior e prejudicar o seu andamento no menor, não conquistando nada. Por outro lado, se a equipe se dedicar igualmente aos dois, tem mais chance de ganhar pelo menos o campeonato de menor expressão (esse é o caso, principalmente, dos estaduais), terminando o ano campeão de alguma coisa, pelo menos. O Fluminense, por exemplo, não ganhou porra nenhuma no ano e foi vice-campeão da Libertadores. Alguém acredita que no final do ano alguém vai comemorar esse vice-campeonato?


Por último, vejam a situação atual do Fluminense e reflitam se a decisão de poupar jogadores foi boa: o time das Laranjeiras não conseguiu vencer a Libertadores, título que almejava ao disputar o Campeonato Carioca e o Brasileiro com times ora mistos, ora reservas. Ainda por cima, não venceu o Carioca e está em último lugar no Brasileiro, com três pontos em oito jogos, pior campanha de um time no Brasileiro enquanto disputava a Libertadores, desde que começaram os pontos corridos. Agora a moral de todos por lá está baixa e provavelmente esse vice-campeonato ainda sirva para fazer com que os clubes europeus comprem alguns jogadores e desmontem o time no segundo semestre. E é nessa situação que o Fluminense tem de disputar o único torneio que lhe resta, correndo um risco ainda moderado (mas que em breve pode tornar-se grave) de cair para a 2ª divisão. Tudo isso por poupar jogadores para não ganhar nada.


Só pra constar, o Colorado já venceu duas competições em 2008...

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