28 de fev. de 2007

Um conto em três partes (parte 3)

Obs: Para ler todo ele de uma vez, sem precisar ficar pulando de post em post, clique em "Conto", no fim desse post. Isso ajuda.

Ele contemplou, do alto daquele prédio abandonado, as pessoas dezoito andares abaixo, apressadas, pequeninhas, miúdas. Ao mesmo tempo, no chão da beirada, onde colocava seus pés, algumas formigas passavam, apressadas, pequeninhas, miúdas. De repente, um sentimento estranho e novo o invadiu de uma maneira única na sua vida; começou a compreender que nós, os seres humanos, não somos nada. Temos a pior maldição que alguém poderia receber, um dom que por sua própria natureza é o seu próprio fim: somos seres racionais. Ao pensar racionalmente e conseguir expressar essa racionalidade, coisa que só nós fazemos, nos diferenciamos dos outros animais e achamos que somos superiores a eles. Porém, ao observarmos sob um ângulo diferente – e paradoxalmente racional –, os humanos nada mais são do que formiguinhas dentro de um mundo – um universo – infinitamente mais amplo do que sua vã razão consegue conceber. Vivemos sempre preocupados com alguma coisa: dinheiro, doença, falta de segurança, questões de trabalho, amor, futebol... E a maioria dessas preocupações se perderia na poeira se enxergássemos as coisas em uma escala diferente. Ou seja, tudo depende de como você observa as coisas. Ele percebeu que já sabia de tudo isso há muito tempo, mas que por um motivo ou outro nunca havia realmente se dado conta do que isso queria dizer.

Somos todos iguais, em relação a nós e em relação às formigas. Somos racionais e cometemos as maiores irracionalidades possíveis. Quanto a tudo isso, sabia apenas que ele não conseguiria mudar nada. Mais do que sofrer ou morrer, o que ele precisava fazer a partir de agora era viver. Era aproveitar a vida, os bons e pequenos momentos, aquelas coisas que ele sempre odiou ler em correntes que recebia por e-mail. E dessa forma, se influenciasse positivamente alguém, já seria lucro e faria essa “sobrevida” valer a pena. Lentamente desceu do prédio abandonado, enxugando as lágrimas de redenção que não paravam de sair. Caminhou tranqüilo e leve como uma pena. E sem pena de ninguém.

É claro que ele não conseguiu manter esse sentimento o tempo todo ao longo do resto da sua vida. Mas, mesmo nos piores momentos que ainda enfrentaria, nunca mais seria o mesmo de antes.

Grêmio 0 x 0 Cúcuta

Estádio Olímpico, Porto Alegre, Brasil

Uma partida depois de Inter x Nacional, que parecia que seria a mais bizarra da dupla Gre-Nal na Libertadores, somos apresentados a Grêmio x Cúcuta, que honrou os maiores clássicos da terceira divisão da China. Lances bizarros, jogadas bizonhas e o maior número de passes errados por minuto do ano fizeram deste jogo uma obra-prima digna de Ed Wood. Entre os melhores lances estão a furada-seguida-de-escorregão-e-queda de Carlos Eduardo e o chute-de-canela-que-passou-longe-pra-dedéu de Sandro, com direito a "uhhhhh!" da torcida.

Parece que o blecaute que atrasou o jogo em quase uma hora contagiou a equipe gremista. Eles bem que tentaram, mas após dez minutos de bom futebol acabaram se perdendo e chegaram a ser mais ameaçados do que a ameaçar, particularmente no segundo tempo. Que fique bem claro: o Cúcuta é muito ruim, e parece que foi justamente essa disparidade que prejudicou o Grêmio. Parece que todos os gremistas (jogadores e torcedores) achavam que o time iria esmagar os colombianos, e essa super-confiança, com o passar dos minutos, transformou-se em desespero. Tanto desespero levou a torcida, que no início deu um show de incentivo, a vaiar a equipe lá pelo meio do segundo tempo.

Os gremistas precisam ter consciência que Gauchão não é Libertadores e vice-versa - aliás, já deveriam saber. Porque o maior adversário do Grêmio é justamente o nervosismo que ele mesmo se impõe, graças à grande campanha do início do ano. Ainda bem que pelo menos desse mal o Inter não sofre.

(Para a visão gremista da partida, clique aqui)

26 de fev. de 2007

Um conto em três partes (parte 2)

Começou então a enumerar algumas coisas que passavam pela sua cabeça naquele momento. Recordou-se das esmolas que viu os bixos de universidades pedindo pelas esquinas no dia anterior, como pena do trote, disputando-as com meninos de rua. Lembrou de como os transeuntes e motoristas davam com prazer moedas e cédulas aos universitários, enquanto desprezavam os garotos pobres. Pensou em como esse dinheiro seria gasto pelos estudantes, e a possibilidade mais provável lhe pareceu ser uma festa regada a algum tipo de droga. Enquanto isso, as pessoas não davam seu querido dinheiro aos pedintes mais pobres pelo fato de acharem que eles provavelmente o gastariam com cachaça.

Ah, a cabeça humana... Como ela consegue processar o pensamento da maneira que mais lhe agrada. “As mulheres que o digam”, pensava ele, já entrando naquele prédio abandonado. Para ele, as mulheres, durante a “revolução feminista”, tentaram se distanciar filosoficamente dos homens, que para elas eram seres opressores, que castravam todo o seu lindo potencial feminino. Pois bem, as mulheres já são muito mais independentes do que há cinqüenta anos atrás, mas isso fez com que as ilusões em relação à igualdade fossem por água abaixo: atualmente, as mulheres são fracas ou fortes apenas de acordo com a conveniência do momento. Querem direitos iguais, mas deveres diferentes: aceitam trabalhar como gerente, mas não como pedreiro. Querem independência para escolher o parceiro, mas quem tem que dar o primeiro passo ainda é o homem, porque senão é um bundão. Na televisão, os programas estimulam desde cedo a competição entre homens e mulheres (“é ponto para as mulheres!!!”) e fazem a gente pensar que é normal casal brigar. Mas isso não é culpa das mulheres, é inerente ao ser humano. Fazendo um paralelo, para ele as revoluções socialistas do século passado são um ótimo exemplo disso.

Às vezes ele achava que refletia demais as coisas, que se importava demais. E daí que as mulheres não querem ser pedreiras? Existe a diferença física, ora bolas! E daí que as pessoas não ajudam os mendigos para ajudar ricos universitários? Essa ajuda não ia tirá-los das ruas mesmo! Mas não adiantava: ele se importava mesmo. E isso o incomodava. Ele sempre achava que aquele refrão dos Engenheiros era para ele: “eu sou um estrangeiro, um passageiro de algum trem, que não passa por aqui, que não passa de ilusão”. Ele realmente acreditava que tinha nascido no lugar ou na época errada. Admirava as conquistas da humanidade, mas não se orgulhava de ser humano. Achava que a natureza humana havia perdido a beleza em algum lugar remoto e que o caminho era sem volta. Era como se fosse uma peça de um quebra-cabeça que estava na caixa de outro: não se encaixava de jeito nenhum. Achava então que a única solução era se retirar, e era isso que estava a ponto de fazer agora, já no terraço do prédio.

Chegou de mansinho até a borda, de onde dava para ver toda a rua abaixo. O prédio tinha dezoito andares e tinha sido abandonado antes mesmo de ser ocupado, por conta de irregularidades na construção. Apesar de abandonado, não era ocupado por ninguém – pelo menos não durante o dia. Fincou os dois pés bem na beirada e olhou com decisão para baixo. O que viu então o surpreendeu e o maravilhou de um jeito que nunca havia ocorrido antes.

Oscar 2007 - Pequenos comentários

- Foi a primeira vez que assisti a cerimônia do Oscar até o fim. Claro que isso me rendeu só quatro horas de sono, mas valeu para perceber que, mesmo depois de 79 edições, a coisa ainda não mudou muito.

- E o prêmio de melhor filme foi para "Os Infiltrados", do Scorsese. Não é o melhor filme do cara, não é o melhor filme dentre os cinco indicados e ainda tinha uma pá de filme melhor que nem entrou na lista. Mas tudo bem, na época dourada dos remakes, nada como um deles ganhar o grande prêmio do cinema de Hollywood para institucionalizar esse paradigma.

- Colocar Francis Ford Coppola, George Lucas e Steven Spielberg para apresentar o prêmio de melhor direção foi a melhor coisa da cerimônia. Com a vitória de Scorsese pudemos ver lado a lado quatro dos mais inventivos diretores da geração 70's de Hollywood, três deles prestando uma homenagem ao quarto, que já tinha concorrido a cinco oscar e não havia ganho nenhum. E ainda o Scorsese pede para verificarem o envelope de novo, para ter certeza de que havia finalmente ganho...

- Ainda sobre a apresentação do prêmio de melhor diretor, o melhor roteiro da noite:
Coppola: É uma honra para nós três apresentarmos o prêmio de melhor direção, já que sabemos como é bom ganhá-lo.
Spielberg: É o prêmio mais importante que já ganhei.
Lucas: Hã, ei pessoal... Eu nunca ganhei um Oscar antes... Mas já fui indicado algumas vezes, e...
Coppola (interrompendo): Bem, vamos aos indicados.

- Dica para assistir o Oscar: ignore TODAS as piadas (feitas para americano rir) e TODOS os comentários em português, seja da apresentadora, do convidado mala ou da tradutora. Enfim, bote no mudo ou ligue o SAP.

- A maioria dos prêmios foi justa, baseado nos indicados, com poucas surpresas. E já faz um tempinho que não temos um filme "papa-Oscar", o que pode indicar o nivelamento dos indicados ou a perda de qualidade deles, ou as duas coisas.

- Outra dica: se tiver que fazer uma lista de filmes para assistir, comece com os indicados a Melhor Filme Estrangeiro - normalmente todos valem o ingresso. Depois, vá para os indicados a Melhor Filme e Melhor Diretor - começando pelos que NÃO ganharam, que normalmente são melhores. Aliás, se o vencedor do ano for Shakespeare Apaixonado, não veja o vencedor. Veja no cinema os indicados a Melhor Efeitos Visuais e a todas as categorias de som.

- E, principalmente, não acredite que os melhores do Oscar são realmente os melhores. O Oscar é uma premiação política. Às vezes eles acertam, às vezes erram. Os melhores filmes, você decide.

23 de fev. de 2007

A Lenta Flecha da Beleza

"A mais nobre espécie de beleza é aquela que não arrebata de vez, que não se vale de assaltos tempestuosos e embriagantes (uma beleza assim desperta facilmente o nojo), mas que lentamente se infiltra, que levamos conosco quase sem perceber e deparamos novamente num sonho, e que afinal, após ter longamente ocupado um lugar modesto em nosso coração, se apodera completamente de nós, enchendo-nos os olhos de lágrimas e o coração de ânsias".

(Nietzsche, Humano demasiado humano, aforismo 149, Cia. do Bolso, 2005- escancaradamente tirado do Adubo de Rosas)

Um conto em três partes (parte 1)

Caminhava pela rua em passos lentos, despreocupado. Passou por sobre um pedaço de espelho que jazia no chão e percebeu que não havia visto seu reflexo nele. Ao passar por um carro estacionado, olhou no reflexo do vidro para confirmar se tinha reflexo ou não. “Era só o que faltava eu não ter reflexo”, pensou enquanto se observava naquela janela de carro. Tinha uma missão a cumprir e não podia ser retardado por uma descoberta tão importante justo agora; para ele, o reflexo era como a alma. Era bom saber que ainda tinha uma.

Vinha pensando há algum tempo em fazer o que iria fazer; porém, nunca havia juntado a coragem suficiente. A idéia sempre estava lá, sorrateira. Agora ela havia tomado conta da sua mente de maneira definitiva. “Mas por que é assim?”, pensava enquanto continuava sua caminhada até aquele prédio que havia escolhido um dia antes. Durante o seu derradeiro passeio, aproveitava para lembrar algumas coisas que o motivaram a tomar uma atitude tão drástica em relação à própria vida.

Lembrou que nunca havia realmente sofrido na sua vida. Não mais do que uma pessoa comum, pelo menos. E bem menos, com certeza, do que a maioria das pessoas cujas vidas apareciam nas manchetes de jornais que ele lia diariamente. Isso o incomodava, esse sofrimento que ele quase compartilhava com completos estranhos. As injustiças que acompanhava todos os dias, ele sentia que se relacionava com elas de maneira diferente da maioria das pessoas. Ele as sentia. As raciocinava. E o resultado disso não fazia bem.

22 de fev. de 2007

Nacional 3 x 1 Internacional

Estádio Parque Central, Montevidéu, Uruguai
Gols: Hidalgo 37' 1T (Int); Vera 27' 2T, Delgado 30' 2T, Martinez 47' 2T (Nac)

E o Inter estreou na Libertadores... e com derrota. Todo mundo sabia que ia ser difícil, mas jogar mal ajudou um bocado o serviço do Nacional (que aliás também não jogou bem). Desde o início o time do Beira-Rio não conseguiu se impor, limitando-se a assistir o time adversário tentar jogar. Clemer, em mais uma noite terrível, ameaçava a toda hora a meta gaúcha com suas saídas atrapalhadas à la Dida. Mas ainda no primeiro tempo o Inter achou um gol com uma bola parada, quando Hidalgo acertou uma bomba no rebote.

O segundo tempo chegou, tão ruim quanto o primeiro, com a diferença de que antes do seu primeiro terço já havia um jogador a menos: Rodríguez foi expulso ao puxar Iarley e receber o segundo cartão amarelo. Parecia que tudo conspirava a favor do Inter. Mas aí entrou em campo o fator Clemer.

Tudo bem que o goleiro colorado fez uma bela defesa no primeiro tempo, mas ele NO MÍNIMO colaborou para os dois primeiros gols do Nacional, acontecidos em três minutos. Wellington Monteiro seria expulso e o time uruguaio ainda faria o terceiro gol (em condição irregular, mas isso não importa), deixando o Inter em último em um grupo em que o Nacional não é o adversário mais forte. É só lembrar que o colorado ainda tem pela frente o Emelec na altitude e o sempre argentino Vélez.

(Para a visão gremista da partida, clique aqui)

21 de fev. de 2007

Cerro Porteño 0 x 1 Grêmio

Jogo 1 / 14
Estádio La Olla, Assunción, Paraguai
Gol: Lucas, 7' 2T

Muitos mitos são construídos - e destruídos - no futebol. Um bom exemplo é a Celeste Uruguaia, campeã do mundo em 1930 e 1950 e medalha de ouro nas Olimpíadas de 1924 e 1928; o mundo do futebol a considerava a verdadeira praticante do "futebol-arte", termo hoje tão caro para a Seleção Canarinho. Atualmente o Uruguai fica no máximo com o título de "praticante de futebol-arte marcial".

Outro mito bem conhecido é o de que o Grêmio - assim como o Corinthians - conquista títulos e vence jogos na raça, em jogos dramáticos, contra tudo e contra todos, etc. Mito ou não, a verdade é que o que houve ontem no Paraguai foi algo digno para corroborar essa tese: o tricolor enfrentou uma guerra e saiu vitorioso. Bem verdade que em alguns momentos jogou mal, correndo riscos demais - principalmente no fim do jogo, quando o Cerro chegou a perder um pênalti com a uva do Ramírez. Em compensação, cansou de perder gols e soube manter o sangue frio, mesmo sob a chuva de garrafas d'água (?) e pedras que caiu em Assunção. Aplausos para Lucas, Saja e Carlos Eduardo e vaias para a torcida gremista - mais uma vez -, que protagonizou cenas lamentáveis arremessando e levando assentos (?).

Provando que além de um elenco equilibrado tem também a garra da superação, o Grêmio sai desta primeira rodada líder e líder deve ficar até o fim da 1ª fase, dado o futebol lamentável dos outros participantes da sua chave. Com ou sem mito, o Grêmio foi um titã ontem à noite. Pena que o jogo não acabou.

(Para a visão gremista da partida, clique aqui)

Voltando...

Depois de um feriadão de carnaval estamos voltando à programação normal. Normal não, com novidades: em primeiro lugar, fui convidado para escrever uma coluna em um blog amigo, o Cataclisma 14. A coluna vai tratar sobre futebol, mais especificamente a Libertadores. O negócio vai ser assim: após os jogos da dupla Gre-Nal nessa competição haverá duas avaliações abalizadas - uma gremista e uma colorada, a minha - sobre a partida em questão. Aceitei o convite por dois motivos: o primeiro é que tenho muita estima pelo blog dos caras - e pelos caras também, apesar de serem todos gremistas e de eu só conhecer um pessoalmente; o segundo é que escrever sobre futebol nunca é demais pra mim, ainda mais se o Inter conseguir o bi esse ano - as colunas seriam então dignas de guardar para os netos. Enfim, a primeira coluna já está no ar , e aqui ela será o próximo post.

Outra novidade é a volta dos contos ao blog, em doses pequenas - tá, minúsculas, mas pelo menos vai voltar. O primeiro será um conto sem nome em três partes, com estréia marcada para amanhã.

Aos poucos eu vou organizando essa merda, não se preocupem.

15 de fev. de 2007

Libertadores 2007

E começou ontem mais uma Libertadores. Mas, peraí. Essa não parece ser só mais uma Libertadores: parece ser A Libertadores. Isso porque nesse ano temos várias equipes boas (leia-se argentinas, brasileiras e mexicanas) numa proporção nunca antes vista. São três times mexicanos, cinco argentinos e seis brasileiros divididos com times de outros países que provavelmente serão meros coadjuvantes. Além disso, é a primeira vez na História que a dupla Gre-Nal está na mesma edição da competição. E é sobre a dupla gaúcha na competição que quero falar hoje.

O Grêmio é o único time do Brasil com 100% de aproveitamento no ano. Além disso, ainda não levou gol. Tudo bem que só disputou jogos pelo Gauchão - o que não o qualifica em nada -, mas a verdade é que o time da Azenha não só está fazendo sua obrigação naquele torneio como está muito além, e isso é o que importa. O time está voando, goleando seus jogos de maneira natural e o escambau, e isso é muito bom. Ainda por cima, o Grêmio me parece estar com sua melhor escalação em muitos anos - e uma das melhores do Brasil, sem dúvida -, com pelo menos um bom jogador em cada posição (Schiavi, Lucas, Tcheco e Tuta), além de competentes coadjuvantes. E mais, essa escalação está bem montada e fechada em si mesmo (basta ver o episódio Léo Lima como exemplo), graças à mão do excelente Mano Menezes, que tem um aproveitamento invejável à frente do tricolor. O problema me parece ser justamente o que o qualifica: a boa campanha no Gauchão pode acabar dando confiança demais para o Grêmio, que nunca entrou tão favorito para alguma coisa na sua história recente - me arrisco a dizer que nem quando iniciou a Série B. E é aí que o Mano Menezes vai ter que trabalhar mais a cabeça da gurizada e ainda fazer uma média com a torcida, porque todo mundo sabe que quanto maior a expectativa maior a frustração da massa.

Já o Inter, bem... O Inter é, por enquanto, uma incógnita. Digo isso porque o time titular conseguiu a façanha de não jogar NENHUMA vez ainda no ano, o que é grave para um time que deu a impressão até para o centro do país de ser organizado. O fato de estar indo mal no Gauchão não me parece ser problema em relação à Libertadores, apenas seria mais um peso em uma eventual crise caso o time da Beira-Rio venha a ter uma atuação ridícula nos três primeiros jogos - mas não a mola propulsora de uma crise. O maior problema me parece a falta de ritmo em jogos que pelo menos valham alguma coisa. Mas, principalmente pelo que fez no ano passado (foi vice em dois torneios e campeão nos outros dois que disputou - melhor campanha do mundo em 2006), dá para esperar que essa escolha vá dar certo. Além do mais, por mais jogadores que o time tenha perdido no fim do ano passado, o Tinga - que saiu no meio do ano - foi a peça que mais fez falta, e mesmo sem ele o Inter conseguiu se manter no Brasileirão e ganhar o Mundial. Além disso, conseguiu repor aqui e ali as peças que precisava, dentro dos limites atuais de um clube brasileiro - e gaúcho.

Enfim, como deu para ver, é de se esperar boa coisa para a dupla Gre-Nal esse ano. A Libertadores será o primeiro - e mais importante - teste do ano, e seria maravilhoso para todos - menos para a Brigada Militar - que houvesse um Gre-Nal em alguma fase do torneio, para servir para as gerações futuras como exemplo do que foi "a maior Libertadores de todos os tempos".

14 de fev. de 2007

C***lho!!!

Mais uma da série C***lho!!!. Percebam o detalhe da data da foto e cliquem nela para conferir a notícia pessoalmente.

13 de fev. de 2007

C***lho!!!

Vejam cenas desses dois filmes de luta e me respondam: qual é o mais c***lho!!!?

A primeira cena é do filme Lik Wong, de 1991, que nos EUA se chamou Story of Ricky. É um filme de luta gore, muito gore. Como exemplo, na última cena do filme foi usado tanto sangue que o ator principal levou três dias para tirá-lo do seu corpo! A cena de luta tem detalhes muito particulares - a seqüência do olho seguido dos pássaros é divina! Mas o melhor eles guardaram para o final do vídeo: um ultragolpe que usa o raio-x para que possamos acompanhar as extensões dos danos causados por ele! Além de gore, o filme é muito tosco - ou não estaria aqui, na seção C***lho!!!.



A segunda cena pertence ao filme Cui Hua Kuang Mo, ou Undefeatable, de 1994. Acompanhem o trecho e percebam como os atores podem ser ruins mesmo em uma cena de luta. E o que dizer das escolhas, no mínimo equivocadas, do diretor? "Ah, depois de começar a luta, você olha para seus braços e rasga sua camisa", ele deve ter falado, virando-se para o mocinho. "E você também - que genial!", falando com o bandido com o cabelo mais duvidoso da história do cinema.



E aí, qual é o seu escolhido?

12 de fev. de 2007

Repostando...

Estava conversando esses dias com uma amiga sobre pré-conceitos e preconceitos relacionados a obras que vendem muito e mais uma vez pude perceber como há discriminação em relação a esse tipo de produção, que quase sempre não é considerada "arte". "Arte", para essas pessoas preconceituosas, só é aquilo que é obscuro, conhecido e/ou entendido por poucos, enfim, cult. Me lembrei então de um post antigo do meu velho blog, que cai como uma luva para essa questão. Como já faz tempo que foi postado, acho que vale a pena ver de novo:

Os Mais Vendidos

Existem muitas pessoas que acham que, no meio da arte, o que vende muito não é bom; bom mesmo é aquilo que é conhecido por poucas pessoas, apenas por aquelas que sabem apreciar e entender determinados artistas - que passam a ser chamados de "cult". Isso é uma bobagem tão grande que é difícil entender como pessoas que se consideram "inteligentes" ou "cultas" continuam a fazer disso uma regra nas suas vidas. Aliás, esse post é em homenagem a um professor de literatura da UFRGS que pediu aos seus alunos para fazerem uma resenha de algum livro que leram, mas que não poderia ser "desses que vendem muito, tipo o 'Código Da Vinci'", e sim um "tipo 'O Nome da Rosa'". Veja bem amigo, além de você ser um idiota, está ajudando a proliferar esse tipo de idiotice intelectualóde e elitista. Porque é isso que esse tipo de pensamento representa: uma tentativa de parecer intelectual e um esforço em tentar diferenciar-se da cultura "popular", colocando-a em um nível menor do que o "cult". O conceito de cult, como qualquer outro conceito, é uma construção. O cult é tão construído, tão não-natural quanto o que é "sucesso" ou "popular". Eu nem vou entrar no mérito de que gosto é relativo, apesar de isso já bastar para encerrar o assunto. Porém, a questão é mais embaixo: todo mundo tem o direito de achar algo bom ou ruim, mas não deveria usar a quantidade de vendas como parâmetro. Prefiro mostrar alguns exemplos de como nem sempre as coisas são como aparentam ser.

Começando pela música, qual é a banda considerada pelos "entendidos" como a melhor de todos os tempos? Os Beatles, né? Porém, nos anos 60 eles eram a coisa mais pop que existia na face da Terra, a ponto de alguém escrever que eles foram os Backstreet Boys da década de 60, o que não é tão exagerado assim... Além disso, são a única banda/artista da história da música que tem seis discos de diamante (mais de 10 milhões de cópias vendidas)! O duplo "The Beatles" (de 1968, conhecido também como "Álbum Branco") já vendeu mais de 19 milhões de cópias; as compilações "The Beatles 1967-1970" e "The Beatles 1962-1966" (ambas de 1973), venderam respectivamente 16 e 15 milhões de discos; "Abbey Road", de 1969, já passou dos 12 milhões; "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967, já vendeu mais de 11 milhões; a coletânea "1", de 2000, alcançou a impressionante marca de 10 milhões de discos em 2004. "Ah, mas Beatles é banda pop!", alguém pode pensar. "Quero ver um exemplo do rock'n roll!" O Led Zeppelin tem cinco discos de diamante...

Na literatura a coisa não é muito diferente. "Dom Quixote", de Cervantes, foi eleito por cem escritores de 54 países numa pesquisa do conceituado Clube do Livro da Noruega a melhor obra de ficção de todos os tempos. Porém, ele continua na lista dos mais vendidos em dezenas de países, sendo o segundo livro mais editado até hoje, perdendo só para a Bíblia. Mas justamente o melhor exemplo é sugestão do pseudo-mestre em Literatura da UFRGS: "O Nome da Rosa". Quando o livro foi publicado, em 1980, tornou-se rapidamente um dos maiores fenômenos editoriais das últimas décadas. Demorou apenas um ano para alcançar a marca de dois milhões de exemplares vendidos, somando hoje mais de 20 milhões em vendas. Recentemente a Folha de São Paulo colocou o livro na coleção da Biblioteca Folha, fazendo com que as vendas da edição daquele dia aumentassem em mais de 30%. Poderia ainda citar os exemplos da Lya Luft e dos Veríssimos (Érico e Luis Fernando), mas não vou me alongar muito.

Talvez no cinema seja mais difícil de achar exemplos, mas eles não faltam: entre os diretores mais aclamados, vários "blockbusters": Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Roman Polanski, até o David Lynch (com a série Twin Peaks) já foram vistos por milhões de pessoas.

Chega de dar exemplos. O que eu quero dizer é que podemos gostar do que nós quisermos, podemos achar ruim o que der na telha, mas temos que evitar sermos pedantes e/ou preconceituosos. Não se pode rechaçar uma obra simplesmente pela vendagem que ela alcançou, sem ao menos tê-la visto, ouvido ou provado; há muito se esqueceu que muitas vezes a vendagem é tão somente conseqüência da qualidade do produto. A grande maioria das pessoas que criticam o Paulo Coelho nunca leram sequer uma linha dele; alguns até já leram "Ulisses", de Joyce, e fingem que entenderam e gostaram para manterem-se no grupinho fechado dos cult. Não deveria ser por aí. Todos deveriam ter a liberdade de citar as coisas que gostam sem serem tachados de ignorantes ou similares e não terem de citar as mesmas obras sempre, com o intuito de parecerem inteligentes.

9 de fev. de 2007

Versão 1.2

Inauguro uma nova cara para o blog, talvez mais condizente com o mesmo. O objetivo era deixá-lo mais limpo - ou como se diz em bom português, mais clean -, fazendo dele uma página em branco na qual eu fosse colocando as informações. Ou como se fosse uma moldura em que eu pudesse expor algo. Enfim, espero que gostem. De qualquer modo, aceito sugestões.

Malvados forever

André Dahmer, sempre genial...

8 de fev. de 2007

"C***lho...!!!"

Estréia hoje a mais nova série do Moldura Digital: C***lho!!!. Ela versará sobre aquelas coisas, digamos, diferentes da vida que quando a gente olha só pensa em dizer uma palavra: C***lho!!!

Iniciaremos hoje com uma pérola do kung-fu: Tian can di que (1979), ou The Crippled Masters, filme de Taiwan que conta uma história no mínimo curiosa: dois jovens guerreiros são acusados de traição e têm seus membros brutalmente arrancados - um deles perde os braços e o outro as pernas. Daí um velho mestre em artes marciais - sempre ele - os mostra como combinar suas forças para criar uma máquina assassina, disposta apenas a destruir o homem que os tornou... Mestres Aleijados - o nome do filme, aliás.

Bizarro é pouco: veja com seus próprios olhos, em uma espécie de trailer, os aleijados lutando em busca de vingança!!


7 de fev. de 2007

Rio Body Count

Excelente iniciativa do excelente André Dahmer, Rio Body Count é baseado em uma iniciativa parecida no Iraque: contar o número de vítimas da guerra civil. Sim, porque se você não sabe, o Rio passa por uma guerra civil há tempos, e há tempos ela vem sendo minimizada por inúmeros setores da sociedade por inúmeras razões - e o Pan 2007 é só a mais recente.

O próprio Dahmer explica um pouco a sua lógica:

Aqui no Rio, cada vez mais a imprensa e a opinião pública clama por leis mais rigorosas, por redução da maioridade penal, por pena de morte... estes sintomas da guerra mesmo.

Eu, particularmente, não me interesso por uma paz vigiada e frágil, mantida por um Estado truculento. Esta paz feita por câmeras de segurança, armas e carros de guerra. Na verdade, precisamos mudar o foco da discussão e dos investimentos. Precisamos sim de uma intervenção federal. Mas não uma intervenção armada, como esta que está em vigor e como outras que foram propostas por anos. Precisamos sim é de uma intervenção social séria, uma força-tarefa de médicos, engenheiros, professores...gente capaz de redesenhar os bolsões de miséria do Rio de Janeiro, ao custo que for.


O objetivo do site está sendo cumprido: fomentar discussão e pressionar autoridades. Peço ainda aos cariocas que não se iludam: a cocaína e o tráfico de armas são apenas sintomas de uma doença. Se simplesmente sufocarmos a entrada de drogas na fronteira, teremos como resultado o aumento de roubo de carros, assaltos e sequestros, entre outros.

A indiferença e o descompromisso com os pobres é o embrião do inferno das mortes precoces e violentas de milhares de garotos que tinham muito a dar ao país. A discussão deve girar agora em torno do direito ao conhecimento, ao trabalho, aos serviços públicos básicos. Não podemos mais tolerar soluções simplistas e ineficientes, pautadas sempre na questão policial.

6 de fev. de 2007

Ah, a televisão brasileira...

O que seria da gente sem a televisão, não é mesmo? A melhor babá do mundo, a substituta dos pais, da religião, dos professores... Graças ao alto nível cultural que detém atualmente, a televisão brasileira está entre as melhores do mundo (talvez perca apenas para a japonesa... tá bom, empate técnico, e não se fala mais nisso!). Mas nada, eu disse NADA, é melhor do que um bom arranca-rabo ao vivo ou uma câmera ligada quando deveria estar desligada, não é mesmo? Abaixo alguns exemplos de como algo ruim pode ficar pior (ou algo bom ficar melhor, sei lá). E o melhor: sem intervalos comerciais!

1) Ceni x Lacombe: Milly Lacombe (quem?), comentarista do canal por assinatura Sportv, dá uma aula de ética jornalística ao dizer que Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, teria forjado um contrato com um time da Inglaterra para forçar o São Paulo a renovar com ele por um valor maior. O programa era ao vivo e Ceni estava assistindo. Eis que o goleiro telefona para o programa e, no ar e com uma classe invejável, faz a pseudo-comentarista gagejar e tremer de medo de um futuro processo por calúnia e difamação. O melhor é vê-la negando o que havia dito há minutos. Ah, e ela já vinha perseguindo o goleiro há tempo, chamando-o de "medíocre" pra baixo.

2) Galvão x Pelé: O super chato do Galvão não agüentava mais a verborragia do Rei Pelé, que não parava de falar ao fazer seus comentários durante a Copa do Mundo de 94. Depois de uma pequena chamada, o sr. Bueno espera o rei do futebol dar uma volta e começa a falar do cara, assim, pelas costas!

3) Marcelinho Carioca x Luxemburgo: Essa é recente, aconteceu essa semana. Que o Marcelinho e o Luxa não se dão há tempo todo mundo sabe, mas o que ninguém sabia é que não dava para deixar os dois na mesma sala! "Moleque, você é um moleque! Safado!" Ha, ha, ha!





5 de fev. de 2007

Músicas do mês

Taí as duas músicas mais ouvidas no mês de janeiro por este que vos escreve:

Cardigans - For What It's Worth - Quem conhece o Cardigans só pelo hit Love Me, Love Me não sabe o que está perdendo. Banda muito boa, destaque para a voz serena da Nina Persson. Não escutava Cardigans desde o Gran Turismo (1998), mas vi o clipe dessa música numa bela manhã na MTV (quando ainda passavam clipes). Daí a conseguir o álbum e escutá-lo sem parar foi um pulo.

Pearl Jam - Can't Keep - Pearl Jam dispensa apresentação. Se você ainda não conhece, trate de conhecer ou se mude de planeta. Essa é a primeira música do oitavo disco dos caras, e tem uma linha vocal melodiosa que te faz cantarolá-la onde quer que esteja.

O homo ocidentus

A coisa é mais ou menos assim, toscamente: no início do século passado estávamos em plena Belle Époque. As mais novas invenções do homem faziam com que houvesse pelo mundo um clima de otimismo com o que viria. Esse otimismo era ajudado pelo evolucionismo, pensamento muito em voga na época e que dizia que a História da humanidade era uma evolução contínua, da barbárie até a civilização. É dessa época a art nouveau, o Impressionismo, o cinema, a física contemporânea, o avião... O ser humano ocidental (homo ocidentus) se olhava com orgulho.

Pois veio a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e tudo caiu por terra. O homem, como que acordando de um sonho bom, viu do que era capaz: até então, foi a maior guerra da história da humanidade, com o número de mortos atingindo a cifra dos milhões e cagando em cima de todas as conquistas e esperanças da Belle Époque: por exemplo, é aí que os aviões começam a ser usados para a guerra, o que viria a ser um dos motivos para o suicídio de Santos Dumont. Para piorar, veio a quebra da bolsa de Nova York em 1929 e as suas conseqüências: fome, desemprego, violência, xenofobia, etc.

O homo ocidentus mal podia acreditar ter sido o responsável por aquilo, então se agarrou a esperanças até então impensáveis. O pensamento liberal, alicerce da Belle Époque, entra em crise no mundo, ao mesmo tempo em que outras formas de pensamento tomam corpo a ponto de rivalizar com os liberais: é o caso principalmente dos fascismos europeus e do socialismo soviético. Agora temos três soluções infalíveis para o ser humano. O problema é que elas não podem conviver juntas. Vem então a Segunda Guerra Mundial e a quebra de todos os recordes negativos possíveis: número de países envolvidos, número de mortos, número de filmes podres sobre o tema... E mais uma vez o homem faz uso de suas invenções maravilhosas para esmagar seu semelhante: a bomba atômica é só um exemplo disso.

Passada a guerra, o mundo ocidental começa a pensar que só existem dois tipos de pessoas no mundo: os ocidentais, bem penteados e de barba feita, e os comunistas, aqueles que comem criancinhas. Não interessava mais se o sujeito encochava a vó no tanque da área ou se era um serial killer. Se não era comunista, era bom. Esse reducionismo gerou uma série de infortúnios ao redor do mundo (Coréia, Vietnã, o nosso próprio Brasil com os nossos magníficos militares...). A vantagem dessa dicotomia foi que a gente ainda tinha no que acreditar – no caso, no capitalismo.

Daí veio o ano de 1968 e muita coisa mudou – ao menos na superfície. Maio de 1968 quase representou uma revolução nunca vista antes, até o Partido Comunista Francês mandar todo mundo voltar ao trabalho. O que sobrou disso foi uma espécie de revolução nas idéias, e daí sobreveio o movimento que ficou conhecido como hippie. Além de fumar maconha, ficar pelado e fazer música boa, os caras acreditavam que só paz e amor eram mais do que suficientes para que o homem pudesse conviver em sociedade. De certa forma eles ajudaram para o fim da guerra do Vietnã e para o surgimento de toda uma contra-cultura que estimulou uma dialética interessante com o poder estabelecido. Uma pena que quase todos os hippies daquela época sejam hoje os maiores caretas do mundo – bem, talvez isso queira dizer alguma coisa.

O fim do socialismo na URSS e a queda do muro de Berlim significaram várias coisas para o mundo. Uma delas foi que o capitalismo não precisava mais fingir. Sem adversário, estava livre para ser, de agora em diante, o que sempre quis: selvagem. Sem outra opção sólida, palpável, como foi o socialismo que estava logo ali, o homem ocidental se rendeu de vez àquela máxima capitalista de que quem não tem dinheiro é vagabundo que não aproveita as oportunidades e que quem é rico e bem-sucedido merece cada centavo que tem por ter se dedicado.

Temos então uma nova fase de otimismo no mundo ocidental. Nós vencemos e vendemos. O McDonald’s e a Coca-Cola estão em todo o lugar. Vivemos uma era de prosperidade nunca antes vista. E vale tudo para mantê-la e mais ainda para ampliá-la. Ao mesmo tempo, o planeta Terra parece gritar por socorro: essa prosperidade traz uma poluição e um consumo de energia nunca vistos na história, o que faz com que o planeta comece a sentir seus efeitos. Começam as primeiras matérias sobre o CFC e o efeito estuda. Ah, mas parar de produzir é dar um passo para trás, e isso é impensável no momento. Aqueles milhares de demitidos naquela fábrica, as milhões de toneladas de lixo produzidas por dia, tudo é número. Eu e você somos um número – no caso, dois números. O mundo parece ter um objetivo maior do que coisas pequenas como o meio ambiente, por exemplo.

Vem os anos 2000 e até os países que cagavam para o meio ambiente – os EUA, que não assinaram o Tratado de Kioto nos anos 90, são o melhor exemplo – começam a se preocupar. Manchetes diárias ao redor do mundo nos informam o caos que virou o clima mundial. Enchentes, secas, nevascas, temperaturas elevadíssimas, tudo assusta. E o pior é que parece ser tarde demais para voltar atrás. E agora? O que será do homem ocidental? Continuamos tocando pra frente o progresso a todo o custo e deixamos para nossos filhos ou nossos netos resolverem o problema da poluição – se é que a gente chega até lá – ou paramos, botamos a mão na cabeça, admitimos que está tudo errado e começamos de novo? Bem, com base em tudo o que acabei de escrever, confesso que fiquei preocupado...

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